Capítulo 4

16.1K 1.2K 146
                                    


O olhar do senhor Beckham estava fixado em mim, ele possuía uma carranca absurdamente impenetrável e sem nenhuma expressão. Ele estava planejando me degolar? Eu deveria sair daqui agora, ou sei lá, pedir por socorro? Eu ligo agora ou depois para companhia funerária?

— Sabe Cooglen, estou até agora tentando entender por que você saiu com meus filhos sem minha permissão.

Ele calmamente deu a volta na mesa e colocou uma pasta sobre ela.

— Senhor, nós fomos na qua...

Ele cruzou os braços e me interrompeu abruptamente.

—Estava Claro Júlia, não sei se no seu mundinho você cumpre regras, mas na minha casa, com meus filhos, minhas regras não podem ser quebradas de maneira nenhuma!

— Me desculpe, eu...

—Não quero desculpas, você disse que estava disposta a cumprir todas as regras! Caso contrário você sabe o que iria acontecer!

—Sim, eu...

— Quem você acha que é para levar meus filhos a algum lugar?

— Caramba! Eu posso explicar, por favor? _Levantei a voz. Certo, acabo de jogar a última pá de cal em cima do meu recém tumulo. Por que eu não consigo calar essa matraca e só receber a bronca?

Se antes havia alguma esperança de não ser demitida, ela acaba de morrer. Estou na rua, largada as traças. Tenho certeza. Analisou-me das pontas dos pés até a altura do meu rosto, cruzou os braços. Sim, ele tem um jeito absurdamente intimidador.

— Espero que tenha uma maravilhosa explicação para me fazer mudar de ideia. Na verdade, eu não quero ouvir nada! Para começo de história você não é nem babá, pesquisei sobre você Júlia. O que te fez entrar nessa?

Quase no final do mês, perto do meu pagamento, esse homem resolve fazer uma pesquisa sobre mim? Será se lançou minha fixa na Interpol também? Ora, quem eu quero enganar? Eu não sou babá mesmo não e aproveitando que eu não sou babá, vou liberar o que está entalado dentro de mim. Ele deixou subtendido que meu emprego já era e eu vou jogar a última pá de areia.

— Se você deixar pelo menos eu falar, você vai saber! Não dá para você saber se não para um segundo para me escutar.

Ok, de onde veio essa onda de coragem e porque ela não permaneceu? Julia é o ogro Beckham. Essa ousadia toda vai acabar com você pendurada pelos cabelos na parte de trás do muro da mansão. Certo, isso foi muito específico. Está tudo bem comigo? Ele me encarou.

— Responda o porquê de ter agredido um cliente que estava apenas tomando um café na antiga lanchonete em que trabalhava. Demissão por justa causa?

O nome para assédio agora é café? Espera aí, só ouviu uma parte da história e já quer tirar conclusão precipitada.

— Vamos discutir sobre a minha vida pessoal ou sobre eu ter levado as crianças ao parque? Porque se for colocar a minha vida pessoal em jogo, deveria saber da história verídica. O que eu acho que você não faz a menor ideia.

Revidei.

— Ainda não acredito que você conseguiu ficar aqui três semanas e meia. Inacreditável!_ ele se sentou na sua enorme cadeira. Ele acha que aquilo lá é um trono e que ele é o rei? Porque não é possível.

Respirei fundo, eu só precisava ter a certeza para deixar escapar tudo.

—Realmente. Eu já estou demitida, certo?

— Consequentemente! _Se virou guardando a pasta a qual ele tinha colocado em cima da mesa.

— Certo! Você merece ouvir umas boas verdades que aparentemente ninguém nunca teve coragem de te falar, seu hipócrita inescrupuloso!

A BabáOnde as histórias ganham vida. Descobre agora