Capítulo 13 - Isabella

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Minha mãe estava na sala assistindo Piratas do Caribe. Ela parecia não saber mesmo de tudo aquilo. Fui dormir. Tinha aula no dia seguinte. Acordei no meio da noite. Fui até a cozinha. Estava com fome. Peguei uma maçã na geladeira. Um arrepio correu pelo meu corpo. Quando me virei o vi de novo. Oswaldo.

-O que está fazendo aqui?
-Preciso falar com você menina.
-De novo?
-Sua amiga corre perigo.
-Amiga?
-A que compartilha tua maldição.
-Alexia... -falei refletindo.
-Precisas de ajuda.
-De você?
-Não. De outra pessoa.
-E quem vai me ajudar? Chapolin Colorado! -falei anunciando o nome, como no próprio seriado.
-Quem?
-Ninguém. Esqueci que você não é desse século. -Fitei-o olhando pros lados meio confuso. -Mas fala logo quem vai me ajudar.
-Você o conhece.
-Fala logo, por favor. To com sono. -não que importasse dormir naquela hora, mas ele estava enrolando muito.
-Flavão.
-Mas ele é -ele me interrompeu-
-Seu professor de matemática? Nem tudo o que parece é menina! Nem tudo o que parece é!

Ele sumiu no meio do nada. Voltei pra minha cama. Fechei meus olhos. Acordei com o despertador tocando. Um sonho. De novo. Outro sonho.

Vi minha mãe me observar pela brecha da porta. Quando ela percebeu que eu a tinha visto, entrou.

-Oi mãe. -eu estava com cara e voz de sono.
-Tudo bem? -ela disse se aproximando. Levou sua boca a minha testa e me deu um beijo. -Sorri.
-Bom dia!
-Vem tomar seu café.
-To indo mãe. -vi-a sorrindo.

Levantei. Arrumei minha cama. Coloquei os livros do dia na mochila. Fui até a cozinha. Minha mãe estava arrumando a mesa. Antes que ela pudesse se livrar da bagunça fitei uma maçã mordida. Era a minha maçã da noite anterior. Eu a tinha mordido. Não podia estar sonhando ainda. Aquilo não tinha sido um sonho. Era real. Oswaldo era mesmo real. Flavão tinha algo haver com aquilo e eu tinha que descobrir.
Voltei pro meu quarto. Peguei meu uniforme. Tomei um banho e coloquei-o. Minha mãe percebeu minha pressa, mas preferiu não comentar. Sarah e Alexia estavam juntas. Pude perceber que Caroline as olhava de um jeito torto. Eu não sabia o que estava acontecendo. Elas estavam rindo vendo algo no celular. Alexia parecia mais feliz do que nunca. Subi direto para sala. Peguei meu celular e fiquei ouvindo músicas. Quando percebi o professor já estava entrando na sala. As duas garotas sentaram distantes de mim, Carol e Nicole. Eu ansiava pelo último tempo, matemática. Depois de o dia passar devagar, finalmente chegou. Flavão entrou pela porta.

-Oi turminha.
-Bom dia! -a turma falou em uníssono

Parei de me concentrar. Não tinha como focar na matéria. Eu precisava saber o que ele tinha haver com tudo aquilo. Era só um professor de matemática comum, mas eu também era apenas uma aluna comum e podia me transformar em um ser digno de cinema. O tempo dele acabou sem que eu ao menos percebesse. O inspetor chegou à sala entregando as carteirinhas.

-Professor, posso entregar? -ouvi uma voz masculina, não reconheci.
-Ai você destrói meu sonho.
-Oi? -ouvi dessa vez a voz de uma garota.
-É que quando eu era pequeno eu tinha o sonho de distribuir carteirinha, fui pra faculdade, fiquei lá por quatro anos só pra poder entrega-las e agora você vai roubar meu lugar? -ele fez uma cara triste forçada que fez todos na sala rirem.
-Ta, pode entregar. -disse a mesma voz masculina. Pude ver de quem era. Pedro. Um menino que sentava lá atrás. Tinha cabelo crespo. Pele morena.
-Brigado miguim. -o professor falou sorrindo

Flavão entregou as cadernetas e depois liberou os alunos. Eu não conseguia acreditar que logo ele tinha alguma coisa haver com aquilo. Era a última pessoa que eu desconfiaria, no entanto, precisava de sua ajuda. Todos os alunos saíram da sala.

-Você não vem Isa? -ouvi a voz da Nicole.
-Vou, vou. Perai que vou tirar uma dúvida com o professor.
-Ta. Te espero lá embaixo.
-Ok.

Destinadas (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora