Prólogo

7.3K 359 42
                                    






Prólogo

19 de agosto de 2017


— Gael! — seu grito era estridente — está doendo muito, está rasgando, queimando... — sua cara de dor estava me fazendo entrar em desespero.

— Amor lembre-se das aulas, respirar inspirar, inspirar respirar... — Sou cortado pelos seus gritos.

— Quero vê você lembrar de alguma coisa com essa dor filha da puta! — ela se calou quando um novo tremor tomou conta do corpo dela — tá doendo tanto. — choramingou apoiando a mãe em sua barriga — estou com medo Gael, muito medo.

— Ei, estou aqui, vou proteger você e o Bernardo. — abro um sorriso por que até agora brigamos pelo nome, e assim que ela escuta o nome que eu sugeri ela abre um sorriso em meio à careta de dor.

— Meu filho não vai se chama Bernardo, nunca. — ela ainda ri, mais seu sorriso se transforma em um grito agudo — Cadê essa medica? Vou estrangula-la quando chegar! Faz alguma coisa Gael! — ela voltou a gritar enquanto as lagrimas escorria pela sua face.

Giovana tem gravidez de risco, após uma queda que teve no inicio da sua gestação tudo se complico. Não presenciei a queda e me culpo por isso. Depois de quase perder nosso filho foi aconselhado não fazer nenhum esforço ou andar muito, mas Gio é uma pessoa agitada e ficar se limitando a estressava, até que um dia teve um sangramento e a coisa ficou mesmo seria, a medica disse ou ela seguia as recomendações ou ia perde nosso preciso bebê.

Ela passou a seguir tudo que a medica mandava, no seu sétimo mês de gestação descobrimos mais complicações, e que todo cuidado era pouco, o parto dela não podia ser normal e como era um quadro delicado a medica iria marcar a Cesário quando Giovana chegasse às trinta semanas gestacionais, mas qualquer coisa antes disso ela estaria pronta para um parto de emergência.

Justamente hoje, em plena madrugada chuvosa meu filho decidiu nascer antes da hora. Foi um milagre eu conseguir chegar ao hospital sem causar algum acidente. Na verdade não sei dizer exatamente como consegui chegar aqui.

Dou um soco no balcão da recepção da maternidade.

— Minha mulher está com dor! Qual a parte que a gravidez dela é de risco vocês ainda não entenderam? — grito.

— Senhor a sala de cirurgia esta sendo preparada, sua mulher já esta preparada, estamos aguardando só a sua medica chegar devido ao mal tempo...

— Ela esta com dor! — interrompo seu discurso corriqueiro — Não tem outro medico que possa fazer o parto dela? — sinto meu peito angustiado, quero ser forte para a minha mulher, mas estou completamente desesperado.

— Sinto muito! — ela anuncia solidaria.

Volto pro quarto onde tem uma placa indicando "PRÉ-PARTO". Me surpreendo vendo Giovana conversa com sua barriga, sua expressão é de dor de seus olhos escorrem lagrimas em abundancia, mas seu sorriso nos lábios é lindo, o sorriso de uma mãe orgulhosa.

— Nós estamos indo bem Yego. — abro um sorriso, Giovana cismou em colocar esse nome ridículo no nosso menino — você vai ser tão lindo, igual seu pai aquele galanteador bandido.

— Eu sou a lei querida. — a interrompo abrindo um sorriso.

— Yego papai tava escutando atrás da porta. — ela solta um grunhido apertando suas mãos na barriga enorme. — EU TO COM MEDO! — ela grita me assustando — PORRA EU TO COM MUITO MEDO DE NÃO CONSEGUIR SOBREVIVER PARA VÊ MEU MENINO. É TUDO CULPA MINHA, TUDO CULPA MINHA... — sua voz some.

Não compreendo suas palavras. Sua gravidez é de risco, mas nada que coloque sua vida em xeque, nada que possa ser culpa dela.

— Cale-se! — gritei. Não podia suportar vê-la assim, ela vira sua cabeça na minha direção — Se vai fica falando merda, cale a droga da boca Giovana! — chego mais perto — você não tem permissão de desistir, de me deixar! — seus olhos estavam arregalados — está me entendendo? — Ela fez um aceno de confirmação com a cabeça. — Quero que me responda! — falo ainda aos gritos com a voz firme.

— Si-siim. — ela gagueja

— Bom, por que se me desobedecer vou até o inferno pra esquenta essa bunda grande de tanto tapa.

— Isso soa bom. — ela cora.

— Não, não é nada bom, por que eu não vou ser nada gentil e muito menos sexy, eu vou ser ruim e cruel Giovana não brinque comigo.

— Faz um tempo que não tenho você de uma forma gentil e sexy, te ter de um jeito ruim e cruel soando bo-oo — ela grita de dor. — Deus, como isso arde.

Neste momento uma enfermeira entra apressada.

— Querida está na hora, vamos lá trazer esse bebê para o mundo — dito isso seus olhos se arregalam, e o medo é visível neles.

Aproximo-me e seguro sua mão.

— Vai ficar tudo bem meu amor, estou aqui com você! — a conforto.

Sua expressão diz que ela sabe o desfecho de tudo isso, mas do que qualquer um, e que ela tem medo dele.

— Você vai comigo não é? — ela pergunta desesperada.

Levanto meus olhos para a enfermeira.

— Infelizmente não vai ser possível, o parto é de risco precisamos de toda a concentração. — ela esclarece.

Olho para Giovana que agora chora.

— Ei, eu vou estar na porta com o ouvido atento para escutar o choro do nosso Yego, eu vou estar alguns passos de distancia somente, mas minha alma, minha mente e meu coração vão estar com você. — ela suspira — você consegue, eu sei que consegue, vai lá e traga nosso Yego para mim meu amor.

Ela abre um sorriso.

— Você acabou de dizer que nosso filho se chamara Yego. — ela sorria em meio as lagrimas — diz que você concorda! — ela exige.

— Yego é perfeito, eu concordo com esse nome que causara trauma em nossa criança. — ela começa a ri.

— Não vai, por que Yego é perfeito.

— Sim é. — concordo.

— Eu te amo Gael, obrigado por me dá isso — ela apoia a mão na barriga — cuide do nosso pequeno menino perfeito, por que ele será a minha vida.

— Não diz isso como se não fosse estar mais aqui não pronuncie uma despedida, não sai daqui com essas palavras imaginando o pior, diga o quanto me ama quando voltar.

— Temos que ir. — a enfermeira puxa sua maca, outra enfermeira entra e a ajuda.

— Gael? — ela me chama já no corredor.

— Sim? — respondo para que ela saiba que seguirei até onde me é permitido.

— Yego é perfeito para nós! — ela diz e sinto um sorriso em suas palavras.

— Sim, é perfeito como Giovana é perfeita para mim. — e sou bloqueado quando chegamos as porta dupla da ala de cirurgia.

O silencio se estala e meu coração vai batendo tão forte que parece que vai se romper do meu peito a qualquer momento. Escuto passos apressados e vejo a Dra. Jhenie vim às presas com sua roupa cirúrgica colocando luvas.

— Doutora? — chamo sua atenção — Por tudo que é mais sagrado me deixa entrar? — imploro a ela.

Jhenie me olha por momento em duvida, então grita;

— Raquel? — uma enfermeira aparece "sim" é sua resposta ao chamado — arrume o senhor Gael e depois o leve a sala de parto/cirúrgico dois. — Ela me analisa e diz — minha atenção tem que ser para os dois somente, não me decepcione atrapalhando tudo.

— Não vou.

GAEL - SUPERANDO ATRAVÉS DA DOROnde as histórias ganham vida. Descobre agora