Capitulo 2 Bárbara

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Começamos a ficar inseparáveis. Onde eu ia chamava Nanda pra ir junto comigo. Ela entrou pra minha escola e turma e passamos a ficar mais tempo grudadas.

Fomos crescendo juntas. Nanda não precisava de nada pra ser bonita, não precisava de nada pra fazer todos os garotos da escola serem apaixonados por ela. Bastava ser ela mesma e pronto.

Os cabelos dela são daquele tipo perfeito, castanho claro com cachos dourados nas pontas. Branquinha, olhos verde escuros e algumas sardas ao redor do nariz. Com 15 anos começou a usar óculos. Escolheu uma armação grande e dourada que lhe caiu como uma luva. Amarelo era a sua cor. Saias, vestidos, blusinhas e principalmente seus sapatos eram amarelos.

Somos muito adversas fisicamente. Pra eu conseguir ser notada precisava normalmente gritar, bater ou sapatear fiasquentamente. Meus cabelos pretos, muito pretos são cortados por mim mesma desde os 13. Eu picoteava sem dó. Uso normalmente na altura do ombro com cortes cheios de pontas. Minhas roupas são sempre pretas. All Star é meu luxo, eu tenho um de cada cor, inclusive meu xodó é um que tem o cano ate o joelho. Eu não era e nem sou roqueira, mas o preto me define.

Eu curto Legião Urbana e Nenhum de Nós, a poesia desses caras me embalava tanto quanto meu balanço. Ser chamada de emo era bastante comum, de inicio eu ficava muito irada, depois comecei a não me importar. Eu não uso maquiagem. Nanda tentou me convencer a por um rimel e lápis, porem não curti. Se eu já era chamada de emo sem make, logo seria uma gótica com make. Não queria rótulos.

Nanda era Nanda, só isso. Pra que mais? Desde que vamos a escola juntas, sempre que colocamos os pés lá, varias cabeças se viram pra nós duas. Não pra me verem, mas pra verem a Nanda. Os garotos só faltam fazer fila pra lhe cumprimentar. As garotas querem que ela entre para seus grupinhos. E eu me mato de ciúmes dela. E ela sabendo do meu ciúme faz de tudo pra não me magoar. Ela ignora todos. Ela é a melhor do mundo e eu fico ainda mais ciumenta por isso.

Sabemos tudo uma da outra. Ela deu seu primeiro beijo aos 14 e me contou dois dias depois. Pra que né? fiquei translucida de raiva. Desde então ela me conta tudo no mesmo segundo que acontece.

Meu primeiro beijo foi com 15 e eu morri de vergonha. O garoto não gostava de mim e eu tambem não gostava dele, mas combinamos de perder nosso BV juntos e pagar mico juntos nessa experiência sem contar a ninguém. Só que o idiota espalhou pra escola toda que tinha me beijado e ganhou fama de garanhao. A Nanda me consolou me abraçando e dizendo que logo todo mundo esqueceria. E ela estava certa.


Pirados [Degustação]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora