Capítulo 3

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Ramona e Christopher seguiram no carro do detetive para o endereço entregue pelo chefe de departamento, e enquanto ele dirigia, discutia com a parceira sobre o caso Carolina Gale, garota de dezesseis anos que foi levada ao hospital com o braço quebrado e que acusou o próprio pai pelo ferimento. Com dor e desesperada, acusou-o ainda de agredir constantemente a sua mãe e de ter matado o seu irmão mais velho. Foi por essa última acusação que os detetives foram chamados.

Conseguiram convencê-la a prestar queixa contra o pai, Roy Gale, mas logo que recebeu alta do hospital foi levada por sua mãe, cujos hematomas nos braços e no rosto eram visíveis, mas ela não queria falar e tampouco permitiu que a filha falasse mais do que devia. Nesse mesmo dia, Carolina voltou atrás sobre a queixa que faria contra o pai, alegando ter mentido por estar sob efeito de drogas. Como não haviam feito exames para essa finalidade, não tinham como contestá-la.

Em poucos minutos, já estavam em frente ao endereço da tia da garota. Estacionaram o carro e desceram. Seguiram para a porta, firmes. Ambos eram altos, embora Ramona fosse uns cinco centímetros mais baixa que Christopher, um homem de um metro e oitenta centímetros, moreno claro de olhos castanhos escuros, com um corpo bem definido, embora não fosse musculoso. Ele parecia ser sempre sério, além de bastante imponente, famoso por falar apenas o necessário, era dado a brincadeiras apenas com a família e seu pequeno círculo de amizades. Durante o trabalho, trajava sempre calças sociais e camisa, além de não dispensar a gravata e o paletó, quando o clima de Los Angeles pedia.

Já Ramona, era mais alegre e sensível, embora agisse com frieza sempre que seu trabalho exigisse. Era um pouco mais clara que o detetive Lang, embora não muito, seus olhos eram de um castanho bastante claro, cor de mel, como lhe dizia o marido. Seus cabelos lisos e castanhos iam até os ombros, mas nunca estavam soltos durante o trabalho, mantinha-os sempre em um pequeno rabo de cavalo ou em um discreto coque, o corpo também era bem definido, caindo-lhe muito bem qualquer roupa que vestisse, variando entre um jeans escuro e uma calça social, sempre acompanhadas por regatas, que marcavam bastante sua cintura e seus seios, o que não chegava a chamar atenção, por ela estar sempre com uma jaqueta por cima.

A casa não se diferenciava muito das demais casas daquela rua, exceto por um pequeno jardim que praticamente jazia seco, pela falta de cuidado. Ramona bateu firme na porta, de punho fechado, anunciando que era a polícia, ao que rapidamente, uma mulher que devia ter pouco mais de trinta, com uma aparência sofrida e tristonha atendeu, pondo apenas o rosto na porta entreaberta:

— O que querem aqui? — indagou de forma ríspida, o que pareceu bastante suspeito para os dois detetives.

— Sou Ramona Hale e esse é meu parceiro Christopher Lang, do departamento de Homicídios. Estamos aqui para falarmos com Carolina Gale, é sua sobrinha, certo? — indagou mostrando seu distintivo.

— Sim, Carolina é filha do irmão mais velho do meu marido.

— Qual o seu nome, senhora?

— Ruth Gale. Acho que agora não é o momento de incomodarem a menina, ela já passou por muita coisa.

— Nós sabemos, senhora Gale, é por isso mesmo que precisamos falar com ela, agora! — disse Christopher em tom firme.

— Mas ela não quer falar com vocês! — disse lentamente a senhora Ruth.

— Nós acreditamos que ela quer, senhora, assim como queria ter falado antes, enquanto a mãe estava viva e ela ferida, no hospital. De qualquer forma, Carolina precisa falar por ela mesma.

— Tudo bem, entrem — falou cabisbaixa. — Carolina está na outra sala assistindo TV, ela não quer ficar sozinha lá no quarto — disse Ruth.

O Ceifador de Anjos: A Coleção de FetosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora