O que ainda restou de mim

Mulai dari awal
                                    

Eu nunca fui uma criança saudável.

 Desde que me lembro, não passou um dia sequer que eu não ficasse doente. Até mesmo uma simples gripe acaba por me esmorecer.

Mas quando cheguei na adolescência, tudo piorou outra vez. Primeiro, foram as fadigas, o cansaço, a febre, os músculos do meu corpo que tinham espasmos sem explicação, a minha voz que ficava travada em minha garganta, minhas mãos que tremiam tanto ao ponto de eu perder o controle sobre elas. Depois disso, abriu-se uma nova fase para as minhas quedas. Minhas pernas de repente paravam de mexer-se, fazendo-me cair repentinamente, machucando-me no processo. E a cada ano, só piora.

Uso meias que cobrem minhas pernas até os joelhos para disfarçar os hematomas e cicatrizes que carrego. Minha perna, do joelho para baixo, ficara repleta de curativos adesivos que coloco estrategicamente para encobrir os meus machucados.

Ano passado, uma sensação de fraqueza dominou o meu corpo, enquanto eu trocava de uniforme para participar de mais uma aula de Educação Física, em que deveríamos dar oito voltas no ginásio, e em seguida, girar bambolês em nossas cinturas. Eu estava sozinha no momento e foi tudo tão repentino. Eu perdi o controle de meus próprios membros, como se minhas pernas e braços fossem desligados do meu cérebro. E eu caí. Devido ao forte impacto que sofri no chão, e por não ter colocado os meus braços como um apoio, tive uma contusão no crânio e desmaiei. Por pouco não quebrei o nariz no processo.

Quando eu despertei, em uma cama de hospital, disseram para mim que alarmei a escola inteira. Naquele mesmo dia, não conseguia mais andar como antes. Minhas pernas não obedeciam os comandos do meu cérebro, e só andavam quando bem quisessem.

O pior aconteceu depois... eu não esperava por aquilo. 

Os sintomas pioraram. Tivemos de visitar um neurologista. 

E, então, fui diagnosticada com Esclerose Lateral Amiotrófica aos meus dezessete anos.

Para os mais íntimos, ELA.

Não é o tipo de coisa que você espera ouvir com essa idade. 

Pesquisei a fundo sobre a doença, e quanto mais pesquisava, mais desesperada eu ficava.

Chorei noites e mais noites, sendo amparada por meus tios. Fiquei seis meses recuperando-me, enquanto os médicos tentavam encontrar uma solução para minha doença, um tratamento adequado.

Devido a vários empréstimos, tio Carl foi capaz de comprar vários aparatos metálicos, colar cervical e botas ortopédicas que poderiam ajudar-me no tratamento para que pudesse andar novamente, para que eu conseguisse repor pelo menos metade das aulas. Todavia, a falta de força em meus braços, os movimentos descoordenados, além dos espasmos, obrigaram-me a ficar na cama do hospital. 

Perdi muitos dias de aulas. 

Fiquei reprovada logo no meu último ano, por excesso de faltas. Tia Ellie até tentou justificar na escola porque eu me ausentei das aulas, porém eu disse a ela que não fazia mal repetir de ano. Era uma chance para que pudesse fazer tudo de novo e de forma diferente. Eu encontraria novos amigos, eu poderia tirar a foto para o anuário, e poderia ir para o baile de inverno... bom, eu não fui para o baile de inverno desta vez.

Com o tempo que sobrou-me internada no hospital e com o pouco tempo para visitas, tio Carl sugeriu-me um passatempo. Contou histórias maravilhosas de pessoas que superaram seus problemas e de fenômenos inexplicáveis pela ciência. Por que, então, eu não deveria dedicar meu tempo à caçar milagres? Existem tantos tipos de caçadores no mundo, por que eu não poderia tornar-me uma caçadora de milagres? Todo dia quando ia visitar-me no hospital, meu tio trazia uma centena de jornais velhos e eu perdia-me entre dias e mais dias a completar meu caderno com notícias boas.

Nós, em uma casca de noz!Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang