36 - Ravenna

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Com duas últimas lentas e languidas estocadas, Eric gozou dentro de mim, soltando um longo gemido e me apertando no caloroso círculo dos seus braços.

É obviamente certo que passamos horas nos lençóis. Assim que parti pra cima do meu russo, sua reação foi me girar com força pra me deixar de costas no colchão e fazer o sexo mais selvagem, bruto e deliciosamente punitivo que já fizemos. Rosnados, mordidas, grunhidos, arranhões, gemidos, puxões de cabelo, lambidas, chupões e até alguns tapas... Sim, um sexo coerente ao MEU homem. Depois de tanto suor e pele corada, Eric diminui o ritmo e contemplou meu corpo com exímia atenção e cuidado. Perfeito de qualquer forma, sexo com ele era sempre escaldante.
Caindo exausto e ofegante ao meu lado, Eric aperta mais fortemente seus braços à minha volta e beija meus cabelos com um suspiro de prazer:

- Deus... foi como uma eternidade sem te sentir, anjo.

Sim, eternidade é a palavra certa à ser usada. Onde eu estava com a merda da cabeça ao pensar que dando o troco dessa forma faria eu me sentir melhor, satisfeita ou superior? Vingança, Ravenna? Desde quando vingança acalenta alguém? Ok, Eric errou com muita força ao agir como um babaca comigo, mas eu exagerei também. Eu poderia te-lo feito entender de outra maneira. Minha mãe sempre dizia que não se faz com os outros o que não gostaria que fizessem com você. É verdade, falar é fácil, mas na hora a vontade de dar o troco, a tentação de fazer o outro sentir o que você sentiu é absurda. Mas no fim, a gente se arrepende. Sim, me condenem, mas a verdade é essa. Ah gente, qual é? Lembrar do bichinho sofrendo daquele jeito acaba comigo. Sim, eu sou uma frouxa, durmam com essa.
Enfim, me arrependo, não de todo, mas ainda assim é um amargo arrependimento. Pronto, já podem começar a me xingar.

- Me desculpe. - minha voz quase não passa por meus lábios. Talvez por orgulho ferido? - Sinto muito ter que agir daquela forma com você. No fim, estávamos todos errados.

O silêncio dele dura poucos segundos, posso quase sentir as engrenagens girando na sua cabeça, trabalhando à todo vapor, até ele apertar meu ombro carinhosamente e dizer num sussurro:

- Estou tão arrependido. Eu é que tenho que me desculpar, anjo. Mas sim, fizemos uma cagada das grandes. - sinto seu suspiro balançar alguns fios do meu cabelo. - O amor tem disso, não é? Nos faz fazer burrada atrás de burrada sem razão ou sentido algum.

Assim que meu cérebro exausto e surrado por incontáveis orgasmos assimila suas palavras, meu corpo tenciona em resposta na mesma hora. Amor?
Pera... AMOR!?!
Acho que eu vou vomitar.
Eric solta uma curta risada, provavelmente em reação à minha recepção nada discreta da sua declaração. Espero ele dizer mais alguma coisa, o silêncio seguinte era como estar na ponta de um abismo onde mais um passo significaria toda uma enxurrada de palavras de paixão declaradas com fervor. Dava pra sentir que a qualquer momento eu ouviria um "Eu te amo". Mas não, Eric não diz mais nada, não comprova suas palavras ou me dá qualquer pista de que queria realmente dizer que me ama. O maldito russo apenas suspira mais uma vez, beija meus lábios suavemente sorrindo - esse maldito sorriso que acaba com o meu emocional - e me deseja boa noite, pegando num pacífico sono logo depois.
Simples assim.

Como ele consegue, cacete?!

[...]

É quase inacreditável o quanto o ser humano necessita ser regado e alimentado com sentimentos passionais e controversos pra que sua "humanidade" possa ser mantida.

Já pensou num homem que não pudesse sentir nada? Nem mesmo um friozinho na barriga? Pff, não.
Seria somente uma casca. Um corpo oco. Uma mera passagem vazia na Terra. Uma máquina quebrada.

Te Encontrei Quando Não Procurava - Livro UmOnde as histórias ganham vida. Descobre agora