01. A Família Lobo

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Arthur mal podia acreditar que aquele dia finalmente havia chegado

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Arthur mal podia acreditar que aquele dia finalmente havia chegado. Nem mesmo o calor infernal do início de dezembro ou o tique-taque incessante do relógio de parede eram capazes de arruinar aquele momento, onde ele sentia o gosto triunfal de estar finalizando a última prova do último semestre da faculdade. A última prova de todas, antes de dar adeus à nada gloriosa vida acadêmica.

— Cinco minutos para o fim da prova, pessoal. — O professor anunciou, com a voz tão apática quanto sua expressão.

Arthur olhou para o outro lado da sala de aula e viu Samuel lhe encarando de volta, fazendo uma careta de quem não tinha a mínima ideia do que responder naquele teste. Os dois eram melhores amigos desde o início do curso, além de serem colegas de apartamento. Não era necessária uma palavra sequer para um entender o que o outro estava pensando.

Samuel levou sua mão furtivamente até a cabeça, fazendo um sinal discreto com os três dedos levantados. Arthur correu os olhos pela folha em cima de sua mesa até encontrar a pergunta 3. Fez o mesmo gesto que seu amigo, levantando apenas dois dedos, indicando que a resposta certa era a letra B. Samuel deu uma piscadela, enquanto Arthur se certificava que o professor não havia visto a atividade ilícita em plena luz do dia. Estava tudo certo. Arthur reprimiu o riso e olhou de soslaio à medida que Samuel se levantava e caminhava até a mesa da figura mais intragável que ele conhecia. Esperou um espaço de tempo seguro para fazer o mesmo e encontrar Samuel do lado de fora, onde o mesmo lhe fitava com os grandes olhos azuis e cintilantes.

— Acho que agora é oficial, né? Estamos livres mesmo?

— Tudo indica que sim. — Arthur respondeu, ainda sem planejar grandes comemorações. Preferia que todas as notas fossem lançadas para depois respirar aliviado.

Não podia dizer o mesmo de Samuel, que, enlaçando o braço ao redor de Arthur, decretou:

— Bom, de qualquer forma a gente tem motivos de sobra pra comemorar. E você, Arthurzito, foi meu herói pela milésima vez.

— Milésima e última.

Samuel ficou boquiaberto, levando a mão livre até seu peito para fingir espanto.

— Vou fingir que não ouvi essa demonstração gratuita de ingratidão e te levar para escolher nossos smokings para a formatura.

— Se eu bem te conheço, na loja que você vai me levar eu não vou ter dinheiro pra comprar nem a gravata.

— Vai ser uma noite única, Arthur. Como seu melhor amigo, me recuso a ver você mal vestido na nossa noite. Já não basta todos os outros dias.

— Como é que é?

— Você é o único gay que eu conheço que veste camisa polo e sapatênis. Meus olhos doem toda vez que esse desastre acontece.

— Você é ridículo.

Proibido (Capítulos Atualizados)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora