CAPÍTULO 18

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– Mel?

Eu estava escondida no banheiro quando ouvi elas me chamarem.

– A qual é, Mel. Para com isso! – Ouvi a voz da Adriana. – Você sabe que aquilo foi só um teste.

Eu estava com os meus pés encostados no assento da privada, de modo que elas não poderiam saber em qual divisória eu estava sem empurrar todas as portas.

– Acho que você exagerou um pouco, Adriana. – Dessa vez ouvi a voz da Fabi. Do que elas estavam falando, afinal?

Resolvi não aparecer até minhas lágrimas secarem. Eu não tinha ideia por que comecei a chorar e por que me senti tão brava com as duas. Não fazia sentido estar assim se o Fernando era só meu amigo. Ao menos... ao menos se eu sentisse algo realmente forte por ele, mas não queria acreditar nisso. Não. Não existia essa possibilidade, porque se passou muito tempo e ele provavelmente já tinha namorada ou já se apaixonou outras vezes.

Éramos crianças, Mel. Sua idiota!

Um sentimento não pode ser tão forte assim para durar tanto. Ele só quer ser meu amigo e é isso que vou fazer, mesmo se eu tiver que aceitar a paquera da Adriana. Seremos eu e ele.

– Eu não exagerei. Só fiz o básico para conseguir descobrir. E eu estava certa não estava?

– Deu pra notar isso, mas agora temos um problema maior. Que é você perder a sua amizade.

– Eu não vou perder minha amizade com a Mel só porque quis provar uma coisa pra ela!

– Mas você passou dos limites, prima!

Do que elas estavam falando? Provar o que? Pra quem?

Desci os meus pés e me levantei, respirando fundo. Era hora de encarar a verdade.

Sai bem na hora que a Adriana estava falando que não tinha passado nenhum limite de amizade. Fabi olhou para mim e cutucou a prima que virou imediatamente e segurou a respiração.

Fiquei olhando para as duas sem saber o que fazer e decidi por cruzar os braços e encarar friamente, mas não sabia exatamente por que estava fazendo isso. Na verdade, eu sabia que a Dri ia dar em cima do Fernando, a culpa não era dela ele ser gato, ela dá em cima de todo menino gato que encontra. Afinal, ela é a Adriana.

Suspirei pesadamente e olhei para o chão.

– Tudo bem, eu agi errado. – Comecei a falar. – Não tem motivo eu ficar assim com vocês, sendo que conheço as duas muito bem e já sabia que a Dri ia fazer isso.

– Fazer o que? – Ela perguntou, ainda me encarando.

– Dar em cima do Fernando.

– Você acha que eu dei em cima dele?

– E não deu? Porque isso estava na cara. – Tentei tirar aquela minha voz zombeteira, mas não consegui.

– Bem, sim. Mas não foi esse o motivo.

– O motivo de você gostar dele? – Eu queria ouvir isso dela.

– Eu não gosto dele! – Ela parou pra pensar. – Bem, eu acho ele gato, mas tem muitos gatos aqui nessa escola. Você acha que eu ia pegar justo o gato da minha melhor amiga?

– Então por que você... – Parei de falar quando percebi o que ela disse. – Ei! Ele não é meu gato.

– Ah, não? Então porque você ficou tão enciumada? – Adriana colocou as mãos na cintura, me desafiando.

– Porque ele é novo aqui, Dri!

– O que isso tem a ver?

– Que você não pode ficar dando em cima dele assim. Espera ele se acostumar primeiro com as coisas aqui, com a rotina nova.

O jogo da verdade [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora