O mundo será bom para todos nós

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Caminhei apressadamente para o primeiro lugar mais calmo e vazio que vi. Eu ainda respirava com dificuldade e estava à beira de um ataque de pânico, com teimosas lágrimas escorrendo por meu rosto quando me encostei a uma árvore, tentando recuperar a sanidade.

Nem acredito que sobrevivi ao primeiro dia. Por mais que eu demonstrasse indiferença, cada piada, cada cantada barata, cada mão que passou por meu corpo durante o caminho, fez meu estômago revirar e meu corpo encolher.

Minha mãe tinha razão, isso seria muito mais difícil do que eu jamais imaginei. E até os professores, que eram a minha esperança de um pouco de sossego, soltavam piadinhas nojentas sobre a submissão dos ômegas, me lançando olhares divertidos depois.

Escutei todo o tipo de baixaria que alguém pode escutar. Nem arrisquei ir ao banheiro, pois a ideia de estar sozinho e tão exposto perto de tantos alfas estúpidos que achavam que meu corpo os pertencia só pelo fato de ser ômega, me assustava.

Eu já havia sentido a ira de um alfa em um rut e eu tinha pesadelos com aqueles malditos três dias até hoje. O rosto desesperado de minha mãe quando eu cheguei em casa e o meu estado deplorável, eram imagens recorrentes em minha mente.

Foi aí que decidi nunca mais chegar perto de um alfa. E, bom, funcionou por um tempo, mas agora estou sozinho no meio deles, exposto, frágil e desafiando-os. Pelo menos dessa vez eu tinha um objetivo e era isso que estava me dando força, embora agora eu quisesse desesperadamente me jogar em minha cama e chorar até minhas forças se esvaírem.

Ainda respirada com dificuldade quando escutei alguém xingando em voz alta e, poucos segundos depois, esbarrando em mim, fazendo-me cair no chão. Engoli o choro e prendi a respiração, parte por medo, parte por não querer sentir o forte cheiro do alfa enorme parado a minha frente.

Olhei para os lados e não vi ninguém se aproximar. Eu estava sozinho com um alfa estressado, muito alto e muito forte. Era o pior dos pesadelos.

– Sai daqui. – disse com a voz mais firme que consegui, e logo depois senti sua fungada, tentando discernir meu cheiro, ele estava confuso. – Eu não vou fazer nada com você!

– Você é o ômega de que todos estão falando? Interessante. – ele estendeu a mão para mim e eu recuei, levantando-me rápido e puxando meu corpo para longe dele.

– Não me toque! Eu já disse que não vou fazer nada com você. – ele gargalhou, fazendo com que eu me sentisse inferior e patético.

– Olha, garoto. Você não é tudo isso sabia? Eu estou farto de ter que lidar com ômegas que se sentem donos do mundo.

– Ah, claro. Deve ser horrível sair de sua zona de conforto e privilégios por causa de um ômega, não é? Pobre alfa... – fui irônico, não conseguindo segurar minha língua, como sempre acontecia.

– Você não sabe nada sobre os meus problemas.

– E você sabe sobre os nossos? Você já tentou se colocar no lugar de um ômega? Faça esse exercício! Faça e depois me conte se você gostaria de ser tratado como você trata os ômegas.

Ele parou, me encarando por alguns segundos, parecendo ponderar minhas palavras.

– O que você faz aqui...? – ele ergueu a sobrancelha para mim, fazendo uma pergunta tácita.

– Louis, meu nome é Louis.

– O que você faz aqui, Louis? – revirei os olhos.

– Não é óbvio? O que pessoas fazem em uma universidade?

Dream with me - l.s (a/b/o)Onde histórias criam vida. Descubra agora