Prologue

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Essa história pode acionar gatilhos em pessoas sensíveis. Ela é baseada em experiências reais e pesadas, foi uma forma que achei de desabafar e relatar o que vivi/presenciei. Não é objetivo romantizar nenhum tipo de relacionamento abusivo, muito longe disso. Ela trata de temáticas sob a perspectiva de quem VIVE aquilo, e não de quem assiste.
Se você tem gatilhos com linguagem pesada, violência, conteúdo sexual, submissão ou qualquer outra tema que esteja relacionado a isso NÃO LEIA.

E para quem se aventurar em Yes, Sir: boa sorte e obrigada pelo interesse.

***

"O amor não prospera em corações que se amedrontam com as sombras."

***

O cheiro de cigarros não incomodava mais pois finalmente as narinas haviam se acostumado com o fedor característico daquele lugar.

Nas paredes cresciam trepadeiras, as pinturas descascavam e havia muitos buracos espalhados pela rua, causando acidentes frequentemente. Não era incomum o som de sirenes durante a madrugada.

Toda a população que ali vivia estava sempre com portas trancadas, pois não era um ambiente agradável. Aquele bairro era perigoso e ninguém podia dar-se ao luxo de ficar ao menos sem a proteção de uma tranca, embora isso não conseguisse deter os criminosos.

As casas que muitos anos antes eram vívidas e cheias de cores não passavam de um cinza podre que se desenhava nas paredes e os jardins que antigamente eram tão bonitos se reduziam a uma grama rasteira, muito mal cuidada.

Os comércios eram poucos, pois a minoria tinha coragem de abrir um negócio ali. Era evidente que de hora em hora, alguém entraria roubando todo o dinheiro do caixa.

Enquanto passava, as poucas pessoas aventureiras na rua davam um aceno a ela, que retribuía com entusiasmo.

Abaixou a cabeça e se concentrou em chutar a pedra que a acompanhara o percurso todo. Logo chegou ao portão enferrujado que abriu com dificuldade e finalmente entrou para aquilo que chamava de "casa".

O cheiro de mofo era gritante, mas mais uma vez o nariz já estava acostumado. Não era mais um incômodo, apenas o cheiro do lugar onde morava.

Tirou o capuz e as luvas, dirigindo-se para a cozinha.

"Por quê demorou tanto?"

"Oh papai, é que a fila estava muito grande."

"Já disse para aprender a passar na frente! A ser mais rápida, inferno! Como pode ser tão inútil?"

E sem mais argumentos, partiu para cima da pequena menina, que logo começou a chorar quando sentiu a primeira cintada em suas costas. O local adotou um tom avermelhado e pequenas pontas de sangue apareceram na extensão.

Correu e se encolheu no canto do cômodo, o que foi pior, pois o homem lhe agrediu com chutes, batendo a cinta em sua cabeça.

"Para papai!" - Disse, enquanto pendia a cabeça para trás, seus sentidos iam embora, assim como a felicidade dos seus pequenos olhos azuis.

***
Era um dia ensolarado lá fora e ele podia até sentir o frescor do verão. Os pássaros cantavam, o sino do vendedor de sorvete ressoava ao longe e as crianças de sua pobre vizinhança brincavam na rua. Um grande sorriso formou-se em seu rosto ao abrir a janela e sentir o cheiro de chocolate quente vindo da vizinha da frente. Estava entre os seus cheiros favoritos no mundo, depois do perfume do cabelo de sua mãe.

Não iria sair para brincar pois hoje era um dia muito especial, o dia de seu aniversário. Conseguira arrumar o cabelo sozinho e em seguia calçou o tênis novo, que mesmo exclusivo a ele, já havia sido usado por outras crianças.

Saiu de seu pequeno quarto e foi correndo até a sala, onde viu seus pais numa pequena discussão.

"Não deveríamos fazer isso, Marcus. Vai traumatiza-lo."

"Você quer o quê? Que o levemos para o orfanato sem ter motivos?"

"Temos motivos. Não temos dinheiro suficiente para criá-lo."

"Daniella, não tem mais o que discutir. Vamos fazer e não há o que argumentar, você concordou com isto."

Os redondos e pequenos olhos verdes divagavam entre a mãe e o pai e o garotinho tentava entender o que estavam falando, mas algumas palavras ele ainda não entendia.

Deu de ombros e correu até sua progenitora, dando-lhe um abraço apertado.

"Hoje estou fazendo seis aninhos, mamãe!" - A mulher olhou para o marido e uma pequena lágrima brotou de seus olhos. Não podia fazer isso com o filho.

O seu filho.

"Sim, você está. Vamos para nosso passeio."

Ele pulou de felicidade, correndo para o velho carro que possuíam. Os pais demoraram um pouco para chegar até o veículo, estranhou por ver sua mamãe com os olhos vermelhos e papai com uma feição tristonha. Se conformou com a resposta que sua cabeça lhe deu: estavam tristes pois o bebê estava crescendo.

Quando chegaram ao lugar marcado, o menino estranhou, pois era tudo muito deserto, todavia, logo se admirou com a beleza do lugar.

Não havia mais ninguém no "parque" e se animou com a ideia de que seus pais haviam comprado aquele lugar todo só para ele! Era demais!

Os três saíram do carro e os pais começaram a brincar com o filho.

"Vou jogar lá longe filhão, e você vai correndo pegar, sem olhar pra trás. Me prometa que não vai olhar pra trás."

"Sim papai, eu prometo!" - O homem jogou o disco com toda a sua força, e o mesmo foi longe, mas o pequeno não se importou, correndo com todas as forças para pegar.

Não quebrou a promessa de não olhar para trás.

Voltou com o disco, ofegante e suado e se assustou ao ver que seus pais não estavam mais ali.

Se sentou na grama, esperando que voltassem.

Eles nunca voltaram.

****

Oi oi minha genteee! Essa é a minha primeira fanfic, e tipo, ainda to meio perdida, mas é a vida! Hahahaha
Espero que vocês gostem, de verdade! Trabalhei duro nela (ainda estou trabalhando né, enfim)...O prólogo é meio zzzz (e não da pra entender mt coisa, mas vcs precisam saber dessas informações, vão por mim), mas vocês vão gostar, juro!
(Não é aquelas fanfics que ela chama ele de Hazza, vai por mim! Hahaha)
pra não perder o costume:
PLAGIO É CRIME! NÃO COPIA O TRABALHO DOS OUTROS NÃO HAHAHA!
Um beijo, até o próximo capítulo (maybe yes maybe no).

Yes, sir. | h.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora