Ele não está a fazer qualquer sentido. 

"Harry—"

"Eu não sou bom com palavras…" Quando me encara, franzo as sobrancelhas. Abro a boca para o censurar quando as suas mãos envolvem o meu rosto. 

"Acho que gosto de ti." Sussurra como se me estivesse a contar um segredo. 

Ele acha? 

"É isso que queres que confesse?" Ele sorri, perdido nos seus pensamentos. "Eu não gosto de ninguém. Nunca gostei e é difícil–"

"Mas tu disseste que…" Encaro-o por um longo tempo, embasbacada. "Disseste que eu—"

"Eu disse que tens várias caras. Quem não tem?" Questiona elevando uma sobrancelha. "Não és apenas esta Anna que toda a gente vê. Há muito mais que isso em ti e era exatamente o que estava a tentar dizer-te no outro dia. Eu não achei que ias interpretar de outra forma."

"Não há mais que isto." Olho-o nos olhos para que veja a verdade. "Estás a ver coisas onde elas não existem."

"Estou?"

"Estás. Gostas do facto de que sou tão avariada quanto tu." Uso a sua expressão. "Não de mim. Isso não é nem um pouco saudável."

"Não quero que seja saudável." O seu braço rodeia a minha cintura, colando os nossos corpos. 

"Não faças isto." Sussurro à medida que o seu rosto se aproxima do meu. "Nós não podemos fazer isto."

"Não sentes isto?" As suas mãos exploram as laterais do meu corpo, sentindo o calor que emano por entre o tecido fino da minha camisa. 

É claro que sinto mas não está certo. Esta atração louca que sinto por ele não faz qualquer sentido. Nós não somos as pessoas certas um para o outro, nem que por breves momentos. 

"Eu não—" A sua boca cobre a minha antes de finalmente sentir o seu sabor e com isso, todas as palavras desaparecem. 

E com elas, todo o meu bom senso. Ou o quer que restasse dele.

As suas mãos agarram as minhas coxas e ele carrega-me até à cama. Não tiro os meus olhos dos seus, nem mesmo quando me deita na cama, cobrindo o meu corpo com o seu. 

Prendo a respiração quando faz o tecido da minha camisa subir sem pressa para se livrar dela. 

Quando a retira, passa as costas da mão pelo meu peito, descendo até aos meus seios fazendo a minha garganta fechar. 

Observo cada detalhe do seu rosto. Cada linha da sua expressão concentrada. Ele olha-me uma última vez antes de chegar à minha roupa interior, dando-me a oportunidade de desistir. 

Mas não quero. Não acho que consiga. 

Ajoelhando-se entre as minhas pernas, deixa-me completamente nua antes de começar a despir-se. 

Embora saiba o que está prestes a acontecer, tudo fica mais real quando retira um preservativo do bolso das calças e se protege. 

Quando volta a deitar-se sobre mim, corre o nariz pelo meu pescoço, deixando alguns beijos na minha pele fazendo-me tremer. 

Não estou com medo, apenas nunca fui tão longe, com ninguém e não sei o que esperar. 

Colocando uma mão entre nós, massaja-me cuidadosamente e eu abraço-o com as pernas ao senti-lo contra mim, empurrando devagar para me abrir aos poucos. 

Fecho os olhos e franzo as sobrancelhas a cada centímetro que alcança, forçando-me ao máximo para acomodá-lo. 

O incômodo é grande, a sensação é estranha e intensa. As minhas unhas afundam-se nas suas costas e um gemido de dor escapa quando ele finalmente se enterra completamente em mim. 

Ele beija o meu rosto e não se mexe por algum tempo, dando-me um momento para processar o que estou a sentir até que balanço levemente a cabeça, dando-lhe carta branca. 

Todo o ar dos meus pulmões desaparece quando se move, claramente esforçando-se para ir devagar. 

Ele sussurra o meu nome e esconde o rosto no meu pescoço, soltando gemidos junto ao meu ouvido enquanto se move, pressionando-me contra o colchão. 

A sensação é absurdamente surreal. O incômodo continua presente mas a minha atenção está focada na forma como o seu corpo tenso e os seus músculos se arrastam contra mim a cada movimento, na forma como move a cintura e me sente. 

Ele diz algo entre os dentes e beija-me, movendo-se com um pouco mais de força para testar os meus limites. Puxo os seus fios de cabelo e aprofundo o beijo sentindo-o rebolar levemente, tocando um ponto sensível que me faz gemer na sua boca. 

Mordendo o meu lábio com força, investe mais uma vez antes de se libertar soltando sons roucos que me fazem estremecer. 

Deixando cair o seu corpo sobre o meu sem nunca deixar de suportar algum do seu próprio peso, beija o meu ombro enquanto tenta recuperar. 

Olho para o teto, trémula e dormente, mas principalmente atordoada com tudo o que acabou de acontecer. 

E tudo o que consigo sentir é o Harry. 

𝐶ℎ𝑎𝑠𝑖𝑛𝑔Where stories live. Discover now