CAPÍTULO 99: RITUAL [PARTE I]

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Levantei com cuidado e observei mais o lugar, eu estava presa nas correntes, mas ainda conseguia movimentar e até andar, cheguei mais pra frente na tentativa frustrada de saber onde estava. Os olhos da gárgula a minha frente brilharam em um vermelho intenso e se transformou, tentando me atacar, acabei caindo e voltando para o lugar de origem, ela se transformou novamente em pedra.

— É inútil. Não adianta tentar. Se você tentar sair daí eles vão te pegar. — Era o Mark, ele estava sentado do outro lado da grade.

— Por que está fazendo isso? Por que eu?

— Já não acha que está na hora de parar de se fazer de idiota? — perguntou ele me avaliando

Ele de repente me encarou

— Oh — Ele colocou a mão no coração teatralmente —, não me diga que eles ainda não te contaram?

— Eles? Não me contaram o quê?

— Querida — disse ele sorrindo — Você é uma Adorm. Eles nunca te contaram isso? Você tem o sangue como o nosso.

— N-não. — Falei na defensiva — V-você está mentindo. Isso não é verdade.

Ele devia estar blefando, de maneira alguma eu era uma adorm, por que seria? Isso não tinha sentido algum. Se eu fosse, o Neythan teria me dito... ou ele não sabia? Mas sendo assim, talvez o Alexander soubesse e se ele não me contou só podia ser mentira.

— Você está mentindo — disse — Se eu fosse, o Alexander ou o Neythan me contariam.

Ele começou a rir como se eu tivesse contado alguma piada

— Primeiramente: o Neythan só desconfiava e o Alexander... — ele deu de ombros — Ele é muito inteligente e esperto. É obvio que ele já sabia.

— Não acredito em você.

— Por que estaria mentindo?

— Chega, chega, chega! — disse alguém — Vamos começar logo com isso e chega de papo.

Era a Ambre. Ela estava acompanha com aquela garota e o menino, e aqueles homens que me sequestraram uma vez.

— Bom vê-la novamente. Como é saber que vai pagar pelo que o Alexander fez a mim? Acha que me esqueci? — disse o homem, encarando-me.

— A culpa não foi minha.

— Lógico que foi.

Ambre bateu o pé no chão, impacientemente.

— Dá pra parar com a conversa? Quero começar logo com isso. Chega. — Ela falou, irritada— Sua hora acabou, garota.

— Por que está fazendo isso? Justo você?

Ela me encarou parecendo estar fervendo de raiva.

— Você ainda pergunta isso? Quero o seu poder, quero sua imortalidade. Quero me tornar tão forte quanto o Alexander.

— Sabe que isso é...

— Não diga... Impossível. Você não sabe de nada. Às vezes consegue ser mais burra que eu. Você não sabe o que eu passei. Você não sabe o que é passar décadas gostando de alguém e essa pessoa fazer de conta que não te conhece, você não sabe o que é ter uma segunda chance de vida e tudo voltar a se repetir. Você não sabe o quanto eu te odeio. Então... Para. — Ela praticamente quase gritou a última parte.

— Eu já disse que não fiz nada pra você. A culpa disso tudo nem é minha. O Alexander nunca amou realmente eu ou a Melissa. Ele tinha outra amada.

— Eu sei disso. Quem você acha que é aquela no caixão? — ela apontou — É ela.

— O quê?

Virei para tentar olhar no caixão, mas não tinha como, ele estava longe e ainda estava fechado.

— Então... Quem está lá é... Ela? O Alexander sabe disso? — perguntei, mas era uma pergunta retórica.

Obvio que ele não sabia, se aquilo passasse pela cabeça dele com toda certeza a Ambre não estaria mais ali.

— Foi você que a escondeu?

— Não! Foi ele — disse ela apontando para aquele homem do sequestro — Ele pode até não ser, mas os ancestrais dele eram muito inteligentes.

O homem pareceu ofendido

— Então ele estava com ela. — Falei, chocada.

Sinceramente, estava começando a ficar com pena, não que eu estava em posição para pensar nos outros — que não eram pessoas boas — enquanto minha própria vida corria perigo, mas se o Alexander descobrisse isso, aquele homem iria pagar caro. O Alexander parecia realmente amar aquela mulher e se ele descobrisse isso, tanto a Ambre quanto todos os outros ali iriam estar encrencados.

— Vamos começar a festa, Mark. Pegue ela e coloque onde a Mhylla está.

Ele caminhou até o caixão abrindo e retirou uma pessoa lá de dentro, era aquela mulher do retrato que o Alexander tinha. Ele a colocou dentro do circulo onde eu estava.

— C-como conseguiu manter o corpo?

— Isso não foi difícil. Mas confesso que o poder ajudou. — Disse o homem

— Se eu sou uma adorm e você vai fazer o ritual para retirar esse... Poder. Por que precisa dela? Ou pretende revivê-la? Por que isso não tem sentido.

— Claro que tem, se você pensar direito — Ela disse e todos se afastaram dali — Eu a revivo com a sua ajuda, porque você é uma adorm, e depois tiro o poder dela, e caso você sobreviva, o que acho muito impossível, eu retiro o seu poder também.

— Por que tudo isso?

— Ela é uma original. O pode dela é maior que o seu.

Ela também se afastou, eu acabei entrando em pânico, tinha que me soltar dali, tinha que sair dali, mas não conseguia por causa das correntes e também por causa das gárgulas.




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