Parte - 4

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Hipnos contempla uma parede de vidro que pega o pé-direito de toda a vasta parede do laboratório e oferece a visão perfeita do que acontece no cômodo ao lado. Do lado de lá, porém, ninguém podia vê-lo.

Ele observa com satisfação a área no complexo dedicada ao "cultivo" de espécimes. A fazenda humana.

Do lado de lá havia um pequeno mundo à parte. Um ambiente controlado onde crianças e adolescentes cresciam sem contato algum com o mundo exterior.

Eles eram "cultivados" com experiências e emoções. Diariamente tinham suas mentes exercitadas e testadas com exercícios e aprendizados. Eles estavam sendo preparados para serem peças sobressalentes e se tornariam, em breve, extensões de computadores e processadores. Tornar-se-iam criaturas em estado vegetativo e teriam suas mentes escravizadas, sendo obrigados a executar cálculos e funções para os quais eles não teriam a menor ideia da serventia.

Todos eles eram considerados "promissores" em potencial, poderiam ser até melhores do que os três fugitivos, afinal, não eram mentes vazias, eram mentes preparadas para conseguir trabalhar com altíssimos cálculos e processamentos, utilizando-se de criatividade e dedução humana, algo que as primeiras cobaias, seres que haviam nascido sem nunca sequer ver a luz do dia, nunca poderiam fazer.

Um homem, outro cientista do complexo, trajando jaleco branco chegou perto de Hipnos.

— Senhor Dr. Hipnos?

— Pois não?

— Tudo pronto!

— Ótimo! Vamos começar a fase dois. Quero todos "conectados"! Os que se manifestarem devem sofrer o "upgrade".

— Sim, senhor!

Dito isso, o cientista se afastou para cumprir suas ordens.

Minutos depois, uma mulher entrou no ambiente controlado de "cultivo" e chamou as crianças e adolescentes lendo uma lista de nomes. Em seguida pediu que eles se organizassem em fila indiana e removeu todos de dentro da área.

Hipnos sabia para onde iriam. Ele sorri de satisfação.

Soldados arrobam a porta do quarto do hotel e o invadem pela janela, portando fuzis de pesado calibre.

Não há ninguém. Os quatro alvos haviam se evadido.

O Jovem com a máscara de gás, acompanhado de seu cão pastor alemão, entra no quarto. Não é possível ver sua face, mas é fácil deduzir que, por debaixo dela, deveria haver uma expressão que unia raiva e frustração.

Ele fez sinal para o cão, que sai em disparada do quarto após cheirar a cama e outros objetos.

O cão desce para a rua e se junta a dezenas de outros cães. Todos se espalham e passam a procurar pistas dos quatro fugitivos.

Em um restaurante, numa cidade vizinha, os quatro se sentam à mesa e manipulam sobre a mesma vários ícones representando os pratos do cardápio. Ao puxar um dos ícones para junto de si, cada um deles fazia seu pedido e automaticamente os valores eram debitados.

— Gente, que grito foi aquele que ela deu? E por que tivemos que sair correndo daquele jeito? — Questiona Gabriela, apontando para Gamma.

— Ela teve uma visão. Ela pode ver o que já aconteceu, o que acontece em qualquer lugar e o que vai acontecer com a gente. Mas isso é esporádico, ela não tem controle de quando surgem essas visões. Mas quando elas surgem é melhor aproveitarmos.

— Que medo de vocês três!

— Medo a gente tem que ter é do Scott. Aquele lá é o demônio em pessoa.

PSI Evolution - Vencedor do Wattys 2016Onde as histórias ganham vida. Descobre agora