010 - Uma boa desculpa é uma boa desculpa

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Nada ficou bem conforme Mary tinha tentado se convencer. Apesar da sua atitude positiva, seus sentimentos iam em direção oposta. Fora isso, Thed não apareceu no dia seguinte.

Ele disse que viria, ela se lembrava muito bem. Porém, até então, nada dele, muito menos uma explicação. Não que ela se importasse com o paradeiro dele, mas quando uma pessoa marca um compromisso, espera-se que ela apareça. Era só o que ela estava dizendo.

Mesmo assim ela esperava que ele estivesse bem.

Passou as primeiras horas da manhã sentada, de forma bem comportada dessa vez, na biblioteca, esperando que a qualquer momento ele entrasse por aquela porta de carvalho para dar um susto nela e quase a matar do coração.

A que ponto ela tinha chegado! Estava disposta a quase morrer do coração.

Mas mesmo assim, nem sinal dele. Já tinha lido todo um romance, uma revista de adolescentes e forjado uma pesquisa cientifica quando por fim desistiu de esperá-lo entrar na biblioteca.

Foi esperar no jardim.

No jardim teve a oportunidade de conversar com suas crianças, mas sem por um minuto conseguir desgrudar os olhos da porta de vidro. Tentou se convencer que estava bancando a catatônica porque não queria que a Madre a pegasse mais uma vez descumprindo seu horário de trabalho, mas, com o tempo, acabou aceitando que seu coração se acelerava muito mais quando via uns sapatos gastos do que a barra de um hábito.

Quando seu hábito estava devidamente sujo de tanto brincar de roda com suas crianças e seu corpo desagradavelmente dolorido por conta da postura que essa atividade exigia quando exercida junto a crianças tão pequenas, esolveu ler uma história para as crianças. Escolheu essa atividade não só para vigiar a porta com mais tranqüilidade, como também para ocupar sua cabeça com outra coisa que não fosse Thed, ou melhor, a falta dele.

Quando nem mesmo suas crianças não foram capazes de prender sua atenção, Mary revoltou-se contra seu próprio comportamento mundano. Não era correto passar todo o dia pensando em outra pessoa, menos ainda se fosse uma pessoa do sexo masculino, e se a tal pessoa do sexo masculino fosse casada, a situação ficava ainda mais grave. Deveria ser pecado.

Deveria estar pensando em Deus, em seus votos ou então na fome no mundo. E em busca de pensamentos construtivos e paz de espírito foi à Capela.

Com certeza lá ela pararia de se sentir como se estivesse louca. Ou pelo menos, poderia rezar para que parasse de se sentir assim.

**

Thed assim que saiu daquela sala no dia anterior, tinha como objetivo não ter que entrar nela no dia seguinte.

A culpa era de Mary, nenhuma mulher que deseja formar parte do exército de Deus deveria olhá-lo com aqueles olhos de fundo do mar, imensos e brilhantes. Alguém devia dizer a ela que isso causa efeitos colaterais em certos homens.

Homens como ele.

O que deixava Thed numa posição bastante ridícula, porque não conseguiu parar de admirá-la nem por um momento enquanto estava naquela sala, mesmo quando já estava de saída, foi não foi fácil desgrudar os olhos dos olhos dela, e isso fazia com que ele andasse em um passo bem esquisito, tipo um caranguejo.

Era lastimável a sua falta de jeito diante de uma mulher bonita.

Só que ela não era uma simples mulher, era Mary, a noviça.

NO-VI-ÇA.

Ele fez questão de esclarecer isso de novo em sua mente, de fato, nem precisava, na sua mente estava tudo bem claro. Só era uma pena que seu corpo e sua mente não tinham uma conexão lá tão boa entre si.

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