Capítulo 23

4.5K 437 75
                                    

#Pessoal, é sério que vcs estão mais tristes pelo Thor que pelos avós da Laura??? Hahahaha... Morri com os comentários: "Salva o Thor." "Tudo, menos o Thor." "Um milagre pela vida do Thor." Acho que uma pessoa apenas falou dos avós, mas depois falou do Thor tbm. Rsrsrs. Vcs, heim... Coitados dos idosos nas mãos de vcs! kkk


Já havia se passado um mês desde a tragédia e eu não havia superado ou evoluído psicologicamente em nada. Voltei para o meu apartamento no Rio, logicamente. Eu não tinha mais casa ali em Petrópolis... Nem parentes... Nem cachorro... Nada! Nada havia me restado na vida!

Pouco depois da tragédia, fui até o sítio dos meus avós. Não sei porque fiz isso, já que era obvio o que encontraria lá. Apenas destruição e motivos para me deixar ainda mais abalada.

Fiquei um tempo sentada naquele lugar que um dia chamei de lar, na lama, olhando para os destroços do que foi o lugar mais aconchegante e feliz para mim.

Chorei bastante lembrando os momentos com meu avô no estábulo, cuidando dos cavalos dele, ou com vovó no croché. Lembrei também das vezes que brinquei com o Thor, jogando varetinhas para ele apanhar e me trazer. Ele pegava, mas nunca me devolvia facilmente. Burrinho fofo da mamãe!

Afundei meu rosto entre os joelhos e chorei. Chorei com vontade. Eu estava precisando... Saí de lá, cambaleando de volta ao abrigo, onde fiquei um tempo aguardando se haveria notícias de sobreviventes na minha região.

Quando eu não estava ajudando na cozinha, procurava por meus avós nos outros abrigos e hospitais da cidade... Nada! Cada dia em Petrópolis, depois da tragédia, foi mais frustrante que o outro. Até em abrigos de animais eu fui. Quem dera encontrar o Thor...

Esbarrei com Dra. Kíssila em um hospital que visitei e ela fez questão de acertar comigo os dias que ficou me devendo. Estava prestando trabalho voluntário naquele hospital. Até que foi útil para eu voltar para o Rio, já que estava sem documentos e cartões para acessar minha conta bancária.

Quando constatei e aceitei que não encontraria os sobreviventes que estava procurando, comprei a passagem e voltei para o Rio.

Nos primeiros dias na minha cidade, eu apenas dormi e chorei. Pelo menos os cinco quilos que tinha recuperado, haviam se perdido novamente. Eu não sentia a mínima vontade de cozinhar ou comer. Eu não sentia vontade de fazer nada para dizer a verdade. Eu só queria que aquela vida não fosse a minha.

Minha campainha tocou sem que eu fosse avisada pelo porteiro... Lu! Quem mais poderia ser? Ele me ligava umas cinquenta vezes por dia, mas eu não atendia. Eu não queria falar com ele! Não queria falar e nem ver ninguém!

- Eu sei que você está aí, Laura! Fale comigo, por favor. - Era mesmo o Lu.

Virei para o outro lado da cama e cobri os ouvidos com o travesseiro para não escutar o que ele dizia. Quando tudo ficou silencioso, tirei o travesseiro dos ouvidos. Achei que ele tivesse desistido, mas não. Não sei como, mas ele conseguiu uma chave e entrou no meu apartamento.

- Vai embora! - Digo.

- Não vou! Você precisa levantar daí, tomar um banho e comer alguma coisa, Laura. - Ele puxa meu edredom de cima de mim.- Você está muito magra! Vamos, levante daí...

Eu estava fraca demais para brigar com ele, mas não o havia perdoado. Eu nunca o perdoaria por ter impedido que eu levasse meus avós para o Rio antes da tragédia. Mesmo não tendo sido intencional, foi por causa dele que eu não consegui convencê-los a sair de Petrópolis.

Anjo Meu Onde as histórias ganham vida. Descobre agora