COMPLETO - OS LEGADOS DO SOL E DA LUA

Belaiel / Nathan

Amnon observava o rapaz, há algum tempo esperava a melhor oportunidade de acabar com aquele ser medíocre e sentir a chama da vida se extinguir entre seus dentes. Queria o momento perfeito, queria o garoto sozinho. Diziam que ele era o responsável por uma profecia que acabaria com o mal, Amnon não era estúpido, mas achava muito difícil de acreditar que um rapaz magricela como aquele trazia sobre os ombros tamanha responsabilidade.

O garoto conversava com uma mulher. No momento em que Amnon colocou seus olhos sobre aquela mulher sabia que havia algo errado com ela, mas não tinha tempo para devaneios, estava ali para matar. Resolveu aguardar e vigiar ao longe, assim seria mais fácil prever os próximos passos do rapaz e poder assim colocar as suas garras sobre ele.

A mulher levou o a um parque próximo, Amnon tentou acompanhar, mas algo muito antigo o impedia de entrar naquele local. Escalou um dos prédios ao lado do parque para ter uma visão aérea e poder ver o que acontecia lá embaixo, mas a copa das árvores escondia muito bem o chão do parque. Amnon grunhiu furioso, algo acontecia e ele pressentia isso, tentou voltar e achar outra forma de entrar no parque, mas não obteve sucesso. Toda vez que tentava uma das entradas, ou pular uma das largas grades verde musgo, uma barreira invisível o impedia de entrar. Subiu novamente no prédio, observando e aguardando a saída de sua vítima, ele não precisou esperar muito, logo os dois, homem e mulher, saíram do parque. Amnon sabia que essa era a hora, não podia perder mais nem um minuto, iria acabar com aquele garoto. Não se importava com a movimentação constante de pessoas pela avenida, afinal, quando o atacasse, veriam uma pessoa sofrendo por algo invisível, segurando o pescoço com a falta de ar. Precisava ser rápido, eles estavam andando. Furtivamente, Amnon preparou o ataque.

Correu.

O ataque seria certeiro, Amnon já saboreava o sabor da vitória. Acabaria com aquele humano com uma facilidade incrível. Com os dentes a mostra, rugia com prazer antecipado pela morte. Aumentou a velocidade, estava a menos de cem metros do rapaz quando estacou.

Um anjo.

E não um anjo qualquer, era Belaiel, protetor do garoto e da profecia. Amnon não conseguia acreditar que os Anjos estivessem usando daquele artifício para proteger aquilo em que acreditavam. A mulher havia desaparecido e em um piscar de olhos, o anjo estava em seu lugar, com suas asas formosas e sua aura brilhante. O demônio não conseguiu segurar um grunhido invejoso pela beleza do anjo.

Amnon recuou, sabia que sozinho, aquela missão era suicida. Sabia que não daria conta do Anjo, a força dos demônios estavam em seus números. Escondeu-se para aguardar uma nova oportunidade, se retornasse sem cumprir a sua missão, estaria perdido. O anjo não havia sentido sua presença, talvez por usar sua concentração para que os outros humanos não o visse, e por isso estava com vantagem sobre a situação. Observou enquanto o Anjo conversava com o garoto. Aguardaria quanto fosse necessário para prender aquela alma no inferno.

Sua espera foi recompensada no momento em que o anjo virou as costas e saiu, novamente em sua forma humana. O garoto entrou em um carro e mais uma vez Amnon perdera a sua chance. Correu sobre os prédios, tentando não perder o carro de vista, o grande veículo branco dobrou algumas ruas e parou em frente a um prédio. Paciente, esperou o garoto descer, e entrar no prédio. Agora, desde o começo de sua missão, Amnon tinha certeza que era o momento certo, o humano estava sozinho, uma presa pronta para ser atacada, sem a proteção do Anjo. Subiu as escadas do prédio vagarosamente, queria uma entrada teatral. Entrou no apartamento para matar. Sem saber que iria morrer.

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Cinquenta demônios foram convocados a batalha. Seus soldados e generais estavam sedentos por sangue e vingança pela morte de Amnon. Iriam fazer os seres de luz se arrependerem de cruzarem a linha de guerra. Queriam o humano, essa era a missão, mas queriam muito mais derramar sangue sagrado. Se os Anjos entrassem em seu caminho iriam sofrer, iriam todos serem destruídos.