XXXIV. A força de um amor

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– Comigo? – não consigo esconder a surpresa na minha voz.

– É, faz tempo que eu não durmo com a senhora e meio que deu saudade e eu queria. Posso mãe? – sei que esse não é o motivo dela querer ir dormir junto de mim, mas saber o motivo real por detrás daquilo, me emocionava, tanto que meus olhos se encheram de lágrimas.

– Claro que pode filha.

Ela ergue o rosto e sorri. Na ponta dos pés, vai rápido para o quarto e escuto o barulho dela se jogando na minha cama. Pegou o cobertor da filha e se dirigiu ao quarto sorrindo. Se aconchegou nos lençóis quentinhos e limpos e na sua pequena, pensando que ela ainda era a mulher mais sortuda do mundo por ter aquele pequeno anjo em sua vida. Adormeceu com um sorriso nos lábios, como há dias não conseguia.


A semana passou devagar e sem novidades. Samuel ainda não conseguia lembrar de nada. Manu continuava indo para a escola todo dia. Ela evitou encontrar ou falar com o Ricardo, e impressionantemente, ela estava tendo sucesso.

Era sexta feira e hoje seria um dia bom. Pelo menos na teoria, já que o Samuel seria liberado hoje do hospital. Pedi para a minha mãe pegar a Manu na escola, adiantei a consulta de hoje a tarde. Queria não ter pressa para falar com o Samuel.

Sai do escritório e fui direto para casa, tomar um banho e trocar de roupa. Demorei um pouco mais do que o necessário, mas estava perdendo a coragem para o que eu sei que tinha fazer.

Mas não poderia prolongar mais. O sol ainda tinha um lugar no céu quando eu entrei no hospital. Dona Rita estava preenchendo a papelada para a liberação do neto dela e fui informada que ele estava trocando de roupa para sair.

Sorri enquanto enxugava as palmas das minhas mãos na parte detrás da minha calça jeans.

Vamos lá Alice, você consegue fazer isso.

Cheguei na frente do quarto em que ele estava e dei batidas de leve na porta.

– Pode entrar – ele fala.

Entro no quarto e sorrio ao ver como ele estava bem. Com toda a certeza, roupa de hospital não favorece ninguém. E ali, vestido com o seu jeans que eu mais gostava e uma camisa branca toda lisa, e uma chinela aberta, ele estava bem melhor.

Seu cabelo estava mais comprido e a barba também poderia ser aparada, mas ele estava adorável agora. Quer dizer, é, acho que vocês me entendem...

– Oi Alice – ele me dá um sorriso verdadeiro, mas murchei um pouco quando percebi que era o sorriso que ele dava aos seus amigos.

– Finalmente você vai sair não?

– É, cuidaram muito bem de mim aqui, mas mal vejo a hora de poder sair, e fazer o que eu quiser, na hora que quiser...

– Cansou da rotina do hospital?

– É, podemos dizer assim... Eu ainda vou ter que vir muitas vezes por aqui, por causa... Você sabe não é... – ele aponta para a cabeça e dá um sorriso amarelo.

– Ah sim, claro... Samuel, será que u posso conversar com você um momento?

– Claro Alice... – ele junta um pouco as sobrancelhas e se aproxima de mim. Ele indica o sofá do quarto e eu sento. Ele fica na minha frente, encostado na sua cama hospitalar. – Está tudo bem com você?

– Na medida do possível – dou o meu melhor sorriso. – Olha Samuel, o que eu tenho para dizer a você nesse momento não é nada fácil... Pelo menos não para mim...

– Alice, estou começando a ficar preocupado, você tem certeza de que está bem? – ele apoia sua mão em cima da minha e eu retiro rapidamente, assim seria bem mais difícil...

Amor na Segunda VoltaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora