5 - A flor dente de leão

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           Yuri conduziu Anna até seu novo escritório. A porta ficava em frente a porta do escritório de Yuri. Assim que ele abriu a porta, Anna sentiu um cheiro familiar e seus olhos percorreram o ambiente em busca daquele perfume. Encontrou. Viu que havia jardineiras no parapeito das três janelas do escritório e elas estavam repletas de flores. As flores que ela tanto gostava. As flores que tinham um significado muito especial pra ela. Um significado que resumia bem o que ela queria e o que ela vivia. Dentes de leão. Seus olhos foram ao encontro dos olhos de Yuri, ele percebeu que seu olhar era confuso.

- Dente de leão? - sua voz saiu meio incerta.

- Sim. Você não gostou? - Pareceu confuso.

- Não, não é isso. Gostei muito. Só que não é uma flor muito apreciada. Por isso achei estranho encontrá-las aqui. - Anna parecia desconcertada, mais uma vez parecia que ele olhava além dela, dentro do seu coração. Yuri sorriu.

- Que bom que gostou, Anna. Eu escolhi essa flor porque... - os olhos de Anna estavam cada vez mais curiosos - porque essa flor significa principalmente esperança. E é iso o que você fará aqui, dará esperança às pessoas. - Anna que até então estava cautelosa, abriu um grande sorriso.

- Sim, esperança. Estou muito feliz por estar aqui e poder ajudar pessoas que perderam a esperança por não possuirem condições financeiras. - seu sorriso estava ainda mais encantador com essa possibilidade.

          Yuri sorriu com a sua própria esperança. Agora Anna estava perto dele. Não poderia dizer que ela estava de volta a sua vida porque na verdade ela nunca tinha saído, ela sempre esteve muito presente, mesmo quando ele pensava que ela estava morta. Por um momento ele voltou ao passado. Lembrou da primeira vez que ela demonstrou sua admiração pela flor dente de leão. Os dois estavam no parque e como dois apaixonados que estavam, tentavam descobrir mais e mais um do outro. Coisas simples eram perguntadas como cor preferida, livro e filme que mais gostaram, comida predileta. Até que Yuri perguntou:

- Você gosta de flores, Anna?

- Qual mulher não gosta de flores, sr Yuri? - riram.

- Hummm. Deixe-me advinhar. Você prefere as rosas? - Anna sorriu e negou com a cabeça- Lírios? - negou mais uma vez - Girassol, orquídea, cravo - Ana negou todas - Anna, você é difícil, meu conhecimeto de flor já se estinguiu - os dois gargalharam.

- A minha flor preferida é uma flor muito simles e modesta, muitas vezes é confundida com erva daninha porque nasce com muita facilidade e espontaneidade em qualquer terra fértil. Dente de leão.

- Que diferente, Anna. Eu não conheço essa flor.

- Conhece sim, você só não sabe seu nome. Quando você era criança com certeza já brincou com ela. Soprando vários dentes de leão. A florzinha se desmancha toda. Aí é o que o mais icrível acontece, ela é tão sensível ao se desmanchar mas ao mesmo tempo é forte porque suas sementes voam e encontram outro solo fértil e se desenvolve outra vez. - ela o olha sorrindo e continua - Por isso significa esperança. Quando se pensa que ela morreu ao se desmanchar, ela surge de novo, linda outra vez. Assim eu também quero ser. Se eu me desmanchar por alguma situação que a vida me impor, eu tenho a esperança de ressurgir ainda mais forte. - seus olhos encontraram os de Yuri.

- Você não para de me impressionar, Anna. Minha Anna. - Os dois se beijaram.


ANNA

           Eu fiquei encantada quando cheguei ao escritório que seria meu e vi aquelas flores. Minha flores preferidas. Dentes de leão. Como Yuri pôde ter escolhido uma flor que me tocava tanto? Ele foi tão sensível. Ai meu Deus, eu estava cada vez mais mexida por ele. Ele estava me mostrando ser alguém bem diferente de que eu imaginava e eu estava gostando daquele homem que eu estava conhecendo.

         Tentei deixar esses pensamentos e prestar atenção ao trabalho. Ele me explicava como seriam as coisas e eu tentava ao máximo me concentrar. Os dias transcorriam de maneira simples. Ensinava pelas manhãs, almoça com Rebeca, atendia os clientes pela tarde no escritório. Depois ía pra academia e sempre encontrava o Yuri lá. Conversávamos muito e ele sempre me acompanhava até em casa. Por fim dormia pensando nele e em como estava encantada e envolvida por ele. 

          Até o dia em que estava estudando um caso complicado sobre uma senhora que morava em sua casa há quase 50 anos e o banco queria tirá-la de lá. Surgiram alguns pontos que eu estava sem conseguir entender, então fui ao escritório de Yuri. Bati na porta e não esperei, adentrei logo.

- Yuri, eu queria ... - não pude nem completar a frase, a cena me deixou desconcertada, ele estava agarrado a uma mulher muito bonita, alta, com cabelos negros até a cintura, vestia-se de forma bem sensual e era oriental também. - Desculpe incomodar, eu falo com você depois. - me virei pra sair.

- Anna?! -Não me virei de volta e saí.

- Fecha a porta, queridinha. - a tal mulher falou. Fechei a porta e ainda ouvi gritos de dentro. Eles pareciam discutir.

- Espera, Anna.

         Aquela cena me deixou arrasada. Claro que ele e eu não tínhamos nada mas vê-lo agarrado a outra mulher mexeu de forma bem negativa dentro de mim. Por que ela tinha que ser tão bonita? Com certeza ele se agradava dela, afinal era uma oriental como ele. Devia ser seu tipo de mulher. Não conseguiria trabalhar mais. Fui no meu escritório, arrumei minhas coisas e fui embora.

- Clarissa, eu já estou indo. Se o Yuri perguntar por mim diga que eu tive que resolver umas coisas fora. 

-Claro, dra. Anna.

- Eu já te disse que é só Anna. - ri sem muita vontade.

- Claro, Anna, eu aviso. Até amanhã.

          Apenas assenti com a cabeça e saí. Eu precisava fugir dali. Não estava bem com a cena que vi e não queria que Yuri percebesse isso. Decidi ir pra casa. Amanhã estarei melhor afinal, amanhã é outro dia, pensei.






Uma segunda chance ( finalizado )Onde as histórias ganham vida. Descobre agora