- É isso o que me preocupa, Bella - o tom de voz era de apreensão. - Fico pensando se o acidente de hoje foi mesmo um acidente. Aliás, todos os seus outros acidentes também me intrigam. Diga-me como foi a queda da escada.

Bella ergueu as sobrancelhas.

- Acho que já lhe disse que o combinado é que sempre tenha uma criada para me acompanhar, mas naquela manhã eu estava muito impaciente. Às vezes me aborrece essa história de precisar ter alguém me acompanhando, então resolvi descer sozinha. Não tive problema algum para deixar o quarto e caminhar pelo corredor. Quando cheguei à escada, porém, tropecei em alguma coisa e rolei escada abaixo.

- Mas em que você tropeçou?

- Não sei dizer. Torci o tornozelo e perdi o equilíbrio. Anne e Harry fizeram um estardalhaço. Não me ocorreu na hora pedir a eles que verificassem em que eu havia tropeçado.

- E ninguém mencionou se havia alguma coisa na escada?

Bella sacudiu a cabeça em negativa.

- E como foi que você quase foi atropelada por uma carruagem?

- Ah - Bella soltou um suspiro à lembrança -, eu estava entediada e ouvi a cozinheira dizer que ia ao mercado. Resolvi ir com ela para comprar umas frutas. Ela me pegou pelo braço e paramos em uma barraca de verduras na extremidade do mercado. Ela me largou por um minuto somente, não mais do que isso. No mesmo instante, alguém trombou comigo. Como foi inesperado, meu pé dobrou no cascalho e caí para frente de joelhos. Percebendo uma grande comoção, levantei a cabeça e vi um borrão enorme vindo em minha direção. Era uma carruagem, mas o condutor conseguiu parar a uns passos de mim, aparentemente com os cavalos empinando. Acho que tenho tido sorte.

- Quem trombou em você? - Edward quis saber.

- Não sei. A cozinheira veio correndo me perguntar se eu estava bem, se pôs a gritar com o condutor porque ele estava gritando comigo e, em seguida, me trouxe para casa para que Anne me ajudasse a trocar de roupa.

Edward permaneceu calado por um momento, depois perguntou:

- Bella, você realmente viu o bilhete que supostamente lhe mandei?

Bella podia sentir a respiração dele em seu ouvido e estremeceu. Engolindo em seco, respondeu:

- Claro que vi. O menino insistiu em entregá-lo para mim. Anne até teve de me tirar do baile para recebê-lo.

- Você leu o bilhete?

- Não; tentei, mas não consegui. Anne leu para mim.

Edward pensou um pouquinho e perguntou:

- Você guardou o suposto bilhete?

- Suposto? Você fica repetindo isso, Edward, mas eu vi o bilhete.

- Sim, você viu, mas não leu.

- Por Deus, o que você está imaginando?

- Não sei - Edward confessou, suspirando. - Harry e Anne estavam por perto e foram os primeiros a se aproximar de você quando caiu e a cozinheira estava com você no mercado. Mas ninguém se preocupou de verificar por que você tropeçou ou quem a empurrou na rua.

- Alguém trombou comigo. Não fui empurrada - contestou Bella. - E, em ambas as vezes, as pessoas estavam ocupadas demais comigo para se preocupar com essas coisas. Eu tampouco me preocupei. E, céus, sei que a criadagem me odeia por todos os acidentes que já causei, mas daí a pensar que todo o pessoal que trabalha com meu pai me queira ver morta?

- Não, claro que não - Edward concluiu mais que depressa. - Dá para você acender a vela e achar o bilhete?

Bella hesitou e não conteve o riso:

O amor é... Cego?Donde viven las historias. Descúbrelo ahora