CAPÍTULO 16 - O BARCO

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Fixamos nossos olhares no índio diante de nós, sentindo uma mistura de incredulidade e indignação tomando conta de nossos sentimentos.

—O que? Você nos enganou? —Perguntei aflita.

—Espere! Se, isto é, mesmo os pergaminhos não entregue a ela. —Pediu Brenda ainda prostrada ao chão.

—O que? Mas como? —Perguntei assustada.

—Não confio em vocês então quando encontrei mantive segredo.

—Me dê! Isto ficará mais seguro comigo. Eu vou atirar! —Ameaçou Sara apontando a arma para Alana. O índio ficou para paralisado. Sara exaltou-se atirando para cima. Alana ficou apavorada e soltou um grito.

—Victória isto pode me matar?

—Não, mas vai te paralisar até ela arrancar seu coração ou sua cabeça. —Explicou Brenda. Fiquei enfurecida sem saber o que fazer, a água estava invadindo o barco ainda mais rápido.

—Me dê e eu as deixo ir! —Declarou Sara olhando para Marlon. A raiva se acendeu dentro de mim, enquanto observava impotente a água invadir o barco com mais intensidade a cada momento. A situação se tornava cada vez mais desesperadora, e a presença dos pergaminhos nas mãos de Marlon apenas intensificava a sensação de impotência e urgência. A voz de Sara soou firme e determinada, lançando um ultimato a Marlon na esperança de recuperar os preciosos pergaminhos

—Você é mentirosa. Vai matá-las de qualquer forma! —Disse Brenda.

—Me dê ou eu atiro nesta garota! —Sara estava com a arma apontada para Alana.

—Vai atirar na sua sobrinha?

—O que? —Alana ficou sem entender.

—Está é irmã de Ester, mãe da Jade.

—Você. Você. —Alana tentava pronunciar, mas sua boca estava trêmula.

—Você não pode! —Marlon completou. Olhei para Alana que também estava sem entender.

—Não pode machucar nenhuma delas, nem mesmo Victória. Você é patética, morre de amor por Emily e isto a faz fraca. —As palavras do índio cortaram o ar como uma lâmina afiada, causando um turbilhão de emoções dentro de mim. A menção a minha mãe, Emily e a acusação de fraqueza mexeram com minhas entranhas, deixando-me aturdida e desorientada. A confusão se misturava com a raiva e a tristeza, enquanto eu tentava processar a informação e compreender a verdade por trás das palavras duras que foram proferidas. Os sentimentos se entrelaçavam em meu peito, formando um nó apertado de incertezas e questionamentos, enquanto eu lutava para encontrar a clareza em meio à tempestade emocional.

—Espere! Minha mãe?

—Victória! O legado é seu! —Marlon jogou os pergaminhos em minha direção, ligeiramente peguei. As palavras dele ecoaram em meus ouvidos enquanto segurava os pergaminhos em minhas mãos trêmulas. O peso do legado repousava sobre meus ombros, uma responsabilidade que eu nunca imaginei ter. Antes que pudesse processar completamente a situação, um disparo ecoou pelo ar, seguido pelo som de um corpo caindo no chão. Olhei em choque para Sara, que acabara de atirar em Marlon. O horror tomou conta de mim ao testemunhar aquela cena de violência.

—Meninas! Correm! Vão! Agora! —O grito desesperado de Brenda cortou o ar, ecoando em meio ao caos que nos cercava. Seus olhos transmitiam urgência e determinação, sabendo que sua vida estava por um fio. Antes que pudéssemos processar completamente a situação, um disparo rasgou o silêncio, atingindo Brenda em um ato cruel de violência. Ainda atordoadas pelo momento, Alana e eu compartilhamos um olhar repleto de medo e determinação. Sabíamos que nossa única opção era correr, escapar daquele pesadelo que se desenrolava diante de nossos olhos. Sem hesitar, movidas pelo instinto de sobrevivência, lançamos em direção ao oceano.

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