— Está tudo bem. — a voz mais grossa do que o natural indicava que não, não estava tudo bem.
— Eu tive vontade de voar no pescoço daquele garoto. — confessou e arrumou sua postura, dando alguns passos a frente para acompanhar a fila.
— Veja o que disse, ele era apenas um garoto. — ergueu os ombros, indicando a pouca importância.
— Ele pode ser jovem, mas não é um tolo. As palavras possuem um efeito poderoso sobre as pessoas, por isso devem ser medidas e calculadas. Não importa quantos anos você tem, medir as palavras é questão de educação. — andou novamente, restando apenas uma pessoa entre as duas e o guichê.
— Eu não me importo. — resmungou.
— Claro, o rosto inchado diz exatamente isso. — debochou. A escritora virou seu rosto em direção à empresária e a fuzilou por debaixo dos óculos escuros.
Lauren preferiu não respondê-la, focando sua atenção na demorada maneira como a mulher a sua frente procurava seus documentos dentro de sua bolsa.
Entregaram seus documentos para a sorridente moça com o uniforme da companhia aérea e despacharam suas malas, caminhando em direção ao embarque logo em seguida.
— Lauren. — Lucy cutucou seu ombro, indicando com a cabeça um pequeno grupo de adolescentes com exemplares do último livro da escritora em mãos. — Está bem para isso? — murmurou. O pequeno grupo se aproximava de maneira tímida das duas.
— Para eles sempre. — suspirou.
— Mas foi um deles... — fora interrompida.
— Errado. — empurrou os óculos escuros para o topo da sua cabeça. — Essas pessoas não estão aqui para me agredir, Lucy. Veja. Até a postura comprova isso. — a empresária então assentiu, afastando-se alguns passos para dar um pouco de privacidade para Lauren e seus leitores.
A escritora sorria timidamente, autografando o que lhe fora pedido e posando para algumas fotos. O pequeno grupo ficou ao seu redor, engajando uma conversa empolgante sobre as obras de Lauren.
— Nós não pudemos ir ontem. — a garota mais alta disse. — Mas soubemos o que aconteceu. — inclinou a cabeça para o lado, mordendo o canto dos lábios.
— Está tudo bem. — confortou.
— Você sabe que não é verdade, certo?! — o único garoto disse. — Sabe que nenhum de nós desejamos que você tivesse sofrido naquele lugar, não sabe?! — a escritora assentiu, encarando seus próprios pés.
— Nós amamos você, e eu posso dizer por todos os seus leitores fiéis que, quando soubemos que você havia vivido isso. — ergueu o exemplar em suas mãos. — Tivemos vontade de voltar no tempo e poupar você de cada coisa descrita aqui. — o sorriso da escritora aumentou, acenando novamente com a cabeça.
— Está tudo bem, de verdade. Eu fico muito feliz em ter pessoas como vocês, sim?! São a principal razão para que eu divida tanta coisa com essas páginas. — apontou um dos exemplares.
A conversa não se estendeu muito. Seu vôo e de Lucy fora anunciado e ela precisou se despedir, com um sorriso grande nos lábios e um aperto gostoso no peito.
Era o suficiente por hora, era o suficiente para fazê-la suportar a longa viagem que a levaria de volta para casa. De volta para a sua garota que compreende. Não que ela fosse sua, literalmente.
— Com quem você tanto fala? — a escritora perguntou, inclinando sua cabeça para o lado, tentando ver a tela do celular de Lucy. — Nós já vamos decolar e você continua nesse telefone. — resmungou, voltando para a sua posição normal por não ter sucesso em sua missão.
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FanfictionSe você pudesse fazer uma pergunta, uma única pergunta, qual seria? Como seu cérebro trabalharia para aproveitar ao máximo a chance? Todas as chances?
Orange
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