XI

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Apesar da morte de Azul ter mexido com todos, a vida tinha que continuar. Eu ia continuar trabalhando, Diana, Flávio e Branca iriam continuar estudando, Dona Jô iria continuar cuidando da casa e Fred iria continuar crescendo.

Em um dia meio parado de trabalho, parei pra pensar em tudo que aconteceu entre mim e Diana, tudo o que passamos juntos nesse tempo juntos.

Tudo começou do nada, eu a vi numa praça e nos apaixonamos, apesar de não contarmos um pro outro. Senti algo estranho, não sabia o que era uma paixão recíproca. Tomamos um café, conversamos sobre tudo e eu a levei em casa. Cheguei em casa radiante, ao ponto de fazer dona Jô perceber que tinha conhecido alguém especial.

Depois disso, nos vimos novamente e ela disse que sentia por mim o mesmo que eu sentia por ela, apesar de não saber que eu sentia algo. Nos beijamos ao pôr do Sol, e isso virou rotina. Também foi a primeira vez que eu vi seu Jaime, nos olhando por uma fresta na janela da casa quando a levei.

Minhas semanas se passaram bem melhores depois que conheci Diana. Tinha mais paciência com meus irmãos, até dava comida a Fred de vez em quando. Dois meses nos encontrando todos os dias, e Diana me diz que contou ao pai dela sobre nós e que ele queria me conhecer. Conheci seu Jaime e descobri que por baixo do semblante assustador tinha um cara super gente boa que só queria o bem pra sua filha, já que foram abandonados pela mãe quando ela ainda era bem pequena. No mesmo dia, ainda saí com Diana e pude ver a importância que tenho pra ela.

Algumas semanas depois, foi minha vez de trazê-la aqui pra casa. Flávio e Branca se comportaram como eu nunca tinha visto antes, e minha mãe fez meu prato favorito como "apresentação" a ela. Seria um dia perfeito, se não fosse pelo incidente de seu Jaime com os remédios. Também foi a primeira vez que eu disse que a amo.

Diana preferiu dormir aqui em casa, não queria dormir sozinha onde seu Jaime havia desmaiado. No outro dia, fomos buscá-lo e ela passou o dia cuidando dele. As semanas se passaram normalmente, até que Jaqueline volta das cinzas contando os perrengues que havia passado. Diana ficou com ciúme dela, brigamos pela primeira vez, mas passou.

Mentira. Não podia tocar no nome de Jaqueline que Diana se chateava. Depois ela explicou que tinha medo de que Jaqueline me roubasse dela, e descobri que era exatamente o que Jaqueline queria. Logo depois disso, Seu Jaime ficou internado, passou por uma cirurgia e entrou em coma. Foi um baque enorme pra Diana, mas também serviu pra que ela ficasse mais forte e entendesse alguns dos ensinamentos de seu pai. Por fim, seu Jaime não aguentou os procedimentos e faleceu. Em seu testamento, deixou uma quantia em dinheiro para que eu pudesse comprar um carro e agradeceu por tudo o que fiz por ele e por Diana. A primeira coisa que eu fiz depois de comprar o carro foi colocar uma foto de seu Jaime no porta-luvas. Sinto que ele estará sempre conosco.

Diana passou a morar conosco, depois que entramos em um acordo com dona Neusa, a guardiã legal dela. O fim de ano foi chegando e dona Jô foi dependendo cada vez mais de Diana. Elas duas se dão muito bem mesmo.

Mal o ano começou, Jaqueline tratou de nos perturbar logo. Veio sem ser chamada, insultou Diana e eu tive que colocá-la em seu lugar. Desde então ela não apareceu mais.

Como nossos problemas nunca deram um sossego, logo depois disso a mãe de Diana apareceu. Diana não chorava desde que seu Jaime havia falecido, mas essa mulher conseguiu mexer com ela. Tive que pegar uma cópia do testamento de Seu Jaime que dizia que não era pra permitirmos que essa mulher chegue perto de Diana. Sinto que ainda não acabou, mas por enquanto ela não apareceu mais.

Ficamos um tempo sem preocupações, até que Azul nos pareceu estranho. O levamos ao veterinário, e soubemos que a qualquer momento ele poderia não estar lá mais. Diana sempre esteve comigo, mesmo quando ele faleceu.

Acho que o que temos juntos é algo quase utópico. Às vezes parece ser surreal demais pra ser verdade, às vezes é como uma relação qualquer. Mas, utópico ou não, eu sou grato por tê-la em minha vida, e sei que ela é grata em me ter na vida dela. Nos completamos, e fizemos de nossas vidas e do nosso amor uma coisa digna de perfeição.

"Sublime, adj. 2 gên. Excelso; muito alto; que paira acima; perfeitíssimo; grandioso; poderoso; majestoso; encantador; esplêndido; sm. O mais alto grau da perfeição."


SublimeWhere stories live. Discover now