Rio de Janeiro, Brasil
23 horas e 30 minutos
– Eu quero levar uma vida moderninha… Deixar minha menininhaaaa sair sozinhaaa…
Olhando torto para o rapaz ao seu lado, Shermmie se perguntou se poderia haver no mundo qualquer pessoa que conseguisse cantar pior.
Maurício, entretanto, ignorava totalmente tanto os pensamentos quanto o olhar da sua amiga e, com os fones do ‘mp3-player’ nos ouvidos, continuava a cantarolar:
– … Mas eu me mordo de ciúmeeee… Mas eu me mordo de ciúmeeee…*
Shermmie bufou e continuou a olhar para o casarão, até, finalmente, avistar o que eles tanto esperavam: Anne, um pouco atrapalhada, saía por uma janela lateral, carregando, como podia, três enormes malas.
– Dá pra acreditar numa cena dessas? – Resmungou Shermmie.
Maurício tirou um dos fones e olhou para a amiga:
– Disse alguma coisa?
– Olha pra aquilo! – Ela apontou para Anne e Maurício seguiu os olhos nessa direção – Consegue aceitar que uma criatura dessas possa ser uma Guardiã?
– Nem todos têm a nossa “sorte”, de ter um tirano opressor como treinador desde criança.
– Essa daí, nem com o melhor treinamento vira guerreira. Pra isso precisaria morrer e nascer de novo. Saca só, ela tá procurando pela gente.
– Até aí tudo bem, né Shermmine? Ela não tem a obrigação de enxergar duas pessoas escondidas dentro da casinha de um cachorro. – Ele olhou para trás deles, onde um grande pastor alemão estava amarrado pelas patas e pelo focinho, e sorriu. – Er… Foi mal aí, amiguinho.
Shermmie saiu da casinha do cão e acenou para Anne:
– Aqui, sua tapada!
Ao avistá-la, a loira se aproximou, arrastando as malas pelo chão:
– Como vocês conseguiram entrar aqui? – Ela olhou para o estado em que se encontrava o cachorro – Er… Esse cão é bravo.
– Que nada! – Brincou Maurício, dando dois tapinhas na cabeça do animal, que o encarava com profunda raiva – É um bom garoto. Qual o nome dele?
– Eu não sei. – Respondeu Anne, ainda perplexa.
– Como não sabe o nome do cachorro da sua casa?
– Não é um bicho de estimação, é da equipe de segurança. Aliás, onde estão os seguranças?
– Dormindo. – Respondeu Shermmie, tranquilamente – Fiz um acordo com o Mau: ele cuidava do cachorro e eu dos seguranças. Foi moleza. Agora me responde, garota, tá achando que vai pra onde? Pra um cruzeiro de férias? Me diz, pra que tantas malas?
– Você não me deu uma previsão de quanto tempo ficaríamos fora, então trouxe o básico pra pelo menos um mês.
– Tem roupa aí pra dez pessoas se vestirem por um ano.
– Deixa isso pra lá, Shermmine – Pediu Mau, saindo de dentro da casinha e trazendo consigo duas mochilas, entregando uma delas à amiga – Melhor irmos logo, senão perdemos o voo.
A garota concordou:
– É, e não queremos que isso aconteça. Vamos logo encarar nossas vinte e tantas horas de viagem.
Dizendo isso, virou-se e seguiu em direção ao portão de saída da mansão. Maurício ajudou Anne, pegando duas de suas malas, e seguiu a amiga.
A loira olhou por um momento para a sua casa. Suspirou, e já ia seguir os outros dois quando olhou, perplexa, para o cachorro que se sacudia, tentando se soltar.
ESTÁ A LER
Guardians
FantasyO mundo dos homens é protegido do mundo de malignas criaturas por uma barreira dimensional. Frágil e sob constante ameaça, ela é protegida por doze guerreiros sob os signos das estrelas: os Guardiões. A missão desses jovens, que contam com poderes s...