Uma garotinha especial

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Lucas

Estava atravessando a rua, faltava pouco pra chegar, meus pais já estavam lá. Entrei em seu quarto, já sabia onde era, já fui umas mil vezes nele. Eu estava cheio de sacolas, alguns brinquedos e alguns doces que ela amava. Estava tão feliz, a tortura iria acabar, as noites sem ela, sem sua risadinha e sem sua presença, iriam voltar ao normal. A esperança de ver seu sorriso em seus lábios, sem aqueles malditos tubos e menos pálida tomava conta de mim.

Entrei no quarto, a única coisa que vi foram meus pais.

-Cadê Alice? Ela ainda não voltou da cirurgia? - pergunto preocupado.

-Não meu filho, ela não está resistindo, está quase morrendo. - meu pai diz chorando.

Eu senti ódio, raiva, por que EU não era compatível a ela? Porque não pude salvá la? Senti meu rosto arder, raiva, tristeza.

-EU QUERO A MINHA IRMÃ AGORA!

-Filho calma, por favor - meu pai dizia tentando me controlar.

Ela era a única coisa que eu tinha. Ela tinha apenas 11 anos, era jovem, não podia estar morrendo!

-Se ela está morrendo, porque não a deixaram aqui? Na cama? Conosco? - pergunto alterado.

-Eu não sei, estamos esperando respostas do médico, tenha fé.

-fé? Haha, FÉ? NÃO ACREDITO MAIS NESSA PORRA DE FÉ! EU TIVE FÉ DESDE O COMEÇO E O QUE ACONTECE? ELA ESTÁ MORRENDO! E EU NÃO POSSO FAZER NADA! SE DEUS REALMENTE GOSTASSE DE MIM, NÃO LEVARIA A ÚNICA PESSOA IMPORTANTE DA MINHA VIDA! ELE A DEIXARIA VIVER! - eu gritava, nesse dia, perdi totalmente a maldita FÉ em Deus.

Os soluços de minha mãe aumentavam. O médico entrou no quarto, fazendo todos se levantarem:

"Eu sinto muito... ela... Não resistiu"

Meu mundo desabou naquele momento...

Acordei Suando, mais um pesadelo, pulei na cama, estava no sofá que ficava ao lado da cama de Laura, o dia estava amanhecendo. Demorou alguns bons minutos para me tocar que tudo aquilo que já vivido uma vez era mais um maldito pesadelo. Comecei a chorar baixinho, queria Alice comigo, brincando, eu tinha apenas 15 anos e ela 12, queria meu anjo de volta, minha total felicidade, minha princesa. Vou para o banheiro que ficava no quarto de Laura, eu estava péssimo, pálido, com os olhos vermelhos e meu cabelo estava horrível. Fiquei preocupado quando percebi que mal me lembrava como fui parar no sofá desse quarto. Mas lembrei que os pais de Laura iriam vir pra ficar com ela de dia e de noite eu ficaria como acompanhante. Já que sou maior de idade, posso ficar com minha bebê.

Me lembrei também que Anne, a mais nova enfermeira de Laura, me entregou algumas coisas minhas que Leo e Nic fizeram questão de buscar pra mim. Tomei um banho pra vestir uma das roupas. Choro o banho todo, nunca perdoei Deus pelo que ele fez com minha Alice, nunca aceitei essa perda. Eu tinha crises de saudades as vezes, essa era uma delas. Mesmo não acreditando mais em esperança, tenho a esperança que a minha namorada se cure, ela vai sair dessa, eu sinto isso.

Nunca contei a ninguém essa minha perda, meus pais mudaram comigo, não conversavam mais comigo, porque como todo bom crente, meus pais diziam que quem não acredita em Deus, não merece nada vindo dele.
Saio do banho que dura aproximadamente 10 minutos. Seco minhas lágrimas tentando contê las. Saio e paro nos pés da cama de Laura. Ela dormia como um anjo, mesmo sua aparência estando nada boa e aqueles tubos nela, ela continuava linda. Sorri e fui em direção ao sofá novamente. Quando estava quase sentando de novo, ouço ela se mexer. Eu ainda estava chorando por causa das lembranças, quando Laura acorda, sua carinha de sono é tão fofa:

Destino De LiberdadeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora