Pelas minhas pestanas, que se agitavam, o sol brilhava de forma tediosa, enquanto alguma música da minha playlist tocava automaticamente. O meu cabelo reluzia acobreadamente, sobre o meu peito. O Louis e eu estávamos espalhados pelo sofá da sala dele, a dormitar. Estávamos privados de sono há alguns dias, numa ânsia inútil de chegar a resultados, a algo interessante, uma teoria palpável.
Sempre que montávamos hipóteses, chegávamos a becos sem saída ou a ruas sem fim. Por isso mesmo, dormir deixara de ser uma prioridade, apenas havendo tempo para o trabalho e comida. Mas já tinham passado mais duas semanas e decidimos acabar com a caçada imaginária.
Foi divertido. Mas eu tinha uma casa e um banho que tomar.
Deixei algo escrito num papel, para que o Louis não se preocupasse comigo e comecei a guardar o que me pertencia na minha pasta.
Fechei a porta de casa, ao sair, soando mais alto do que esperava. Esbarrei contra alguém nesse momento.
"Oh, desculpa..." Um olhar cínico analisou-me e eu recuei. "Ias a algum lado?" O Zayn sorriu, mas mesmo através da sua beleza era quase imediatamente clara uma aura de escuridão que não lhe parecia pertencer verdadeiramente, mas que consistia em algo demasiado malvado para eu conseguir vencer a frase que me saiu da boca.
"Sai da porcaria da minha frente ou eu juro que te mato." Até eu conseguia sentir o leve receio nas minhas palavras, mas com o meu queixo levantado e uma postura completamente direita, eu tentava, ao menos, fazer bluff.
Ele riu-se com uma superioridade que me eriçava os pelos dos braços nus. "Querida." Ele comentou com a cabeça descaindo e um sorriso. Sempre tão condescente, hm?
Ele conseguia cobrir-me por completo. Era uns quinze centímetros mais alto e isso fazia-me sentir frágil. Abracei a minha cintura com os meus braços de forma protetora. "Que é que queres?" Perguntei direta, movimentando a minha cabeça para afastar o meu cabelo da cara e desviar os meus olhos dos dele.
Acho que ele não gostava quando eu não entrava nos jogos dele, porque o seu olhar tornou-se gelado instantaneamente. Ele cruzou os braços. "Não penses que adoro ter de falar contigo, que és uma companhia agradável, escura, mas tenho de te pedir gentilmente que pares de meter o nariz em assuntos que não te dizem respeito."
"Bastante gentil, concordo." Quis dizer. Acabei por não ter tempo, sendo que ele deu meia volta e começou a andar. "Pensas que mandas em mim? Eu não podia querer saber menos se aprovas ou não do que eu faço. Estamos num mundo livre, não é?" Estendi os braços horizontalmente de forma triunfante, com um sorriso meio desafiante. Observei-o, enquanto ele tirava o seu tempo para me olhar de esguelha por cima do ombro.
Eu sabia que não devia ter dito aquilo, mas, por alguma razão, quis dizê-lo. Poucas vezes conseguia assistir a uma injustiça sem fazer alguma coisa sobre isso.
E ele também me irritava. O corpo dele movimentou-se em torno da sua posição inicial, como que indeciso. "Não vês que isto ultrapassa quaisquer vontades que tenhas?! Tenho mais que fazer do que aturar miúdas mimadas que não sabem quando se têm de afastar." Ele rosnou continuando a andar.
Senti a raiva a crescer dentro de mim, mas talvez fosse apenas frustração. Não sabia bem o que fazer, mas dei meia volta nos meus pés e puxei a porta. Entrei dentro de casa, de novo. Suspirei dirigindo-me ao salão.
"Louis. Acorda." Eu disse, abanando-o.
Ele grunhiu, desumanamente, mas acordou. "Hm? Que foi?"
"Eu tenho uma ideia."
"Ainda bem." Ele deitou-se de novo.
"Oh meu Deus, levanta-te!"

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swan || z.m.
Fanfiction"Sentia-me a escamar. Todos os dias perdia mais um pouco de mim, cada camada a ameaçar ser a gota de água necessária para me derramar. Já não sei quem sou e duvido ser quem queria ser. Tudo o que quero é o que ele quer porque sinto que o tenho de re...