Um - Pra que servem as rosas?

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"Para as rosas, escreveu alguém, o jardineiro é eterno." - Machadode Assis 

- Mãe, a casa é bonita?

- Como não poderia ser, filha? E, bem abaixo de sua janela tem um canteiro de rosas.

- De que cor? – Jennypher estava muito empolgada com a mudança. Mas do mesmo jeito ela continuava triste com a ideia de ter que se mudar. Toda a sua vida tinha sido no velho apartamento na cidade grande. Era uma vida tranquila, mesmo que ela morasse na cidade grande, ela tinha uma vida confortável, mas agora, ela estava indo em direção ao desconhecido, em uma cidade pequena. E onde é que estava o seu pai? A última vez que o vira, ele estava com o cabelo cortado, na verdade quase careca, e usava um tipo de roupa verde de dois tons. O seu pai tinha trabalhado por muito tempo no exército, mas ele tinha sido aposentado por fortes dores nas costas.

Já se fazia seis meses desde que o seu pai se fora.

Sua mãe era jardineira, o que combinava com a sua estatura mediana, quase baixa. Chamava-se Clair. E para completar o nome, ela tinha vindo ao mundo com olhos marcantes, no formato de olhos de gato, verdes claros com pequenos pontinhos escuros.

- Vermelhas. Suas favoritas - Respondeu Clair – Jennypher, coloque os pés no chão - Se tinha uma coisa que Clair tinha medo, era de levar uma multa. O pior iria levar uma multa no dia da mudança.

- Desculpe, mãe – disse Jennypher colocando os pés no chão do carro, – é que eles apoiados na janela me deixam confortável. Enfim, falta muito pra chegarmos?

- Não, acabamos de chegar!


- Como você não sabe onde está o controle? O que é que você faz da vida? Nem a escola você vai direito. Só faz assistir à televisão...

- Você não se cansa de falar? Eu não tenho uma bola de cristal. Procure.

- Se você acha que... Daniel? Daniel? Volte aqui. Eu estou falando!

Mas, ele não se encontrava mais lá. Era um típico começo de dia na vida dos Hepburgs, e ainda assim estava calmo.

Judith, esse era o nome da mãe de Daniel, estava sempre atenta as falhas que o seu filho poderia fazer. Era uma mulher acima do peso. Ela ficara assim depois da separação. Não conseguia mais fazer nada de produtivo, além de comer e brigar com os seus três filhos e com a vizinhança. Mas a pessoa que ela tinha prazer em atormentar era Daniel.

Daniel era um menino revoltado, ele ficou assim depois que o seu pai os deixara, e achava que isso nunca iria mudar. Ele estava indo pro terceiro ano do Ensino Médio naquele ano, e não via à hora de acabar com os estudos e se mudar daquela cidade, por isso que às vezes ele fazia alguns bicos pela cidade.

O dia já chegara ao seu crepúsculo, e ele continuava andando. Queria encontrar um lugar para descansar, na verdade ele estava a fim de socar algo duro. Queria sentir toda a sua raiva ir embora com um simples soco. Era uma dor que valia a pena.

- Ei! Cuidado! Minhas rosas!

Daniel despertou como num choque. Ele estava em frente da antiga casa dos Langs. Eles tinham se mudado de lá há um mês, e parecia que os novos moradores chegaram. E que bela primeira impressão ele estava lhes dando. Quem gritava com ele era uma menina morena de cabelos ondulados. Ela estava vestindo um vestidinho leve com estampa de flores que pareciam ter sido pintadas. Ao lado dela uma mulherzinha com olhos de gato verdes, vestindo um macacão. O cabelo vermelho curtinho completava o seu look. Ela estava pegando uma caixa de papelão dentro do carro Fox prateado.

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