Capítulo 21 (3 parte e Ultima)

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- Baile de primavera?

Empaquei diante do grande e colorido cartaz afixado numa das paredes do pátio, após ler as três palavras que apareciam em seu título.

- Nossa, só agora você reparou nisso? - Cami perguntou, surpresa com meu choque - Está aí há umas duas semanas, pelo menos.

Impossível. Essa era a palavra que ecoava em minha cabeça, como uma sirene de ambulância. Era absolutamente impossível que aquele cartaz estivesse ali há duas semanas. Como eu poderia ter passado por ele durante quase dez dias e não o ter visto? Quer dizer... Uma coisa tão divulgada como um baile de primavera deveria ter saltado aos meus olhos, certo? Olhei em volta, caçando outros cartazes, e não precisei ir muito longe para encontrá-los. E não foram poucos. OK, talvez eu tenha andado preocupada demais com conflitos internos para reparar neles. Eu nunca reparo em nada que acontece naquela escola mesmo, a não ser que envolva pessoas de meu interesse.

- Um baile de primavera? - repeti, ainda incrédula, e só então meus olhos se dirigiram à data do evento - Nesse sábado?

- Isso mesmo,(S/N) , um baile de primavera - Cami bufou, revirando os olhos e me puxando pela mão até o lugar onde costumávamos ficar durante todos os intervalos - Para pessoas sociáveis interagirem e se divertirem, o que não costuma se aplicar a nós, pelo menos não no meio dessa gente.

- Se ser sociável é ser fútil que nem a Smithers e as outras meninas dessa escola, nunca quero deixar de ser anti-social - falei, e ela concordou com um aceno de cabeça - Na verdade, nem sei por que fiquei tão afetada com esse baile... Não vou participar mesmo.

- Nem eu - Cami deu de ombros - Você podia dormir lá em casa, né? A gente comprava barras de chocolate e passava a noite falando de homens bonitos... O que acha?

- Eu topo, mas prefiro que seja lá em casa - assenti, me lembrando de minha mãe e da saudadezinha que eu já estava sentindo dela, assim como de meu quarto, meu reino sagrado, meu santuário imaculado e todos os outros nomes religiosos que você pode imaginar - Já passei muitas noites fora de casa ultimamente.

- Tenho certeza de que nossa noite vai ser muito mais divertida do que a desse povo fútil - ela disse, convicta, e eu ri de sua expressão convencida - Falando em futilidade, acabei de me lembrar de que preciso pegar o livro de geografia para a próxima aula... Vem comigo até meu armário?

- Claro - respondi, rindo novamente de seu comentário sobre geografia e futilidade, opinião com a qual eu concordava plenamente, levando-se em consideração que nosso professor era ninguém mais, ninguém menos que Christopher Hammings.

Chegamos rapidamente ao armário de Cami , e assim que ela o abriu, um pedaço de papel caiu de dentro dele. Ela franziu a testa, desconfiada, e pegou o papel do chão, lendo seu conteúdo logo em seguida. Seus olhos se arregalaram após ler o curto texto escrito no bilhete, e vendo que ela estava paralisada diante do que lera, arranquei o papel de sua mão, curiosa.

Estou em Londres, e doente de saudades de você. Use o vestido mais bonito que tiver, porque na noite de sábado, você vai ser minha. E se já tiver um par, aconselho que dispense o idiota, a menos que ele queira perder alguns dentes. E.

Não consegui dizer nada; apenas olhei para Cami , que se mantinha imóvel, tão em êxtase quanto eu. Ambas sabíamos muito bem quem havia escrito aquele bilhete, mas a surpresa era grande demais para termos qualquer tipo de reação.

- (S/N)... - ela murmurou após alguns segundos de silêncio, me encarando com um misto de medo, surpresa e insegurança no olhar - Eu conheço essa letra como a palma de minha mão... É a letra do...

Biology (A Editar)Where stories live. Discover now