Trinta e quatro

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Mensagens:

Bernardo: pelo amor de Deus, alguém sabe como ela está?

Bruna: Mandei mensagem pra tia Fernanda e ela disse que a Cléo já foi para casa. Só não posso dizer o que ela teve.

Lucas: Por que não?

Bruna: Perguntem pra Cléo depois.

Bernardo: Estranho. Não tem ninguém no apartamento aqui do lado. Acho que vou no apê do pai dela. Alguém tem o endereço?

Lucas: Tá maluco, B.? O homem é uma fera!

Bernardo: não me importo. Só preciso ver como ela está.

Lucas: eu disse fera? Não, meu caro. Ele é do tipo, "tenho uma arma, uma pá, e uma cova te esperando no cemitério se chegar perto da minha filha".

Bruna: vou te passar o endereço.

Bernardo: valeu, Bru.

Lucas: ótimo. Agora além da Cléo vamos ter que nos ocupar também com o velório do Bernardo. Já vou dizendo que preto não me cai bem!


Capítulo Trinta e quatro

Estou morta. Não no sentido literal, claro. Mas o cansaço tirou todas as forças que eu poderia ter. A noite no hospital foi horrorosa.

Tive que esperar um pouco para ser atendida e, depois dos médicos me revirarem do avesso imaginando mil possibilidades para o meu problema, o diagnóstico foi dado: dismenorréia primária. Ou, no bom português, cólica menstrual do capeta.

Meu pai só faltou chutar o chão quando soube, pois, segundo ele, o fiz sofrer à toa por um mero problema feminino. Nossa, valeu mesmo pela consideração, senhor Rogério!

Minha madrasta ao menos foi mais compreensiva, porque ela sabe o que é ter esse tipo de dor aguda. Quando viemos para casa me deu os remédios para aplacar o desconforto e colocou uma bolsa de água quente na região de minha barriga me mandando tentar dormir.

O que foi bem difícil com mamãe e Rafa chegando no meio da madrugada para me ver. Mesmo meu pai tendo dito a ela por telefone que a ida ao hospital não tinha sido nada demais mamãe não acreditou e preferiu ver com os próprios olhos.

Depois se instalou uma briga entre os dois, porque ela queria me levar para casa para cuidar de mim. O barraco durou até quase cinco da manhã e teve até vizinho interfonando para reclamar do barulho.

Com tudo mais calmo e mamãe se convencendo a ir embora (a pedido meu) consegui pegar no sono.

Acordei agora a pouco, quase três da tarde. Acho que meu pai e minha madrasta já estão de pé porque alguém foi atender o interfone que está tocando loucamente.

Saio da cama apenas para ir a cozinha pegar alguma coisa para comer. É quando ouço meu pai falar com o porteiro pelo interfone.

-Não, a Cléo não conhece nenhum Bernardo. Não deixa subir.

Fico perplexa, parada na porta da cozinha.

Ai, meu Deus, o que é que o Bernardo está fazendo no meu prédio?! Será que soube do caso do hospital e veio me ver?! Só pode ser isso!

Mesmo com dor volto para o quarto correndo e pego meu celular. Ouço o interfone tocar mais uma vez. Meu pai atende furioso.

-Não. Já disse que não é pra deixar subir!

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