Perguntei enquanto me levantava da mesa. Ela balançou a cabeça, sorrindo.

— Claro filha, vai lá.

Corri até minha mãe, dei um beijo em sua testa e subi pro meu quarto.

Fiquei meio mal por mentir pra minha mãe sobre o trabalho, mas quando eu via Justin jogando basquete com aquela camiseta suada, as tatuagens expostas, eu simplesmente esquecia de tudo, e de todos.

Desde do primeiro dia das aulas, que foi no começo do ano, eu senti uma quedinha por Justin. Ele é muito gato. E como eu tenho apenas 17 anos, meus hormônios estão na flor da pele. Toda quarta-feira, Justin jogava de meio dia até uma da tarde, a hora em que começa as aulas, e eu sempre ia assisti-lo, mesmo que ele não me visse lá. Mas hoje eu acho que ia ser diferente. Ontem conversamos a beça na festa, tinhamos tantas coisas em comum, até trocamos números de telefone. Resumindo, a noite de ontem deu pra ele me notar bastante.

Mandei uma mensagem pra DJ me encontrar no ponto de sempre às onze e meia, e fui tomar um banho relaxante pra ter que aturar certa pessoa hoje. Depois do banho, tomei um remédio para dor de cabeça que ainda maltratava meu crânio, depois tratei de escolher alguma roupa bonita pra impressionar um certo alguém.

Optei pela minha calça jeans preta, uma blusinha branca com mangas compridas mas que mostrava um pouco minha barriga, e nos pés meus inseparáveis coturnos. Passei uma maquiagem forte nos olhos, apenas para destacá-los, meu batom vermelho, peguei minha bolsa, meu celular e desci. Me despedi da minha mãe, e nada de Chris ainda. Cheguei no ponto de ônibus, e Dinah estava lá em pé, me esperando. Assim que me viu guardou o celular e veio na minha direção.

— Hey.

Dei um tapinha em seu braço, ela fez uma cara de preocupada. Eu franzi o cenho.

— Cara, como você está em pé?

— Como assim?

— Você estava muito mal ontem, mas... — Dinah passou a mão nos cabelos, nervosa. Ela estava escondendo alguma coisa de mim. Eu conhecia Dinah muito bem. Anos de convivência. — Deixa pra lá, animada pra ver sua alma gêmea? — ela mudou de assunto.

Dinah falando de Justin comigo? É sério isso? Mas, se eu estava animada pra ver Justin correndo com o corpo todo suado e de shorts pela quadra? É óbvio que eu estava, e metade da escola também.

— Claro, não vejo a hora. — respondi suspirando, com um sorriso enorme no rosto.

Dinah soltou uma gargalhada, e eu enruguei a testa. O ônibus chegou na mesma hora, conversamos animadamente sobre o time de basquete de Justin até chegar na escola. Dinah também era afim de um jogador do time de Justin, Alfredo o nome dele, e a nossa amiga Ally também, Troy era a paixonite dela. Então já da pra imaginar porque nunca perdíamos um jogo de basquete nas quartas, e os três eram amigos inseparáveis, para a nossa sorte. Mas Dinah não gostava do Justin, sei lá, sempre quando eu falava dele ela ficava estranha, revirava os olhos.

Quando saímos do ônibus, Ally já estava nos esperando na entrada da escola, um sorriso enorme estampado no rosto, a baixinha também era igualzinha a mim. Ansiosa.

— Allyyy.

Eu corri até ela, a abracei forte, ela correspondeu.

— Animada pro jogo?

A baixinha sussurrou no meu ouvido. Me senti corada na hora, mas me afastei para olhar pra ela. Dinah estava ao nosso lado, com um sorriso nos lábios.

— Mais ou menos, você sabe né.

Eu disse divertida. Parecíamos aquelas adolescentezinhas que ficavam apaixonada pelos gatinhos da escola. Ally ergueu as sobrancelhas, e cruzou os braços, Dinah riu.

— Aham, sei.

Ficamos apenas alguns minutos conversando na frente da escola, esperando nosso glorioso time de basquete passar por ali. Mas apenas quem passava era alguns alunos que não me importavam. Dinah olhou pra alguma coisa, ou alguém atrás de mim, e riu. Mas eu não me virei, continuei falando com Ally.

— Sua alma gêmea chegou. — Dinah disse com um sorriso maldoso, cruzou os braços e apontou com a cabeça pra algum ponto atrás de mim. — Olhe!

Meus olhos se arregalaram, e eu me segurei pra não virar pra trás.

Ele tinha chegado, ele tinha chegado.

Ally estava na minha frente, ela moveu a cabeça pro lado, vendo meu Justin e começou a gargalhar... Porque elas estavam rindo? Não importa, eu iria ver ele de novo, isso era tudo que importava.

Ajeitei a alça da minha bolsa no meu ombro, passei a mão nos meus cabelos, arrumando-os, meus lábios se formaram num sorriso largo, e me virei pra vê-lo. Meu sorriso se desfez em apenas um segundo, minha cabeça pareceu queimar, meu maxilar se apertou e a dor que ardia meu crânio voltou a perfurar tudo.

Pensando bem, eu fui bastante idiota em saber que Dinah chamaria Justin de minha alma gêmea, no fundo eu já sabia que era ela, mas meu corpo todo estava torcendo para não ser.

Não era Justin que tinha chegado, era Camila.

Camila Cabello, a insuportável. Ela estava descendo do seu Range Rover. O sorriso nojento e asqueroso no rosto, enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha. Uma menina, - a otária da vez - saiu do seu carro, as duas trocaram um rápido selinho e a menina se distanciou. Eu estava enojada só com aquela cena.

Nossos olhos infelizmente se encontraram, ela sorriu malicioso enquanto seus olhos percorreram meu corpo, ela ergueu o olhar e piscou pra mim. Senti meu peito arder pela raiva que eu sentia por aquele ser maldito, que me deixava de mal humor todos os dias, durante esse pequeno tempo de sete meses que eu estudo aqui. Que garota nojenta.

Éramos da mesma sala para piorar tudo, ela não me deixava em paz um mísero dia. Ela era o motivo de eu ainda não ter ficado com Justin, eles são amigos e ela deve contar toda mentira do mundo pra ele sobre mim.

Camila não quebrou nosso contato visual e eu simplesmente não conseguia desviar meu olhar dela. Meu coração acelerava tanto que eu poderia correr até ela e socar aquele nariz em pé. Ela começou a andar em minha direção, minhas mãos se formaram em punhos. Eu odiava essa garota com todo o meu ser. Porque sempre ela era que despertava o pior de mim? Nenhuma outra pessoa tinha me feito ficar com tanto mal humor e raiva além dela. Ela gostava de brincar comigo, mas eu não iria deixar isso ficar barato e ela sair por cima, não mesmo. Camila Cabello não me conhece mesmo, e ela não irá gostar de me conhecer.

meu tt: @jaurehost

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