No time de vôlei da Universidade de Haneul, Jimin e Minjeong são estrelas em lados opostos da mesma quadra uma como levantadora estratégica e fria, a outra como ponteira explosiva e adorada por todos. Desde o primeiro treino, as duas não se deram be...
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Kim Minjeong.
O reflexo do Camaro desapareceu na curva, mas a imagem dela ficou. Ficou, como uma marca que o tempo não apaga, como um som que continua ecoando mesmo depois do silêncio.
Desde aquele instante, tudo começou a girar devagar, como se algo tivesse se deslocado dentro de mim e eu não soubesse exatamente o quê. A cada segundo que passava, a pergunta voltava, insistente, como uma batida constante: por que eu não consigo parar de pensar nela?
Três dias atrás, eu não suportava Jimin. Ela era fria, calculada, com aquele olhar que parecia atravessar qualquer um. Três dias. E agora... era como se eu tivesse aberto uma porta e deixado algo perigoso entrar.
Tentei rir de mim mesma. Ridículo. Eu tinha tudo. Um namorado que me amava, um time de vôlei, uma família que se orgulhava de mim, a faculdade dos sonhos. Eu tinha a vida sob controle.
Ou pelo menos era o que eu repetia, pra ver se acreditava.
Levantei o olhar e lá estava ele. Sung. Parado bem na minha frente, com aquele sorriso fácil, as mãos nos bolsos e o cabelo bagunçado pelo vento. Ele era bonito, confiável, familiar. Era o certo.
Então, sem pensar, eu o beijei.
Não foi planejado. Foi instintivo, quase um reflexo de defesa. Eu precisava de silêncio. Precisava de qualquer coisa que me fizesse parar de ouvir a própria cabeça.
Mas no meio do beijo, veio ela.
Jimin.
O som do motor, o olhar firme, o modo como ela segurava as chaves tudo atravessou minha mente como um relâmpago. O beijo que eu dava não era mais sobre Sung. Era sobre me calar. Era sobre tentar esconder o fato de que o meu cérebro, traidor, insistia em trazer a pessoa errada pro lugar errado.
Há uma explicação pra isso lembro de ter lido em algum lugar.
Quando tentamos afastar um pensamento, o cérebro o repete. Ele volta com mais força, só pra garantir que não seja esquecido. Como uma criança birrenta que não aceita ser ignorada.
E ali estava eu, beijando o namorado que dizia me amar, enquanto o rosto que invadia minha mente era outro. Os lábios do Sung tinham gosto de culpa, de negação, de alguém tentando apagar fogo com gasolina.
Afastei-me devagar, respirando fundo. Ele me olhou surpreso, depois riu baixo.
— Uau... — disse, ainda com um sorriso. — Não tava esperando por isso.
Senti o peso da própria respiração.
— Eu também não.
Ele passou a mão pelos cabelos, meio sem jeito.
— Olha, eu queria te pedir desculpas por antes. Eu fiquei meio... — procurou a palavra — com ciúmes do Yeon. Eu sei que ele é seu melhor amigo, mas eu exagerei.