Capítulo 1

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Foi difícil dizer adeus a minha mãe, mas eu sabia que era uma boa escolha e que ela me apoiaria, como já estava fazendo. É que não sou muito boa em despedidas mesmo.

- Com Deus minha filha. - minha mãe falou e me deu um abraço apertado no meio da rodoviária.

- Fica com Deus também. - respondi a abraçando mais ainda, não queria chorar e não ia.

- Se cuida May. - Dona Sara falou me soltando do abraço.

- Se cuida também mãe. - acenei me afastando e subi no ônibus, procurei minha poltrona e me acomodei.

Acenei de novo da janela e o ônibus seguiu viagem. Estava indo cursar Psicologia na UNA, uma universidade federal de São Alfeu, uma cidade que fica no estado de São Paulo e com 70 mil habitantes, uma cidade muito bonita por sinal.

Meu pai nos abandonou quando eu tinha cinco anos e nunca mais o vi, não lembro muito dele, a não ser seu nome, Thiago, e em fotos que minha mãe guardava de quando eu era pequena, minha mãe toca muito nesse assunto hoje em dia. Minha mãe ficará sozinha, mas eu sei que ela vai se cuidar, assim como sempre se cuidou e cuidou de mim.


Estava cansada da viagem, cheguei a São Alfeu já era madruga de sábado, as aulas começavam segunda, eu tinha visto na internet uma república/pensão que ficava bem perto da universidade, não sei como consegui vaga por que é super disputado, mas deu tudo certo, minha mãe ia me ajudar pagando mensalmente. A república era comandada por uma mulher, não imagino como ela seja, mas torcendo para que seja gente boa.

O táxi parou em frente à república "Os Elementares", haha! Eu também achei esse nome engraçado quando vi no site. Olhando da calçada dava pra ver os dois andares da república/pensão. Paguei ao taxista e já com as malas na mão atravessei o portão de grade enferrujado.

Entre no primeiro cômodo e era parecido com uma recepção de hotel, só que bem menor, sem tanto luxo e sem recepcionista.

- Boa noite querida. - levei um susto, uma senhora saiu de um dos corredores, era até uma afronta pensar nela como senhora, porque ela era muito bonita, aparentava uns 45 anos, mas a chamarei de senhora por educação. Ela ajeitou seu robe pérola de seda: - Desculpa! Te assustei?

- Um pouco... - confessei rindo um pouquinho.

- Desculpas novamente. Eu me chamo Cassandra, você deve ser a Maíra?

- Sim sou eu. Mas pode me chamar de May, todos me chamam assim.

- Ok... May vou lhe entregar a chave do seu quarto, fica no 1° andar, quarto número 5, você vai dividir o quarto com outra garota.

- Entendi. Tudo certo.

- Me acompanhe.

Subimos as escadas e ela me mostrou qual quarto era.

- Se precisar de alguma coisa estarei lá embaixo, sua colega de quarto ainda não chegou, mas fique a vontade, afinal aqui será sua casa por algum tempo. - ela sorriu, todos os dentes perfeitos e branquíssimos.

- Obrigado. Assim espero também. - sorri, não sabia como iria me sair na Faculdade, mas sentia que tudo sairia bem.

- Boa noite!

- Boa noite! - virei de costas e coloquei a chave na porta e girei, o número 5 gravado na porta, entrei no quarto e acendi a luz.

O quarto não era nem grande nem pequeno, o tamanho suficiente pra duas pessoas. Uma cama em cada extremidade do quarto e uma janela no meio, deixei as malas no chão e fui até ela olhar a rua, a rua estava deserta sem nenhum movimento, a república também estava bem silenciosa, imagino que não tenha chegado muito gente ainda.

Estava cansada, prometi a mim mesma que desfaria as malas quando o dia amanhecesse. Escolhi a cama do lado direito, me deitei, cobri-me com o coberto e tentei pegar no sono, pensei na minha mãe, na Nessa, minha amiga de infância e que tinha me dado total apoio nessa decisão em vir pra cá. Só espero que ocorra tudo bem por aqui, a Cassandra parece ser gente boa, a república/pensão me agradou bastante de primeiro momento, tudo bem organizado e que na faculdade dê tudo certo. Pensando... Adormeci.


- Acordaaaaaaaaaa! - gritaram.

Ai meu Deus quem é? Onde eu estou?

Lugar novo. Cama nova. Quarto novo.

Custei me dar conta de que estava no quarto da república, ao qual eu tinha chegado horas atrás. Abri os olhos. Já havia adormecido

Que cabelo rosa é esse? Passava da altura dos ombros o seu cabelo, ela tinha um rosto bonito, com traços bem definidos e finos.

- Quem é você? - falou arrogantemente a de cabelo rosa.

Espreguicei-me, sentei na cama:

- Meu nome é Maíra e o seu? - respondi super seca também.

- Candy Fadel. - ela encheu a boca pra falar, quase ri na cara dela. - Falei que eu queria um quarto só pra mim. - ela andava pelo quarto e indagava.

- A gerente do lugar falou que chegaria mais alguém, pra ficar no quarto.

- Então ela está muito equivocada, eu deixei bem claro que queria um quarto só pra mim. - deixou as malas no chão e saiu do quarto batendo a porta.

Meu Deus! Que menina doída, era melhor eu não caçar encrenca, sou nova aqui e não queria começar criando inimizades, se tivesse que mudar de quarto eu já estava mudando pra ontem.

Olhei no relógio, eram onze horas da manhã, me levantei, troquei de roupa, meu celular tocou:

- E aí May, como está por aí? - era a Nessa, minha melhor amiga.

- Oi! Tudo ótimo, tirando algumas coisas... - contei tudo a ela desde a minha chegada, da menina de cabelo rosa, e falei que estava com muita saudade dela. Ela me desejou boa sorte, mandei um abração e ela desligou o telefone.

Ouvi passos no corredor, a Miss Candy devia estar voltando. Dito e feito, entrou no quarto uma fera e com uma cara de merda.

- A mulherzinha lá Cassandra disse que está lotado todos os quartos, e que ela dividiu quem ficaria em cada. Vê se pode? - ela me olhou indignada. Ela estava puxando assunto? Como é cínica a fulana.

- Então... - respondi mesmo não querendo.

Candy pegou suas malas e colocou em cima da cama, se sentou bufando. Pelo jeito ela tinha se convencido de que não tinha outro jeito, teria que ficar comigo no quarto. Rá!

- De onde você é Candy? - perguntei.

- De São Paulo, por quê?

- À toa. - vixi tentar puxar papo com ela não ia rolar.

Um sinal alto tocou, parecido com esses de escola.

- O que será isso? - perguntei.


CINCO (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora