"Meu amor, você tem certeza que tá tudo bem , em eles virem cá jantar hoje? Eles são nossos amigos, certeza que não vão se importar de a gente adiar este jantar" Stênio estava acabando de colocar os copos sobre a mesa, mas seus olhos ainda estavam nela, sentada no sofá, uma mão segurando a cabeça, a outra acariciando a barriga.
"Claro que tenho certeza, Stênio... Tá tudo bem." Mentiu, e nem ela mesma acreditou na frase que proferiu.
A verdade era que ver seus pais tão de perto, tão perto mas tão longe, mexeu com ela de um jeito diferente, foi doloroso, uma memória que sua filha iria crescer sem ver os avós, uma memória que ela mesma iria envelhecer sem ter seus pais consigo.
Stênio se aproximou do sofá e se ajoelhou na frente dela, segurando suas mãos com cuidado, "Meu bem, não fica assim, tá? O jantar tá quase pronto, fiz aquele macarrão que você ama" disse ele, sorrindo de um jeito que fazia o coração dela amolecer.
Helô respirou fundo, deixando escapar um sorriso tímido. Só agora percebeu que tinha deixado tudo para ele, Stênio preparou todo o jantar, arrumou toda a casa para receberem seus amigos, e só agora ela tinha reparado em todo o esforço dele "Obrigada meu amor, me desculpa por não ter ajudado você..."
Ele inclinou-se devagar e roubou um beijo suave, beijando seus lábios com carinho. Ela respondeu, encostando a testa na dele, sentindo o conforto e o amor que emanavam dele.
O som da campainha, no entanto, interrompeu o momento. Stênio riu baixinho, levantando-se. "Acho que eles chegaram"
Ela assentiu, respirando fundo mais uma vez, sentindo que, enquanto estivesse ali com ele, não haveria espaço para o vazio que seus pais tinham deixado. Ele a ajudou a levantar, segurando sua mão e guiando-a até a porta, e ela percebeu que, com Stênio ao lado, cada momento difícil parecia um pouco mais leve.
A sala estava cheia de vozes e risadas. O cheiro do macarrão com molho especial do Stênio se misturava ao aroma do pão de alho que a Guida tinha trazido. Taças tilintavam, e a conversa corria fácil.
"Esse molho tá um absurdo de bom, Stênio," Moretti elogiou, limpando o prato com o pão.
"Eu avisei que ele cozinhava bem," Helô comentou, orgulhosa, passando a mão pela nuca dele, num carinho gentil. "Mas hoje ele se superou." deixou um sorrisinho bobo escapar enquanto olhava para ele.
Stênio sorriu, mas deu de ombros "Bom, na verdade, eu queria que hoje fosse especial... porque a gente queria aproveitar que tá todo mundo aqui pra pedir uma coisa."
Os olhares se voltaram para ele e para Helô. Ela respirou fundo, trocando um rápido sorriso cúmplice com ele antes de falar
"Haroldo, Maitê... a gente queria saber se vocês aceitariam ser os padrinhos da nossa filha."
Os dois se entreolharam por um segundo, e Maite abriu um sorriso largo, visivelmente emocionada. "Claro que sim! Vai ser uma honra."
"Uma grande honra mesmo," Haroldo reforçou, apertando a mão de Stênio e beijando Helô no rosto.
Os abraços se multiplicaram, Guida brincou que já estava com ciúmes.
"E qual o nome da garotinha que eu vou ser madrinha?" Maitê questionou toda sorridente, a mão pousando barriga da amiga.
Helô fechou os olhos, já prevendo a reposta. E não deu outra.
"Eu estava pensando em Drika..." Stênio respondeu.
"Drika? Eu adoro!" Maitê disse imediatamente.
"Combina com ela, tem personalidade," Haroldo completou.
"Eu já falei que é um nome bom," Moretti reforçou, rindo.
Guida pareceu adorar a ideia também.
Heloísa suspirou jogando a cabeça para trás, "Quê isso? Virou complô agora?"
Stênio se inclinou na cadeira encostando o queixo no ombro dela, sorrindo "Amor, não é complô, é só que todo mundo concordou comigo. Só você que insiste em ser teimosa."
Helô revirou os olhos, mas não conseguiu segurar o sorriso. "Ai, Stênio... tá tá..."
E o assunto logo mudou, e por um instante eram só um grupo de amigos curtindo uma noite normal.
Quando o jantar terminou Helô logo tratou de ir vestir seu pijama, era a única coisa que parecia confortável no estágio de gravidez que ela estava.
Procurou por ele pela casa, encontrando-o na cozinha, as mangas da camisola levantadas, a torneira ligada.
"Stênio... deixa isso pra amanhã e vem deitar comigo," disse, com aquela voz doce e manhosa que ele sempre adorava ouvir.
Ele parou, segurando a esponja, olhando-a surpreso. "O quê? Agora? Mas ainda tem muita coisa pra limpar..."
Ela se aproximou dele, apoiando as mãos nos ombros dele, os olhos brilhando de ternura. "Por favor... só por hoje. Eu só quero você aqui, pertinho de mim."
Stênio suspirou, rindo baixinho, balançando a cabeça."Heloísa Sampaio querendo que eu deixe a loiça suja para amanhã... Tudo bem! " disse, largando a esponja e seguindo-a até o quarto.
Já deitados, Helô se ajeitou contra ele, a cabeça no seu peito, sentindo o calor e a segurança que só ele transmitia. Stênio passou os dedos pelos cabelos dela devagar, num carinho lento e reconfortante.
"Eu sei que talvez você não queira falar sobre o que aconteceu mais cedo," ele começou, a voz suave, "mas eu quero que você saiba que não está sozinha... eu tô aqui, e você e nossa menina... nunca vão estar sozinhas."
Ela suspirou, fechando os olhos, sentindo a paz que vinha do abraço dele. "Obrigada, meu amor..." murmurou, deixando-se envolver por aquele conforto simples, mas completo.
Stênio continuou acariciando os cabelos dela, quieto, permitindo que o silêncio falasse por eles.
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Invisible String-Steloisa
RomanceHelô é nova na faculdade, começando sua vida adulta, quando depois de um encontro desastroso ela volta a se encontrar com Stênio, como se houvesse uma corda invisível os ligando.
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