Detentor de uma vida miserável, Naruto não tem grandes prazeres além dos livros. Sempre gostou dos fantasiosos e clichês, como os que o rei malvado se apaixona pela heroína gentil. Ao se deparar com a história de um faraó apaixonado pela princesa do...
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Tóquio, Japão.
2025.
Naruto suspirou.
A noite estava mais fria que o comum. Mais chata, também.
Ele se afastou da grande festa que acontecia no salão principal. Era uma comemoração em homenagem aos dez anos de sucesso da Kurama Biyō, a líder do segmento de cosméticos no Japão.
Como presidente e fundador, Naruto estava orgulhoso. No entanto, era uma celebração da qual preferia não fazer parte. Pensar nos dez anos da Kurama Biyō lembrava-lhe de quão pouco viveu neste tempo todo. Todos os seus esforços e dedicação foram direcionados ao crescimento da empresa. Agora, aos 37 anos, Naruto se perguntou o que restava para ele.
Não se arrependia. Para quem nasceu na miséria, sem família e sem qualquer rede de apoio, estar onde estava era o mesmo que conquistar o mundo com os próprios punhos. Naruto fez isso. Conquistou tudo o que possuía sozinho, com esforço, trabalho duro e abnegação. Dinheiro, prestígio e poder não lhe faltavam, assim como admiração; fosse admiração por quem ele era ou admiração pelas mudanças que propagou na área da beleza.
Ele não desejava a ninguém os mesmos problemas de autoestima que o acompanhavam desde a infância, por isso fizera e continuava fazendo campanhas para que os ômegas pudessem entender que não era necessário negligenciar a saúde — como ele fez e fazia — para serem belos. Vinha dando certo nos últimos 10 anos.
Como profissional, Naruto já havia alcançado todas as metas e sonhos. Entretanto...
Ele lembrava das metas e sonhos que nunca teve para a própria vida.
O presidente da Kurama Biyō se apoiou no balaústre e levou o champanhe aos lábios, tomando um curto gole. Longe da música do salão, a noite era silenciosa e agradável. Naruto preferia assim; nunca gostou das algazarras do mundo corporativo e sempre participou apenas por obrigação. Sua presença era requisitada, afinal de contas. Não havia para onde correr.
Ele colocou a taça de cristal no apoio do balaústre e respirou fundo. Estava triste, embora não soubesse exatamente o porquê. Talvez apenas não houvesse um motivo para ficar feliz. Há muito tempo deixara de vibrar por suas conquistas profissionais. Agora, tudo o que sentia era pesar. O pesar de fracassar em tudo, menos no trabalho.
Perguntava-se, todos os dias, se um ômega como ele algum dia poderia ser feliz vivendo daquela maneira: sem saber o que lhe faltava.
Naruto pensou, durante um tempo, que lhe faltava uma família. Então, tentou criar uma. Foi a encontros, conversou com inúmeros alfas, tentou se entregar às doces sensações que todos diziam que ele sentiria, mas nunca sentiu nada. Nem paixão, nem amor, nem mesmo prazer. O mero toque malicioso dos alfas o deixava enojado, como se fossem errados. Como se não devessem tocar. Por isso, Naruto sempre os impedia de prosseguir.