.° × SCHROEDER SCHULZ × °.
Minhas mãos estão suando. O coração parece que vai sair pela boca. Minha garganta tá seca e o mundo inteiro tá quieto demais.
E eu tô ajoelhado. Bem aqui. Na frente da garota que eu amo.
Caralho, isso tudo é surreal.
Eu pensei nesse momento muitas vezes. Muito mais do que eu gostaria de admitir. Talvez alguém diga que a gente é novo demais, que ainda tem muita vida pela frente, que o futuro é incerto. E talvez tenham razão.
Mas a verdade é que eu nunca tive tanta certeza de alguma coisa na minha vida.Sim, eu sou jovem. A Lucy também. Mas esse pedido não é sobre agora. Não é sobre se casar amanhã ou mês que vem. É sobre o que vai ser. Sobre o que a gente quer que seja.
A gente pode casar daqui a três anos. Ou cinco. Ou sete, se for o caso. Mas eu quero saber — com todas as letras — que ela vai ser minha. Que é minha. Eu quero poder chamar ela de noiva. De minha noiva.
Eu quero poder me referir a ela como "minha esposa" quando falar de planos com minha mãe, com meus amigos, com qualquer um.
Eu quero olhar pra ela todos os dias e saber que a gente tem um acordo. Um plano. Um compromisso. Um destino. Mesmo que ele demore.
Eu sei que poderia esperar mais. Poderia pedir isso mais pra frente. Mas por que esperar quando tudo em mim grita agora?
Eu tô aqui ajoelhado... porque eu preciso dessa chance. Dessa certeza. Dessa segurança. Dessa vida que tanto fantasio ao lado dela.
Porque se tem alguém com quem eu quero dividir o resto da minha vida, é ela.
Lucille Van Pelt...
E agora... tudo depende de uma única resposta.
Ela tá imóvel. Não diz nada. A mão dela ainda cobre a boca, os olhos azuis estão arregalados, como se ela tivesse esquecido como se mover e agir. E esse silêncio...
A porra desse silêncio tá me matando.
Então eu respiro fundo, olho pra cima e faço novamente o pedido:
— Lucy... — minha voz sai firme, mas com o coração grudado nela — Você quer ou não quer se casar comigo?
E aí, finalmente... ela começa a lacrimejar.
As lágrimas vêm devagar, escorrem pelos olhos arregalados e se encontram com um sorriso enorme que começa a se formar no rosto dela. E então, com a voz trêmula, quase engasgando entre o choro e o riso, ela responde:
— Sim.
Sim.
Caralho, ela disse sim. Puta merda! Ela é a minha noiva, porra!
Aquela palavra caiu sobre mim como tempestade após uma seca — embora eu nunca tenha tido essa experiência, me pareceu tão aliviadora quanto. Foi como respirar depois de ficar preso embaixo d’água.
O pessoal em volta começou a aplaudir. Primeiro só umas palmas tímidas, mas logo virou uma chuva de aplausos, gritos, assovios e um “AMÉM, ACABOU CÚ DOCE, PORRA!” de fundo — sim, foi o Linus.
Me levantei, coloquei o anel no dedo dela com as minhas mãos ainda trêmulas, ela colocou o anel no meu dedo também e depois puxei ela pra um abraço apertado.
A gente se beijou. Foi um beijo cheio de alívio, de amor, de promessas silenciosas.
E aí... BOOM!
A gente ouviu a primeira explosão.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Peanuts 2006: Notas de Beethoven | Schrucy
FanfictionOito anos se passaram desde que Lucy Van Pelt deixou sua cidade natal para viver em Londres com sua família. Agora, aos 17 anos, ela está de volta, mas tudo está diferente: seus antigos amigos cresceram, amadureceram, e o colégio não é mais como ela...