Sem explicações

170 10 7
                                        

Voltei com mais um capituloo, espero que gostem.

--__--__--__

Flashback on*


Entrou dentro do carro irada, completamente envergonhada, bateu a porta com força demonstrando seu descontentamento, toda sua raiva com a situação.Seu pai já estava sentado ao volante, mas não arrancou de imediato. Olhava para frente com o maxilar travado.


O silêncio entre eles era denso, pesado, como se o próprio ar do carro tivesse congelado."Não tem vergonha na cara, Heloísa?", ele perguntou por fim, a voz baixa, enquanto ela colocava o cinto "Sozinha com aquele sujeito... Você perdeu noção do ridículo?"


A audácia, a audácia do seu pai sempre foi algo que a incomodou, mas não respondeu. Mordeu a língua para não gritar, para não chorar. Olhava fixamente para a estrada, o peito subindo e descendo com a respiração acelerada.


"Você acha que é desse jeito que vai se tornar delegada, fugindo com esse cara?"


Heloísa finalmente virou o rosto para ele, as sobrancelhas franzidas, "De onde você conhece ele?"Por mais que seu pai negasse eles eram parecidos, e ele a ensinou a ler nas entrelinhas.


"Não vem ao caso Heloísa!"


"Claro que vem!O pai bufou, acelerando o carro com mais força do que o necessário, eram tão parecidos e talvez fosse isso que causasse tanta desordem em casa e na sua relação, além da hierarquia que ele fazia entre eles, da forma com que ele a tratava como nada mais que uma extensão do seu próprio ego. "Eu não quero você com ele e ponto! Estou te dando a escolher, ou esse cara ou sua família, além da sua futura profissão, porque você não acha que conseguiria sozinha acha? Eu juro que nunca mais movo um dedo para te ajudar se souber que você está vendo esse sujeito!"


Ele não respondeu, trincou a língua dentro da própria boca, mordeu a gengiva, tudo para controlar a raiva que estava sentindo, para controlar a vontade de chorar.

Flashback of*

As palavras ecoaram na sua cabeça a memória da conversa, do olhar gélido que o pai lhe deu, e o medo, oh o medo.


Tinha medo das palavras serem verdade, dela nunca conseguir chegar lá sozinha, por mérito próprio.


Tinha medo da história se repetir, porque a última vez que se apaixonou foi torturante, não foi aquele conto de fadas que ela sonhava, foi algo quebradiço, que a despedaçou, que a deixou com cicatrizes não temporárias, o receio a impedia de se mover, odiava não poder saber o que iria acontecer se o que saísse da sua boca fosse um sim, era incerto, e isso a aterrorizava.Seus olhos encheram de água, sua cabeça se baixou na mesma hora, quase algo instintivo, porque ela odiava mostrar fraqueza, chorar era para fracos, e sim ela era fraca, completamente quebrada por dentro, mas ninguém precisava saber.


O nó na garganta, o gosto amargo na boca, as palavras não queriam sair, e o que foram uns segundos em silêncio pareceram horas, pelo menos para ela.Aquilo a machucaria, mas o machucaria muito mais a ele, e ela sabia.O machucaria porque não havia razões aparentes para a sua resposta.


"Eu não posso Stênio..."


Até o barulho das ondas parou, ela quase podia dizer que ouviu quando partiu o coração dele em mil pedaços na sua frente.


O sorriso de Stênio se desfez instantaneamente. Ele piscou de vagar, fixo nela, porque sinceramente não conseguia arranjar uma explicação, as atitudes dela não eram coerentes, ele simplesmente não conseguia entender.


"Com assim não pode Helô?" Questionou.


Ela não olhou para ele mas podia ouvir a voz embargada, tinha certeza que ele estava chorando, era exatamente por isso que não queria encara lo, que preferia olhar para as ondas do mar."Não pode porque Heloisa?" A voz saiu mais alta, mas tão trémula.


"Stênio..."Ela murmurou.


Ele abanou a cabeça soltando uma risada irónica, era engraçado como ela não hesitava em partir seu coração, como mesmo ele tendo se aberto com ela da maneira mais bonita possível, ela não pensava duas vezes antes de o machucar."Faz o que quiser Helô, fica com quem você quiser" Ele mexeu no bolso tirando as chaves do carro. "Aqui, dirige para sua habitação, eu depois pego meu carro lá, deixa a chave com Guida."


"O carro é seu Stênio... Eu pego um táxi..."


"É tarde Helô, faz o que eu tou te pedindo"


E mesmo puto ele ainda pensava no melhor para ela...


Helô hesitou antes de aceitar as chaves, a lágrima escorrendo pelo seu rosto ao ver a expressão dolorosa dele.Assim que ela segurou a chave ele saiu dali, caminhando para fora da praia.Ela observou-o até que o escuro da noite o escondesse.


Dirigiu até casa completamente errado, sem saber como não apanhou uma multa, seus olhos estavam embaciados por conta das lágrimas, a cabeça totalmente fora de órbita. Os lírios estavam no banco do passageiro, e ela não seria capaz de os deixar ali para morrer, pegando neles antes de sair do carro, o cheiro dele estava por toda a parte dentro do veículo, e isso só serviu para a desconcentrar ainda mais.


Entrou direta em casa, agradecendo por Guida já estar dentro do seu quarto.Caminhou para o quarto, trancando a porta atrás de si, num movimento silencioso, não queria ser questionada de como tinha sido seu encontro, de como tinha sido o pedido, de como tinha dito não.

Invisible String-SteloisaWhere stories live. Discover now