⊹°.★ Capítulo 42: Azul perfeito, jantar perfeito e noite surpreendente ★.°⊹

2.2K 148 1K
                                        

⋆° . 𐙚LUCY VAN PELT . ˚☆

A manhã seguinte foi... surpreendentemente calma. Quer dizer, considerando que a gente passou a noite inteira fazendo skincare, fofocando, tentando entender se a Heather gostava de alguém ou se ela só fazia mistério por esporte, e saindo de madrugada pra causar um certo caos pela vizinhança — caos esse que se baseou em uma brincadeira que visava dar um desafio criminoso para cada uma das meninas, o meu foi danos ao patrimônio público.

Estavamos na cozinha. A mesa estava uma bagunça organizada. Panquecas empilhadas, cereais de todos os formatos e cores, copos de suco espalhados como num jogo de tabuleiro aleatório, e a Marcie tentando esquentar leite no micro-ondas bem desconfiada — ela tem medo de microondas.

A Patty, encostada na bancada, processando o fato de que já estava de manhã e que era hora de acordar. Sally existindo ali, sentada na cadeira, deitada na mesa. A Frieda tava passando manteiga num pão de forma como se fosse uma obra de arte. Heather folheava uma revista antiga de moda como se quisesse reescrever os editoriais — não sei por que ela estava com aquilo. A Mya estava sentada no chão porque, segundo ela, “o chão é mais fresco”. E eu? Bem... Só tava pensando em quanto tempo de cadeia eu pegaria se descobrissem o que eu fiz ontem. Acho que a única que não tem com o que se preocupar aqui é a Marcie...

— Gente! — eu comecei, já rindo — Lembra da Marcie entrando de fininho no quarto do Charlie Brown pela janela ontem? Porque, sinceramente, essa cena não vai sair da minha cabeça nunca mais.

Desafio da Marcie: Invasão de propriedade (mansão dos Brown) e furto (roupa íntima do Charlie)

A Sally riu como uma criança. A Marcie corou imediatamente.

— Isso foi cruel. Eu ainda não sei como vocês me convenceram a fazer aquilo.

— Meu amor — disse a Heather, rindo — você roubou uma cueca, da Calvin Klein, do Charlie Brown. Isso te torna uma fora da lei.

— E o melhor — completou a Mya — é que ele nem percebeu. Ele ainda tava dormindo como um tronco... ou um morto. Os dois.

— Se isso se espalhar — falou a Marcie, com a cara enterrada nas mãos — eu nego até o fim. Posso dizer que fui vítima de um grupo de meninas cruéis praticantes de bullying que me ameaçaram a fazer esse tipo de coisa e disseram que eu seria agredida por três horas seguidas caso eu negasse.

— A gente só te deu uma lanterna e um plano — disse a Patty, com a sobrancelha arqueada. — O resto foi decisão sua.

E a gente riu.

Eu ia dizer mais alguma coisa — talvez algo sobre a próxima missão ser roubar o lustre caríssimo da Sally, só pela zoeira — quando a fechadura girou.

Eu ouvi o som da chave girando na porta da frente. Silêncio automático na cozinha, só um “clique” e depois passos entrando. Em questão de segundos, meus pais entraram, seguidos do Rerun, o caos em forma de gente, e do Linus, claro.

— Bom dia, garotas — disse meu pai, com a calma de quem ainda não viu a cueca Calvin Klein na mesa de centro da sala.

Minha mãe acenou e foi direto pra cafeteira, imune a tudo.

— Bom dia! — respondemos em coro. Era a energia da manhã pós-festa: exaustas, mas felizes.

Aí, aconteceu.

Sally. Linus. Se encarando.

E foi aquele tipo de olhar que faz o tempo parar. Tipo cena de filme em câmera lenta. Os dois ainda com a cara inchada de sono, o cabelo bagunçado, as roupas tortas de quem acabou de sair da cama… Mas, mesmo assim, dava pra ver. Tinha algo ali.

Peanuts 2006: Notas de Beethoven | SchrucyOnde histórias criam vida. Descubra agora