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Acordo com o sol entrando pela janela e três pequenos monstros pulando na minha cama.
- Mamãe! O Levi desenhou no cachorro de novo! - grita Alice, minha filha mais velha, de 8 anos, segurando o pobre vira-lata (Simba) como se fosse um troféu. O animal parece resignado, com um coração azul pintado no pelo.
- Foi o Theo! - Levi, 5 anos, o artista da família, aponta para o irmão gêmeo, que nega com a cabeça enquanto rouba minha bolacha da mesa de cabeceira.
Oscar resmunga ao meu lado, enterrando o rosto no meu travesseiro.
- Por que eles herdaram seus genes dramáticos e não minha paciência de santo?
Dou um leve chute nele debaixo das cobertas.
- Santo nada. Você é o mesmo homem que, ontem, discutiu com o GPS por 20 minutos porque ele "olhou feio" pra você.
Ele abre um olho, verde como sempre, agora com mais linhas de expressão (que eu amo mais do que deveria).
- Ele tava me julgando, Lil.
Os gêmeos escolhem esse momento para começar uma guerra de travesseiros. Alice, já com ar de mini-adulta, suspira e pega seu celular (sim, ganhou um com 8 anos, e sim, eu me arrependo todos os dias).
- Vou filmar e postar no TikTok. Tio Liam disse que pago R$50 se eles viralizarem.
- LIAM! - Oscar e eu gritamos ao mesmo tempo, o que faz as crianças rirem.
É assim que começa nosso domingo.
O almoço é um caos. Levi decide que é dia de "comida azul" (tinta comestível em tudo), Theo tenta convencer Oscar a deixá-lo pilotar o barco (não, nem aos 5 anos), e Alice faz um discurso sobre como quer ser "cantora igual a mamãe, mas sem beijar o papai no palco".
- Sorte sua - Oscar murmura, servindo mais suco. - Ele tá velho e broxa.
Jogo uma uva na testa dele.
- Mentira. E você sabe.
Ele me olha com aquela expressão que ainda me faz derreter, mesmo depois de 10 anos de casamento.
- Prove.
- Papai, o que é broxa? - pergunta Theo, inocente.
O café da manhã vira um tribunal.
Enquanto as crianças assistem Moana pela 437ª vez, Oscar me puxa para a varanda. O lago está calmo, o sol dourado, e ele - maldito seja - ainda é lindo de raiva com seus 40 anos, cabelos grisalhos e a mesma tatuagem que fez no nosso aniversário de 1 ano de casado: Always crawling back em letras miúdas no pulso.
- Lembra quando você odiava isso? - ele pergunta, puxando meu corpo contra o dele.
- Odiar o quê?
- A calmaria.
Dou uma risada. É verdade. Eu, Lily Harper, ex-rainha do caos, agora assino autógrafos com fotos dos meus filhos no colo e cancelo shows para ir a jogos de futebol do Levi.
- Ainda tenho minhas crises - digo, mostrando o rascunho da nova música no meu celular. Wrinkles in My Wedding Dress
Oscar lê e sorri.
- Vai ser um hit.
- Vai ser um desastre.
- Como tudo que a gente faz.
Beijo ele, devagar, como se ainda fôssemos aqueles dois idiotas se escondendo em aeroportos.
Até que...
- MAMÃE! O LEVI COLOU O THEO NA PAREDE COM COLA QUENTE!
Oscar suspira.
- Eu cuido.
- Não. Eu vou. - Seguro sua mão. - Juntos, lembra?
Ele ri, e é a melhor melodia que já ouvi.
- Always.
As crianças dormem. O lago reflete a lua. E nós, dois velhos rockeiros, estamos no sofá com vinho barato e meias furadas.
O Oscar pega o violão (o mesmo de 2023) e toca *"Crawling Back to You"* desafinado, como sempre.
- Você nunca melhorou - digo, rindo.
- Você nunca parou de me amar.
- Idiota.
Ele beija minha testa, e eu fecho os olhos.
Porque alguns amores são assim: começam em alta velocidade, passam por colisões, e terminam exatamente onde deveriam.
Em casa.
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