⊹°.★ Capítulo 40: Ele vai...? ★.°⊹

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.° × SCHROEDER SCHULZ × °.

Acordei com a luz entrando pelo vidro da janela. Meus olhos demoraram alguns segundos pra se adaptar àquela claridade.

Eu não creio que fui estúpido o suficiente pra esquecer de fechar a cortina ontem à noite...

Virei na cama e peguei o celular no criado-mudo. 7h12. Ainda dava tempo de descansar mais um pouco, mas meu cérebro não ia permitir. Não depois de me lembrar de tudo que aconteceu ontem com a minha amiga de infância.

Desbloqueei a tela. Nenhuma mensagem nova.

Abri o chat da Lucy e digitei:

|💬 Schroeder: Bom dia, raio de sol. Hoje é dia de ir me ver ganhar um jogo ;)

Ela não respondeu de imediato, e tudo bem. Devia estar dormindo. Descansando depois de — com toda a certeza — ter passado a maior parte da madrugada em claro se culpando por não ter feito nada para evitar uma situação que não estava sob o seu controle. Sei disso por que conheço a minha Lucy.

Soltei um suspiro e joguei o celular de lado antes de me levantar. Estiquei os braços e os ombros estalaram de leve.

Entrei no banheiro e liguei o chuveiro. Enquanto a água esquentava, apoiei as mãos na pia e me encarei no espelho. Tinha olheiras. Nada que pudesse me deixa feio, mas me deixava cansado. E eu estava, cansado de verdade.

Além dos treinos de manhã todos os dias e das dores de corpo constantes, hoje havia aquilo. A cena da festa não saía da minha cabeça. A porta trancada. A Lucy desesperada batendo. O grito abafado. O cara. A Marcie. As marcas no pescoço dela. Os olhos vermelhos. A expressão quebrada.

E o Charlie, furioso, sem camisa, socando o desgraçado com tudo o que tinha. Até que eu tive que dizer pra ele parar, antes que aquilo virasse outra tragédia. E o pior? Eu não queria que ele parasse.

Depois que tiramos a Marcie de lá, chamaram a polícia. Ele foi levado. Com a cara inchada, sangrando, as mãos algemadas, o abdômen todo socado. Mal podia andar direito.

Ele saiu de lá tendo que escutar vaias e xingamentos pelo o que ele fez. Mas ninguém sabia quem era a garota. Ninguém sabia que tinha sido a Marcie. E eu particular acho que é melhor assim. Se ninguém sabe ela não vira assunto. E talvez, se os pais dela forem bem bonzinhos, ela possa ir a outra festa daqui a 10 anos.

Mas parte de mim… parte de mim sentia raiva. Porque aquilo não foi justo. Porque provavelmente aquele moleque é rico e vai se safar da prisão se os pais dele quiserem. Porque aquele idiota ainda respirava e estava sujeito a arruinar a vida de outras mulheres.

Sacudi a cabeça, entrei no chuveiro e deixei a água cair no meu corpo, como se pudesse limpar a memória.

Hoje era dia de jogo. Eu precisava estar inteiro. O foco 100% no campo.

°˖ ☾ . Schroeder ⋆ 𖤓 。°.

Depois de me vestir — calça de moletom escura, uma camiseta cinza justa e um relógio de prata comum no pulso —, desci as escadas. A casa estava calma, já dava pra sentir o cheiro de café da manhã vindo da cozinha. Susan já devia estar de pé. Sempre acordava cedo nos dias de jogo.

Na cozinha, a mesa estava linda. Realmente, dava até gosto de ver. Tinha ovos mexidos, pães integrais, aveia com frutas, panquecas de banana, mel, suco natural, iogurte, granola, uma tigela com morangos cortados e até um prato com salmão grelhado. Tudo organizado com perfeição.

Susan tava na ponta da mesa, mexendo o café na xícara de porcelana favorita dela — fui eu quem fiz a pintura quando tinha 7 anos. A xícara é cheia de desenho de notas musicais

Peanuts 2006: Notas de Beethoven | SchrucyOnde histórias criam vida. Descubra agora