Capitulo 1

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Espero que gostem <3


Todas as moças inglesas, filhas de barões poderosos, eram moças delicadas e meigas que desejavam apenas casar com um bom homem e ter uma casa cheia de bebês.

Todas, menos uma.

Katherine Bennet era a exceção e se orgulhava disso. Desde criança, seu pai, Samuel Bennet, que era um homem um tanto extravagante e moderno para sua época, havia criado sua filha para liderar, não para ser liderada.

Contra a vontade de sua mãe, Dorothy, ele havia educado Kate para cuidar de suas terras quando ele falecesse. Principalmente porque sabia que estava muito doente, ensinou sua filha a se defender com espadas e a administrar a fazenda na qual viviam.

Infelizmente, com a morte de Samuel, sua mãe acabou sendo seduzida por um vigarista chamado Walter, com o qual acabou se casando. Walter gostava do título da baronesa e não fazia nada além de gastar o dinheiro da viúva e da filha.

Dorothy amava tanto Walter que não percebia sua falta de caráter e o modo devasso como olhava para sua filha.

Ele queria fazer Kate se casar para se livrar dela e poder gastar a fortuna de ambas em paz. Mas antes que fizesse isso, Kate resolveu fugir de casa, já que não tinha o apoio de sua mãe.

A fazenda estava cheia de guardas e cães, mas assim que a noite caiu, fez uma corda com seus lençóis e desceu por ela usando apenas uma fina combinação. Sempre odiara vestidos mesmo.

Quando seu pai era vivo permitia que ela se vestisse como quisesse, mas Walter queria exibi-la para futuros pretendentes e a fazia usar vestidos com decotes vulgares.

O silêncio de sua mãe diante das atitudes daquele bêbado era o que mais a magoava. Como podia permitir que suas terras, sua herança, o resultado do suor de gerações fosse negligenciado por causa de um amor desvairado?

Kate jurou para si mesma que jamais se apaixonaria. Não queria se tornar sua mãe.

Tudo que Dorothy sabia dizer era:

"Katherine, você já tem 24 anos, está ficando velha, precisa se casar logo ou vai morrer solteira! "

E quem diabos disse que ela queria se casar? Não queria um Walter em sua vida e jamais encontraria um homem bom como seu pai.

Queria passar a vida defendendo a fazenda em batalhas e correndo pelo pasto com Lúcifer, seu fiel amigo, negro como a noite e rápido como um piscar de olhos. O belo cavalo havia sido um presente de aniversário do estimado pai quando ela havia completado 21 anos. O nome foi dado porque todos o consideravam terrível, rebelde, só obedecia a Kate e era capaz de ouvir seu chamado a quilômetros de distância.

Lúcifer era o único a quem ela confiava seus segredos e sabia que mesmo que ela estivesse longe, ele encontraria um meio de achá-la.

Nenhuma corrente seguraria aquele cavalo se ele quisesse fugir.

Deixou seu quarto, caindo no gramado úmido e deslizante. Um guarda a viu, mas ela o nocauteou antes que ele chamasse mais alguém.

Vestindo as roupas do guarda e guardando seu confiável punhal na cinta, ela selou o primeiro cavalo que viu e deixou a sua vida para trás. Já que não havia meio de cuidar do seu patrimônio, o jeito seria cometer algum ato escandaloso, se tornar notícia e, assim, quem sabe, Walter largasse sua mãe e as deixasse em paz.

Por mais imbecil que fosse, ele gostava de ser bem relacionado e ter uma enteada com má fama estragaria seus planos, o que o faria abandonar sua mãe e deixá-las em paz.

Era o que ela pensava, ao menos.

Escondendo os longos cabelos encaracolados embaixo do vasto chapéu, ela fez o cavalo correr, mas este relinchou, despertando os outros guardas.

– Intruso à vista! – um deles gritou.

Kate suspirou aliviada: não havia sido reconhecida. Um deles começou a dar tiros. Ela bateu na barriga do cavalo mais vezes e com mais força.

– Vamos, amigo, corra logo! – disse. Os homens pegaram a carruagem e começaram a segui-la.

O céu começou a se tornar nublado quando Kate passou a se infiltrar na mata fechada, desviando de galhos e fazendo o cavalo correr ao máximo que seus músculos permitiam.

Uma tempestade terrível iniciou-se e os homens na carruagem desistiram de segui-la, tomando o caminho de volta. Porém, para seu azar, o cavalo, que já era um tanto rebelde, se assustou com um tiro que passou de raspão por eles e a derrubou no chão, seguindo a carruagem.

– Devia ser apenas um ladrãozinho de cavalos. – Ela ouviu um deles falar antes de perder a consciência. Desmaiada e desamparada, Kate ficou alguns instantes ali, deitada na chuva e suja de lama na mata. Ao menos conseguira ter fugido.

LIVRO - Vidas Cruzadas - K. Corsiolli (versão não revisada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora