Terra de Ninguém.

045

Isis Vitoria.
Copacaba, Rio de Janeiro.

Mesmo amando andar de moto eu ainda tinha receio de andar com esse maluco por essas avenidas, cada dia era uma fuga diferente que eu quase saia voando.

Coloquei o capacete esperando ele prender pra mim e subi na garupa dele me segurando com força porque já aprendi minha lição no dia que eu quase cai.

Depois de quase 15 minutos ele parou a moto na frente da casa dele e eu desci junto com ele que depois de tirar o capacete já veio logo me beijar.

Cicatriz: saudade de tu minha loirinha, nem pra morar mais perto.

– quer que eu venha morar pra cá é?

Cicatriz: má ideia não é né, casa tu já tem.

– vou morar com você então.

Ele me abraçou por trás cheirando meu pescoço enquanto me fazia andar pra dentro.

– a gente não ia sair beber?

Cicatriz: pegar a chave do carro po, moto ta fazendo barulho estranho vou mandar os muleque ver.

Ele me soltou e eu andei até a porta que leva lá pra trás.

– cadê o Kratos? quero ver ele.

Cicatriz: deve ter dentro do canil, da um grito ai que ele aparece.

Abri a porta e chamei por ele, realmente não levou 1 minuto pra ele correr na minha direção parecendo que ia me devorar mais eu abaixei na altura dele e ele parou de uma só vez encostando a cabeça na minha perna.

– oi neném, você ta tão grandão.

Passei a mão nele que latiu e eu ri vendo o Cicatriz aparecer ficando em pé do meu lado.

Cicatriz: tem que dar um banho nele, mulecote ta abandonado mal to vindo em casa.

– e ta fazendo o que demais na rua Luan?

Cicatriz: ala já vai surtar, trabalhando igual um caralho que cê ta ligada.

Murmurei um "aham" baixinho e ele sorriu puxando meu cabelo me fazendo levantar.

Ele me beijou mordendo meu lábio e eu me soltei dele porque machucou.

– doeu ta?

Cicatriz: bora po? amanhã cê vai passar dia inteiro comigo, nois da banho nele e sai pra passear com ele pela favela.

Concordei com a cabeça animada e ele abaixou passando a mão no pitbull.

Cicatriz: paizão aqui vai levar tua mãe pra sair, cuida da casa brabão.

– mãe?

Cicatriz: é meu filho então é teu também.

Sorri vendo ele levantar e me puxar pra dentro de casa, olhando ao redor eu vi a cesta recheada de doce em cima do balcão da cozinha, coisa que não tava ali a dez minutos atrás.