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Isis.
Rocinha, Rio de Janeiro.

No final eu vim parar aonde mesmo? sim, no baile.

Luan me arrastou pra um quiosque em frente a beira mar e a gente bebeu enquanto comia uma porção de batata frita.

Depois a gente deu uma volta pela orla de a pé e até se esconder de policia atrás de uma casa abandonada a gente se escondeu.

Cicatriz não sabe mais ta trazendo de volta um sentimento bom que eu enterrei a muito tempo, o de sentir algum tipo de paixão.

Ele consegue me fazer rir e esquecer todo o lado pesado que o dia a dia trás, tar no final da faculdade ta acabando comigo e nem paz pra respirar eu to tendo.

Mais são em momentos leves igual aos que eu tive a uma hora atrás que me trazem calmaria.

Se esconder da policia não é muito leve mais foi engraçado então eu passo pano.

Esse é o tipo de caso que eu to inventando de me envolver pra que quando der merda e acabar eu levar mais de 3 anos pra superar.

– quem é aquela que ta te encarando?

Ele olhou sem nem disfarçar na direção da menina ruiva que tava olhando pra nossa direção parecendo uma psicopata.

Cicatriz: puta, deve tar querendo arrancar teus cabelo.

Sorriu contra o meu pescoço enquanto o braço dele me rodiava.

Ele ta sentado em cima do capô de um carro enquanto eu to em pé no meio das pernas dele.

– fico imaginando se esse tanto de mulher sua vir pra cima de mim, eu vou apanhar até a morte.

Cicatriz: com você elas não mexe e se mexer eu resolvo com carinho.

– vai rapar o cabelo delas?

Perguntei rindo enquanto ele olhava pra minha boca se aproximando pra me dar vários selinhos.

Cicatriz: muito pouco acha não? vão tar encostando na minha mulher po, caminho é só um, bala na cara.

– vai matar por mim é?

Ele balançou a cabeça concordando e eu beijei ele bem no meio de todo mundo e a gente só parou porque o best chegou.

Gibi: casal apaixonado é tão bonitinho, boto fé que nois vai casar tudo junto.

Olhei pra trás vendo ele e a Sabrina, ficante dele que é a cara da Karine.

Soltei do Cicatriz pra abraçar ela que já começou me contar as fofocas que tão acontecendo por aqui.

Menina é super gente boa mais só pelo olhar do Gibi da pra saber que ele só ta brincando com ela e eu mesmo com muita vontade de avisar tenho medo de me envolver em uma história que não é minha.

Fiquei conversando e dançando com ela por horas, Vini chegou com a Laiza e mais uma galera que eu to conhecendo de pouco em pouco sempre que venho pra cá.

Vini: e seu caso com o puto ali ta dando certo mesmo?

Olhei pra trás vendo o Cicatriz ainda sentado no carro, agora junto com ele e com o Gibi tava uma roda com vários homens tudo fumando e usando droga.

– a gente ta se conhecendo ainda.

Vini: conta outra loirinha, eu bem vi ele largando a favela aqui pra ir viajar contigo.

Laiza: ele ta mudado em Isis, já faz um bom tempo que eu não vejo ele com outra mulher além de você.

Vini: será que cê consegue mudar ele mesmo?

– eu não to tentando fazer nada pra mudar ele gente, eu só deixo claro que vagabunda eu não sou e que se ele quer ficar comigo tem que saber cuidar do que tem.

Laiza: mana você arrasa demais sério.

Vini: se pa era o que faltava pra ele, uma mulher que colocasse ele na linha.

Sorri bebendo mais um gole do meu copão de catuaba e voltei a dançar com a Brina rebolando até o chão.

Deu nem 10 minutos e eu senti uma mão na minha cintura, já virei na hora pra me soltar mais tava segurando com força.

Xx: qual foi gatinha? tava jogando na minha direção e vai meter marra agora?

O muleque com cara de novinho mais todo tatuado segurava um lança na mão e sorria pra mim todo louco.

Olhei pra onde o Cicatriz tava mais tinha um homem trocando dinheiro com ele o que tava ocupando a atenção dele.

Virei pra Brina e só com o olhar ela entendeu que era pra ir lá.

– ta maluco? tira a mão de mim porra.

Xx: a qualé? tava provocando até agora.

– me solta caralho.

Vini: ta escutando a mina não desgraça? solta ela cacete.

Já veio pra cima fazendo o cara amolecer a mão na minha cintura e eu me soltar metendo a mão na cara dele.

Na mesma hora que o Vini pulou pra cima do menino o Cicatriz chegou com a arma na mão me olhando com o olhar de puto que me desmancha.

É eu to meio bêbada já.

Os vapor dele puxaram o Vini afastando a briga e outro homem levantou o muleque fazendo ele parar de frente pro Cicatriz.

Cicatriz: ta mexendo com minha mulher filho da puta?

Xx: a qual foi Cicatriz? é piranha essa porra ai, tava dançando igual puta e a culpa é minha? tava ligado que ela tava contigo não po.

Cicatriz: vai ficar sem vida pra ficar de exemplo pra quem acha que tem direito de olhar pra ela porra, é minha mina caralho.

Só ouvi os disparos e nem tempo pra raciocinar eu tive quando a Brina me puxou pelo braço até o outro lado do carro pra não ver o corpo morto.

Cicatriz: ta suave amor?

Chegou na minha frente me abraçando e eu concordei com a cabeça sorrindo meio sem graça.

Gibi: amanhã a fofoca vai render nessa quebradinha, patrão ta casado.

Cicatriz: próximo baile eu te assumo direto pode crê?

Dei risada soltando o ar que eu nem sabia que eu segurava e deitei a cabeça no ombro dele sentindo o cheiro bom desse homem.

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Terra de Ninguém.Onde histórias criam vida. Descubra agora