⋆° . 𐙚LUCY VAN PELT . ˚☆
Quinta-feira, quatro e quarenta da tarde. A biblioteca estava quase vazia, só estavamos Schroeder, eu e mais cinco pessoas espalhadas pelo grande cômodo — Além da bibliotecária que estava cochilando atrás do balcão — um paraíso terrestre de silêncio. A seção de ciências estava tranquila e vazia. Cheirava a papel velho, madeira e pinho sol.
Eu e o Schroeder estávamos em pé, cercados por aquelas prateleiras lotadas de livros, procurando mais informações para adicionar a nossa apresentação sobre Isaac Newton.
— Você acha que a gente deveria dividir como? — perguntei, passando os dedos pela lombada de um livro surrado. — Um fala a biografia e outro apresenta as ideias? Iu podemos dividir e cada um fala um pouco de cada coisa?
— Cada um fala um pouco de cada coisa. — respondeu se aproximando — Você quer falar da maçã ou vai deixar essa pra mim?
Eu ri.
— A maçã é toda sua. Fica mais engraçado vindo de você.
Ele me deu aquele sorrisinho de canto, aquele que me desconcertava.
— Então tá, eu falo.
Peguei um livro fino com capa azul-escura. Li o título em voz alta: “Newton: A mente que decifrou o universo”.
— Parece interessante. — falei. — Será que ele explica por que Newton era tão antissocial?
— Provavelmente porque ele passava mais tempo com fórmulas do que com gente.
— Tipo... você?
Schroeder ergueu as sobrancelhas, fingindo ofensa.
— Eu sou sociável! Eu tenho até uma quase esposa agora, lembra?
Esposa...
Aaaaah!!!
— É verdade. Ela é bem legal, inclusive.
— Maravilhosa, eu diria.
Senti meu rosto esquentar. Fingi que estava muito interessada nas páginas do livro.
— Ok, mas voltando... às leis. Primeira lei: um corpo permanece em repouso ou em movimento retilíneo uniforme a menos que uma força externa atue sobre ele.
— A famosa "lei da preguiça" — Schroeder comentou. — Tipo o Linus no sofá depois do almoço.
— Ou eu no domingo de manhã.
— Ou nós dois quando estávamos adiando esse trabalho há uma semana porque decidimos que ficar nos amassos era mais interessante.
— E tá errado?
Rimos juntos. Ele passou o dedo por outra prateleira e puxou um livro maior.
— Esse tem umas ilustrações boas. Dá pra mostrar as leis com imagens, facilita a explicação pros acéfalos.
— A segunda é aquela da força, massa e aceleração, né?
— F = ma. — ele falou automaticamente, olhando pra mim com orgulho de professor.
— Claro. Força é igual a massa vezes aceleração. Tipo… não sei, quando eu dou um tapa no Rerun e ele sai cambaleando?
— Isso é mais a terceira lei: toda ação tem uma reação de igual intensidade e em sentido oposto.
— Ah, verdade. — sorri, encostando o ombro na estante. — Ação e reação.
Ele me olhou, com aquele olhar que fazia meu estômago virar gelatina. Tinha um brilho de riso nos olhos.

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Peanuts 2006: Notas de Beethoven | Schrucy
FanfictionOito anos se passaram desde que Lucy Van Pelt deixou sua cidade natal para viver em Londres com sua família. Agora, aos 17 anos, ela está de volta, mas tudo está diferente: seus antigos amigos cresceram, amadureceram, e o colégio não é mais como ela...