⊹°.★ Capítulo 36: Amassos na biblioteca, ou... no piano? ★.°⊹

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⋆° . 𐙚LUCY VAN PELT . ˚☆

Quinta-feira, quatro e quarenta da tarde. A biblioteca estava quase vazia, só estavamos Schroeder, eu e mais cinco pessoas espalhadas pelo grande cômodo — Além da bibliotecária que estava cochilando atrás do balcão —  um paraíso terrestre de silêncio. A seção de ciências estava tranquila e vazia. Cheirava a papel velho, madeira e pinho sol.

Eu e o Schroeder estávamos em pé, cercados por aquelas prateleiras lotadas de livros, procurando mais informações para adicionar a nossa apresentação sobre Isaac Newton.

— Você acha que a gente deveria dividir como? — perguntei, passando os dedos pela lombada de um livro surrado. — Um fala a biografia e outro apresenta as ideias? Iu podemos dividir e cada um fala um pouco de cada coisa?

— Cada um fala um pouco de cada coisa. — respondeu se aproximando — Você quer falar da maçã ou vai deixar essa pra mim?

Eu ri.

— A maçã é toda sua. Fica mais engraçado vindo de você.

Ele me deu aquele sorrisinho de canto, aquele que me desconcertava.

— Então tá, eu falo.

Peguei um livro fino com capa azul-escura. Li o título em voz alta: “Newton: A mente que decifrou o universo”.

— Parece interessante. — falei. — Será que ele explica por que Newton era tão antissocial?

— Provavelmente porque ele passava mais tempo com fórmulas do que com gente.

— Tipo... você?

Schroeder ergueu as sobrancelhas, fingindo ofensa.

— Eu sou sociável! Eu tenho até uma quase esposa agora, lembra?

Esposa...

Aaaaah!!!

— É verdade. Ela é bem legal, inclusive.

Maravilhosa, eu diria.

Senti meu rosto esquentar. Fingi que estava muito interessada nas páginas do livro.

— Ok, mas voltando... às leis. Primeira lei: um corpo permanece em repouso ou em movimento retilíneo uniforme a menos que uma força externa atue sobre ele.

— A famosa "lei da preguiça" — Schroeder comentou. — Tipo o Linus no sofá depois do almoço.

— Ou eu no domingo de manhã.

— Ou nós dois quando estávamos adiando esse trabalho há uma semana porque decidimos que ficar nos amassos era mais interessante.

— E tá errado?

Rimos juntos. Ele passou o dedo por outra prateleira e puxou um livro maior.

— Esse tem umas ilustrações boas. Dá pra mostrar as leis com imagens, facilita a explicação pros acéfalos.

— A segunda é aquela da força, massa e aceleração, né?

— F = ma. — ele falou automaticamente, olhando pra mim com orgulho de professor.

— Claro. Força é igual a massa vezes aceleração. Tipo… não sei, quando eu dou um tapa no Rerun e ele sai cambaleando?

— Isso é mais a terceira lei: toda ação tem uma reação de igual intensidade e em sentido oposto.

— Ah, verdade. — sorri, encostando o ombro na estante. — Ação e reação.

Ele me olhou, com aquele olhar que fazia meu estômago virar gelatina. Tinha um brilho de riso nos olhos.

Peanuts 2006: Notas de Beethoven | SchrucyOnde histórias criam vida. Descubra agora