Terra de Ninguém.

037

Cicatriz.
Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Traguei meu baseado olhando pra loira que tava sentada em frente a penteadeira olhando pra mim pelo espelho, gostosa pra caralho.

Isis: daqui a pouco meus vizinhos reclamam do cheiro da maconha e eu me faço de sonsa.

– só riquinho nesse prédio né?

Ela balançou a cabeça concordando e voltou a pranchar o cabelo enquanto cantava a musica que tocava na alexa.

Isis: a gente vai onde mesmo?

– qual é graça de te contar? surpresa po.

Isis: tenho ansiedade meu bem, to me tremendo aqui já.

– fica suave que cê ta comigo.

Ela sorriu e eu sorri junto tragando mais um pouco sentindo a brisa bater.

Levantei devagar indo até ela parando atrás dela.

– deixa eu fazer essa parada ai?

Isis: vai me queimar.

– confia em mim po, jamais machucaria tu.

Ela parou me encarando pelo espelho de um jeito diferente e eu passei a mão na nuca ficando meio nervoso sem nem saber o porque, levei o baseado até a boca dela enquanto deixava um beijo no pescoço dela.

– papo reto.

Ela me entregou o bagulho que tava quente pra caralho e eu peguei uma mecha passando do jeito que eu vi ela passando.

Isis: faz mais rápido.

– dai que eu te queimo mermo.

Ela me olhou na maior preguiça e eu continuei dando toda a minha atenção naquele cabelão.

– ó vida lisinho, vo largar o trafico pra virar cabeleireiro.

Isis: ta maluco? trabalhar arrumando mulher?

O tanto que eu me amarro quando ela demonstra ciúmes mesmo sendo na brincadeira não é algo fácil de se explicar, mais se tem um bagulho que eu boto fé é nas maluca.

— mais é por dinheiro po.

Isis: ia dar dinheiro mesmo, porque eu ia rapar o cabelo de cada uma que você encostasse.

– ta vendo? dai eu vendia peruca pra elas.

Isis: eu taco fogo Luan, nas peruca, nelas e em você.

– to brincando meu amor, ta doida?

Larguei a prancha abaixando pra dar alguns selinhos nela que nem se mexeu.

Isis: cê é solteiro mais é meu, se liga em.

– sou teu minha loira, só teu po.

Isis: ta, chega que a brincadeira ta indo longe e eu to acreditando já.

– tu ainda ta nessa de brincadeira? só vai acreditar mermo no dia que eu falar pra geral que cê ta no meu nome né?

Isis: vai ter que gritar isso pro mundo inteiro e olha lá se eu acredito em.

– já foi corna?

Isis: já por isso que eu não acredito fácil em homem, mentir é fácil demais dificil é falar a verdade.

– ta ligada naquela parada que até achar o certo a gente sofre com os errados?

Isis: uhum, mais você também não é flor que se cheire né Luan? chegou nos meus ouvidos muita coisa que tu já fez.

– papo é que zé povinho fala demais, as vezes nem te contaram o bagulho direito mais namoral eu já fui o cão mermo porém nunca iludi a mente de ninguém.

Isis: ta iludindo a minha.

– porra nenhuma, pessoa que eu mais to sendo sincero é tu, hoje ta tendo baile na minha quebrada e eu to onde? indo levar minha princesa pra dar um rolê.

Isis: porque que você não ta lá mesmo? me recuso a acreditar que é só porque eu não vou.

– já te falei que é por isso ae, que que eu vou querer tar em putaria se eu tenho mulher?

Isis: tenho nem o que te falar, parabéns ta.

Deu risada e eu ri junto andando de volta até a cama dela onde eu me joguei catando meu celular vendo os video que o Gibi me mandava do movimento lá na favela.

– ó amor baile ta lotadão se tu animar nois cola lá mais tarde e cê dorme comigo.

Isis: to cansada mesmo vida, ficar a madrugada inteira no hospital foi foda.

– então nois fica suave por cá mermo.

Me amarro em um baile mais agora eu me amarro mais ainda na minha loirinha, meu mundo e o dela tem que bater mesmo que nem sempre seja igual então eu me deixo de viver as parada que eu sou acostumado pra tar com ela.

To laçado mermo, já avisei que com essa eu caso.

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