⊹°.★ Capítulo 33: Ação, reação e forças invisíveis ★.°⊹

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.° × SCHROEDER SCHULZ × °.

A aula de Física acontece numa sala que mais parecia uma sauna morta: grande demais pra quantidade de alunos que realmente se importavam com Física, iluminada com aquela luz fria que dava a impressão de que tudo ali era sem graça, mesmo quando o assunto envolvia buracos negros ou colisões de partículas a velocidades absurdas, o que era bem legal de se ouvir.

Era a última aula da manhã. Uma daquelas que deixam o cérebro meio preguiçoso, mas que, com o professor certo, ainda assim conseguem se salvar. O nosso professor, o Sr. Weisz, era desses. Meio nerd, meio entediado com a vida, mas com um brilho específico no olhar quando falava de leis do movimento e energia cinética. Ele parecia gostar mais dos números do que das pessoas. Eu entendia.

Estavam na sala só os sobreviventes da turma especial de aprofundamento* — um grupo que basicamente reunia os poucos alunos que não tinham medo de ouvir as palavras “projeto semestral”. Eu, Charlie — pro incrível que pareça, mas ele é de exatas —, Lucy — mesmo tendo chegado agora e sendo da área de código e linguagens — e Heather. Mais uns vinte figurantes que pareciam estar ali apenas pra completar o elenco.

(Turma especial de aprofundamento: Uma turma especial de aprofundamento é, basicamente, um grupo de alunos que estuda determinados conteúdos com mais profundidade do que o currículo padrão exige.)

O Sr. Weisz bateu duas palmas.

— Bom, pessoal. É hora de começar o projeto inicial da disciplina. — Ele andava de um lado pro outro, com aquele jaleco branco de sempre. — Vai funcionar da seguinte forma: vocês vão se dividir em duplas. No total, teremos doze. Cada dupla vai receber o nome de uma figura histórica importante da Física. A ideia é simples: cada dupla terá uma aula para fazer isso, vocês vão apresentar uma breve biografia, os principais estudos e teorias, e a contribuição dessa pessoa pra Física como a conhecemos.

Ele se virou pro quadro branco, que já estava preenchido com doze nomes cuidadosamente escritos com a caligrafia psicopata dele. Fiz um esforço para entender:

1. Isaac Newton

2. Marie Curie

3. Albert Einstein

4. Nikola Tesla

5. Galileo Galilei

6. James Clerk Maxwell

7. Stephen Hawking

8. Richard Feynman

9. Katherine Johnson

10. Johannes Kepler

11. Niels Bohr

12. Lise Meitner

Uma seleção de peso.

Eu gostei.

— As duplas vocês escolhem agora — disse ele, se encostando na mesa, cruzando os braços. — Mas os cientistas... esses eu sortearei. Boa sorte.

O instinto foi automático. Olhei pro Charlie, como sempre fazia nessas situações, mas dessa vez com um olhar diferente.

Ele me olhou de volta. Por três segundos, a gente manteve contato visual. Depois ele suspirou, levantou uma mão, tipo rendição.

— Tá, tá, eu já sei. — Ele disse com aquele tom semi-dramático que ele tinha. — Eu e você não vai rolar dessa vez. Vai lá, faz tua dupla romântica. Eu vou com a ruivinha ali, e tá tudo certo. Curte aí a tua morena.

Eu ri e revirei os olhos. Ele sabia. A gente tinha esse modo silencioso de comunicação, isso desde sempre, e ele percebeu antes mesmo de eu conseguir abrir a boca.

Peanuts 2006: Notas de Beethoven | SchrucyOnde histórias criam vida. Descubra agora