.° × SCHROEDER SCHULZ × °.
Já passavam das nove quando cheguei na casa do Charlie.
Depois que eu fiquei horas com a Lucy, Linus decidiu chegar e estragar o clima. Depois disso nós achamos melhor eu ir embora. Se os pais da Lucy me viessem lá e descobrissem que ficamos sozinhos em casa, pensariam coisa errada — que nem o Linus pensou.
Idiota.
E como um amigo descente, eu decidi ir até a casa do Charlie pra atualizar ele sobre os avanços românticos que eu estava tendo com a minha... futura esposa.
Lucy...
A casa dele estava do mesmo jeito de sempre: Quieta, sem emoção, e, claro, sem os responsáveis legais — dizer "pais" era um termo muito forte para se referir ao senhor e senhora Brown, eles eram tão ausentes quando o Alexandre.
Cheguei, subi as escadas e entrei no quarto sem bater, não era meu costume entrar assim, mas eu estava inquieto demais para querer parar e esperar ele abrir a porta.
Quando abri, encontrei o Charlie jogado no sofá do quarto, com um saco de Doritos no colo e o controle da TV largado no chão.
— Caralho, até que enfim, mano — ele reclamou assim que me viu. — Achei que ia ter que acender uma vela e rezar pra você aparecer.
— Ah, para — falei, me jogando no sofá, ao lado dele. — Advinha.
Ele se virou pra mim com os olhos desconfiados.
— Você e a Lucy?
— Hm — murmurei, tentando parecer tranquilo. — É... Eu e a Lucy, nós...
— Espera aí... CARALHO, SCHROEDER, VOCÊ FINALMENTE BEIJOU A LUCY?!
Ele pulou do sofá.
— Eu juro por Deus, achei que vocês iam ficar naquele flerte intenso e frustrante até o fim do ensino médio, ou até a faculdade! Mas aconteceu! Finalmente!
— Você parece mais emocionado do que eu fiquei na hora.
— Eu tô! Mano, ISSO É UM MARCO HISTÓRICO!
Revirei os olhos, mas não consegui evitar um meio sorriso.
— Tá, calma — ele se jogou de volta no sofá. — Agora a pergunta de ouro: vocês se comeram?
— O quê? — Olhei pra ele, rindo de nervoso. — Caralho, Charlie, você é muito direto.
— Responde, porra!
— Não. A gente não transou.
Ele parou. A empolgação deu lugar a uma expressão de pura frustração.
— QUÊÊÊÊÊÊÊÊÊ?!
— Eu queria — falei, sincero. — Muito. Mas... sei lá. Na hora, a Lucy fez uma cara meio... assustada. Tipo, ela tava curtindo, mas ao mesmo tempo tinha um pingo de espanto ali, ou foi o que me pareceu. Então eu parei.
— E você falou o quê?
— Falei que não tinha proteção.
— Mas você TINHA! — Ele apontou pra mim com indignação. — Você sabe que eu sempre boto umas camisinhas no seu porta-luvas pra eu ter reserva! Você literalmente tem uma farmácia lá por minha causa! Você mentiu!
— Sim — falei, dando de ombros. — Menti. Foda-se.
— Mas por quê?!
— Porque a cara dela não era de quem tava segura. Era de quem tava no calor do momento, cheia de tesão e meio confusa. E eu não vou ser o cara que aproveita isso pra comer a garota que eu gosto, só porque eu posso. Ela vai menstruar essa semana, tá no período fértil. Se rolasse agora, ia ser só porque ela tava excitada pra caralho, e não porque ela tava pronta. E eu quero que, quando isso acontecer, seja porque ela quer mesmo. Sem dúvida. Sem medo. Sem impulso. Só... vontade e confiança.

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Peanuts 2006: Notas de Beethoven | Schrucy
FanfictionOito anos se passaram desde que Lucy Van Pelt deixou sua cidade natal para viver em Londres com sua família. Agora, aos 17 anos, ela está de volta, mas tudo está diferente: seus antigos amigos cresceram, amadureceram, e o colégio não é mais como ela...