⋆° . 𐙚LUCY VAN PELT . ˚☆
Eu nunca fui de chorar fácil.
Mas, quando Schroeder falou sobre casamento, eu senti como se algo dentro de mim simplesmente se desfizesse. Meu peito apertou, minha respiração ficou irregular, e antes mesmo que eu pudesse entender, lágrimas quentes começaram a rolar pelo meu rosto.
Eu tentei segurar. Deus, como eu tentei. Mas foi inútil.
Schroeder franziu o cenho, confuso, e em questão de segundos já estava me envolvendo nos braços. Ele não perguntou nada. Apenas me abraçou, apertado, como se soubesse exatamente o que eu precisava naquele momento.
— Schroeder... me desculpa — minha voz saiu fraca, meio engasgada.
Ele fez carinho nas minhas costas, num ritmo lento, reconfortante.
— Tá tudo bem — ele disse. — Chorar é normal.
— Não, não é por chorar.
Eu me afastei um pouco, suficiente para olhar para ele. Sua expressão era suave, atenta, mas eu sentia que ele ainda não entendia completamente. Respirei fundo, tentando organizar os pensamentos, mas parecia que minha mente estava uma bagunça.
— Eu tô pedindo desculpa porque... porque a gente tá num ciclo. E é tóxico se viver assim — minha voz quebrou.
Ele piscou, como se digerisse minhas palavras, e então assentiu.
— Você tem razão — ele disse, num tom baixo. — Você tem toda razão.
Eu engoli em seco.
— A gente tá invalidando o sentimento um do outro, o tempo todo — ele continuou, pensativo. — E, no final, nenhum de nós se sente ouvido de verdade.
— Eu não queria invalidar seus sentimentos — me apressei em dizer. — Eu só... eu só queria me sentir segura.
Ele não respondeu de imediato, então continuei.
— Eu tenho essa sensação de que talvez eu não esteja sendo um motivo de euforia pra você. Que talvez seja por isso que você não fala o que sente. Talvez você não sinta com intensidade o suficiente, e isso me assusta. Pensar que não me ama de verdade, que talvez seja apenas uma paixão simples ou algo assim. Tenho medo de que não sinta como eu sinto.
Ele franziu a testa, como se eu tivesse acabado de falar a coisa mais absurda do mundo.
— Lucy — ele disse, segurando meu rosto com delicadeza. — Eu sinto, e sinto muito. Só não sei demonstrar pra você.
Eu fechei os olhos por um instante, aproveitando o toque dele.
— Eu vou tentar... ser mais compreensiva — sussurrei.
Ele me observou por um momento e depois perguntou, hesitante:
— Isso quer dizer que a gente vai ficar bem?
— Sim — murmurei.
Ele soltou um suspiro que parecia conter um peso enorme e me abraçou de novo.
— Lucy, você tem noção de que a gente tem 17, 18 anos? — ele disse, com a voz abafada contra meu cabelo. — Como que a gente ia saber lidar com sentimentos desse jeito?
Minhas lágrimas voltaram com mais força.
Por que ele é tão compreensivo? Por que ele consegue enxergar tudo de um jeito tão claro, enquanto eu... eu só consigo me perder nos meus próprios sentimentos?
O aperto no meu peito ficou maior.
— Eu faço tão mal pra você — sussurrei.
Ele se afastou um pouco para me encarar.

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Peanuts 2006: Notas de Beethoven | Schrucy
FanfictionOito anos se passaram desde que Lucy Van Pelt deixou sua cidade natal para viver em Londres com sua família. Agora, aos 17 anos, ela está de volta, mas tudo está diferente: seus antigos amigos cresceram, amadureceram, e o colégio não é mais como ela...