.° × SCHROEDER SCHULZ × °.
A manhã de segunda-feira veio com uma leve ressaca emocional do dia anterior. Não que eu estivesse mal, pelo contrário, só que algumas coisas ainda estavam ressoando na minha cabeça.
Lucy sendo Lucy.
A tiara que era a cara dela.
Os olhos dela brilhando.
O abraço espontâneo.
Casamento...
Porra!
Passei a mão pelo cabelo, tentando não sorrir feito um idiota no meio do corredor da escola.
Eu estava andando pelos corredores ao lado do Charlie — que, como sempre, não calava a boca. Eu só queria ficar na minha pensando na garota pela qual eu sou apaixonado, mas eu tinha que aguentar o fardo de ter um amigo dramático e paranóico. Dessa vez, o alvo das suas reclamações era A Garota das Cartas.
— Amanhã vai fazer sete dias que ela não me responde. Sete dias porra! — Ele enfatizou, balançando os dedos na minha frente. — Você acha que ela morreu? Foi sequestrada? Ou pior… será que ela perdeu o interesse em mim?
Suspirei.
— Ou, sei lá, talvez ela só tenha uma vida.
— Mas sete dias, cara! Desde que isso começou eu nunca fiquei sem receber uma carta dela, e de repente, puff, na primeira carta que eu mando ela some.
Na semana passada, Charlie havia deixado uma carta na caixa de correio dele, então, assim que ela, A Garota das Cartas, abrisse a caixa pra deixar a carta dela, ela iria ver a dele. Foi a forma que Charlie encontrou para eles se comunicarem. Aparentemente deu meio certo.
Meio porque por um lado, ela havia pego a carta, e por outro, ela nunca mais voltou a mandar algo para ele.
Será que tinham muitos erros ortográficos? Não, duvido muito, ele é genial quando o assunto é texto dissertativo argumentativo, melhor que eu em escrever redações. Provavelmente, o único erro dele foi ter se soltado ao ponto de falar várias atrocidades...
— Será que eu tenho que mandar outra carta? Ou será que isso me faria parecer desesperado?
— Com certeza. Faria você parecer que mandaria todos os seus amigos checarem o batom, o perfume e a letra de cada garota de West High só pra descobrir quem ela é.
— Mas que porra, para de falar merda.
— Então para de me perguntar o óbvio.
Antes que ele pudesse insistir nesse drama, avistamos Franklin mechendo no armário dele e ajeitando os livros. Me aproximei e o cumprimentei normalmente:
— E aí?
Franklin fechou o armário e se virou para a gente. Ele parecia bem humorado hoje.
— Fala aí.
Charlie, por outro lado, já chegou no surto:
— Agora, Franklin, me diz uma coisa… você já ouviu falar de alguém que gastou 125 mil dólares num presente? Porque o Schroeder aqui gastou. Numa tiara. Do século retrasado. Pra Lucy. CENTO E VINTE E CINCO MIL!
Franklin ficou paralisado. Literalmente, o cara travou.
— Você tá zoando, né?
— Eu queria, mas é verdade. — ele falou me encarando com um olhar de quem estava julgando até a minha alma — 125 mil dólares... Eu tô passado! Você tá passado? Porque eu tô passado.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Peanuts 2006: Notas de Beethoven | Schrucy
FanfictionOito anos se passaram desde que Lucy Van Pelt deixou sua cidade natal para viver em Londres com sua família. Agora, aos 17 anos, ela está de volta, mas tudo está diferente: seus antigos amigos cresceram, amadureceram, e o colégio não é mais como ela...