⊹°.★ Capítulo 27: Ensaio the Thunders ★.°⊹

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⋆° . 𐙚Lucy Van Pelt . ˚☆

Finalmente era domingo.

Eu passei a semana inteira esperando. Desde quinta-feira, quando o Elliott me chamou para ir ao ensaio da banda, eu vinha contando os dias. Mas não era uma espera ansiosa. Pelo menos, não da forma óbvia.

Porque, no fundo, eu ainda estava relutante.

Eu queria muito, muito, muito aceitar o convite do Schroeder. O leilão beneficente com a família dele parecia algo tão... especial. Tão diferente de tudo o que já fizemos juntos - o que se resume apenas a uma sala de música e a encontros causais aleatórios. A ideia me empolgou mais do que deveria. Um passeio em família, com a família dele, como se eu já fizesse parte dela. Como se aquilo fosse natural, como se eu pertencesse ali.

E, droga, eu queria pertencer.

Mas, ao mesmo tempo... não dava.

Não só porque já tinha um compromisso com Elliott, mas porque seria fácil demais.

O Schroeder me chama e eu simplesmente vou? Desmarco tudo, corro para os braços dele e me entrego na primeira tentativa dele de me conquistar?

Não.

Esse negócio de priorizar ele, eu já fiz isso antes. Muitas vezes. Dessa vez, não seria assim.

Então, eu resisti. Mas não foi nada fácil.

Na sexta-feira, por exemplo, o Schroeder passou o dia inteiro me encarando. Era estranho, porque ele sempre me olhou com... impaciência, aquele típico ar de "você é tão... Lucille". Mas agora... era diferente. O olhar dele era fixo, intenso, como se estivesse me estudando.

E o mais importante? Ele veio falar comigo.

Schroeder nunca tomava a iniciativa. Ele nunca fazia esforço para estar perto de mim. Mas naquela sexta-feira, ele fez. Se aproximou no intervalo, sem se importar com quem estava em volta, me entregou uma caixinha - tinha uma pulseira dourada dentro - e me chamou para ir com ele até a sala de música.

- Vem comigo. - Ele disse, casual, mas a voz carregava algo a mais. - pra gente poder ficar junto.

Eu sabia que ele queria me mostrar algo. Talvez tocar para mim. Talvez, quem sabe, tocar aquela música.

E, por um segundo, eu quase disse sim.

Mas eu não disse.

Eu sorri de canto, ergui uma sobrancelha e balancei a cabeça.

- Não posso.

Ele franziu o cenho.

- Por quê?

Dei de ombros, fingindo indiferença.

- Porque eu estou passando o intervalo com a Sally - disse apontando para a loira ao meu lado. - não posso deixar ela sozinha pra ficar com você, docinho. Mas se quiser, pode se sentar com a gente.

Fiquei pensando se eu estava sendo cruel demais. Mas... quer saber? Ele nunca facilitou para mim.

Então, algumas pequenas crueldades de vez em quando eram justas.

Principalmente porque ele já me disse várias vezes que eu era irritante. Que ele tocava melhor quando eu não estava por perto.

E, ainda assim, não conseguiu tocar nenhuma música em oito anos.

Agora a fala da Mya fazia sentido.

"Ele só tocava uma melodia irritante."

"Se ele sabe, nunca tocou pra ninguém."

Peanuts 2006: Notas de Beethoven | SchrucyOnde histórias criam vida. Descubra agora