⋆° . 𐙚Lucy Van Pelt . ˚☆
Foram os dez segundos mais silenciosos da minha vida.
Nem mesmo o vento assobiava entre as árvores. Nenhum carro passou na rua. Nenhum inseto fez barulho.
Nada.
O silêncio era tão infernal que parecia pressionar meus ouvidos. Como se o próprio mundo tivesse parado para assistir ao que estava prestes a acontecer.
Então, Elliott quebrou o silêncio:
— Boa noite, Schulz.
A voz dele soou casual, quase divertida, mas era impossível ignorar a tensão no ambiente.
Schroeder continuou imóvel por um segundo antes de finalmente responder, a voz grave e carregada de irritação:
— O que ele tá fazendo aqui?
Elliott soltou uma risada baixa, como se estivesse se segurando para não rir mais alto.
— Não acredito.
Schroeder franziu o cenho.
— O quê?
— Nada... — Elliott balançou a cabeça com um meio sorriso. — Eu só não acredito que você realmente fez ela ficar magoada e agora tá bravo porque eu tentei consertar a merda que você fez.
O maxilar de Schroeder se contraiu.
— Eu não te pedi nada. Eu tô aqui justamente pra resolver isso. Você não tinha nada que se meter em assunto que não é seu.
Elliott arqueou a sobrancelha, como se achasse aquilo engraçado.
— Ah, claro. Porque você tá sempre fazendo um ótimo trabalho quando se trata dela, né? Se eu não tivesse me metido, ela teria passado o dia inteiro remoendo essa merda e se sentindo um lixo. Você não presta pra ela.
Schroeder soltou, seco:
— Vai se foder.
Eu fechei os olhos e pressionei os dedos contra as têmporas.
— Parem de latir vocês dois. — falei baixo, porém, impaciente.
Os dois se calaram imediatamente.
Abri os olhos e encarei Elliott primeiro. Acariciei seu ombro com carinho.
— Ei. Obrigada por hoje. Sério mesmo. Mas agora eu tenho que resolver isso com ele. Tá?
Ele deu de ombros, como se já esperasse essa resposta.
— Beleza.
Mas antes de se afastar, puxou minha cintura e me deu um beijo no rosto.
Meu corpo ficou tenso.
Mas o arrepio que percorreu por toda a minha extensão não foi pelo beijo.
Foi pela respiração pesada que Schroeder soltou naquele exato momento. Pelo grunhido baixo que escapou dos lábios dele.
Elliott percebeu. É claro que percebeu.
Ele se virou para Schroeder com um sorriso abusado nos lábios e disse:
— Não magoa a minha garota de novo, Schulz.
Schroeder fechou os olhos com força, como se estivesse tentando se segurar. Respirou fundo. Se virou de costas.
A respiração dele estava ainda mais pesada agora.
Eu permaneci imóvel, ouvindo o barulho do motor da moto se afastar.

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Peanuts 2006: Notas de Beethoven | Schrucy
FanfictionOito anos se passaram desde que Lucy Van Pelt deixou sua cidade natal para viver em Londres com sua família. Agora, aos 17 anos, ela está de volta, mas tudo está diferente: seus antigos amigos cresceram, amadureceram, e o colégio não é mais como ela...